segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ANO NOVO, VIDA NÓDOA


- Fazia o favor
- Queria um ano
- Aqui tem
- Esse não quero
- Porquê?
- É um ano usado
- E depois?
- Quero um ano novo
- Olhe que está a um bom preço
- Pudera, é pior do que o que está a acabar
- Como assim?
- Cheio de mentiras, de impostos e de miséria
- O que está a acabar também teve coisas boas
- Quais?
- Boas licenciaturas, boas promoções do alexandre, boas parcerias...
- Acha?
- E até teve um final feliz
- Feliz?
- Não acabou o mundo
- Pois, mas eu quero um ano novo
- Isso é caríssimo
- Tenho com que pagar
- Com o quê?
- Com o meu carro quase novo
- Não vale a gasolina que gasta
- Tenho um apartamento semi novo
- Cheio de penhoras? Nem pensar
- E o que me diz a este ouro novo?
- Isso interessa. Deixe ver
- Que tal?
- Não dá para um ano. Quanto muito posso vender-lhe 3 meses novos
- Não aceito
- Então, restam-lhe as mezinhas
- Desculpe?
- Encha a boca de passas e deseje com muita força
- Nunca resultou
- Então passe o ano com uma nota na mão e com um charuto na outra. Pode ser...
- E se não der em nada?
- Nesse caso, volte cá que eu reservo-lhe o ano usado. E até lhe faço uma atenção.

sábado, 29 de dezembro de 2012

ÂNUS NOVO


Não estava fácil mas lá se ia aguentando. Deixava a luta para os outros, que os cornos da vida eram duros. Viu gente pelo ar e gente pelo chão. Viu gente maltratada ao som de música gravada e de aplausos comprados. Viu a coragem derrotada, viu a dor e a humilhação. Viu o medo e o sacrifício em nome de glórias suspeitas. Mas manteve-se atrás, em tábuas. Preferia continuar a contar os anos que lhe passavam pela frente. Não estava fácil, nada fácil. Mesmo para um rabejador.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

DESCULPE INCOMODAR



senhora dona jonet,

Como vê, há muito que nos habituamos a viver com menos, muito menos. Antes mesmo da sua caridade nos ensinar, aprendemos com a vergonha, com a solidão e com a fome. Já nem de um guarda-chuva para todos precisamos, porque viver molhado é o menos. Viver é que é difícil. Mas temos que saber ocupar o nosso lugar, não é? Pobrezinhos para que, pessoas como a senhora, possam continuar a demonstrar a sua infinita bondade. Aproveitamos para lhe desejar um natal cheio de tudo com que sonhou. E não se preocupe connosco. Nós não temos sonhos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

PRESENTES SEM PRESENÇA (PSP)



- Que vais pedir ao pai natal?
- Um passeio novo
- Para quê?
- Para estacionar o carro. E tu?
- Vou pedir uma passadeira
- Uma passadeira?
- Claro. Eles rebaixaram-nas
- E depois?
- Estaciono sem ferir a suspensão
- E por que não pediste um risco continuo?
- Pedi o ano passado, mas estava esgotado
- É curioso, sucedeu-me o mesmo.
- Também pediste um risco contínuo?
- Não. Pedi uma segunda fila, mas já não havia
- E o que vai pedir zé da cadeira de rodas?
- Vai pedir uma varanda maior
- Uma varanda maior?
- Pois, já sabe que não pode andar na rua
- Olha lá e o quim polícia, o que é que pediu?
- Esse, pede sempre a mesma coisa
- O quê?
- Um fatinho de palhaço...

sábado, 22 de dezembro de 2012

PRESENTE DE NATAL



O menino estava à janela
Ansiando pela vinda
Que longa era a espera
E faltava tanto ainda

Sonhava aquele menino
Com o que ia receber
E o coração pequenino
Muito depressa a bater

Mas o tempo, esse fugiu
Sem que chegasse quem queria
O menino, triste, sentiu
Que o seu mundo arrefecia

E no pai quis encontrar
Conforto para tanto frio
Mas só viu no seu olhar
O gelo de um olhar vazio

O menino deu-lhe a mão
E ficaram de mão dada
Falaram com emoção
Sem terem de dizer nada

E este foi o final
De uma história breve e quente
Em que um pai sem natal
Teve o seu melhor presente

sábado, 15 de dezembro de 2012

JOIAS DA ARQUITRITURA


É banco para admirares
É obra simples e bela
Mas não é para te sentares
Senão o teu cú congela

Vemos por toda a parte
Arquitectos geniais
Mas em cujas obras de arte
As pessoas estão a mais

NOTÍCIA DO JN DE ONTEM


" DETIDO EM BOLIQUEIME COM QUATRO MIL DOSES DE DROGA "

- Eu devia ter desconfiado...
- Ó maria, estou-te a dizer que não fui eu!
- E desde o dia em que comeste aquele bolo rei...
- Ó maria, não fui eu!
- Sempre com o olhar baço, a não dizer coisa com coisa...
- Maria, não fui eu!
- E logo tinha de acontecer a seguir à mensagem de natal, tão linda...
- Ó maria, foi linda, não foi?
- Foi, mas não mudes de assunto
- Ó maria, não fui eu!
- Não te chegava a reforma, não é?
- Ó maria, não fui eu!
- Gostava era de saber quem te pôs a presidente
- Ó maria, não fui eu...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PONTO DE AMOR


Era uma vez um ponto apaixonado. Por uma virgula que andava um passo adiantado. E o ponto, coitado, corria como podia mas no fim de cada frase era travado. A vírgula, essa seguia e fingia que não o via, desolado. Um dia o ponto quase lhe tocou mas, no último instante, a linha mudou e a vírgula foi por diante. Caiu de amores redondo o pobre ponto, sentiu-se tonto, já nem ouvia se alguém dizia ponto. Então, a vírgula rendida voltou atrás para o abraçar. Num abraço para a vida. E foi assim que a história do ponto findou de um modo original; com ponto e vírgula em vez de ponto final

domingo, 9 de dezembro de 2012

O MUNDO EM TONS DE SIZA


Deus criou o mundo em seis dias. No primeiro dia fez a luz. No segundo fez o céu. No terceiro fez a terra, os mares, as árvores e as plantas. No quarto dia fez o sol, a lua e as estrelas. No quinto fez os pássaros e os peixes. No sexto dia fez os animais, o Adão e a Eva. Ao sétimo dia, Deus descansou. Quando acordou nem queria acreditar. Tudo tinha desaparecido e só restava um deserto de pedra. Apeteceu-lhe exclamar valha-me Deus, mas não achou apropriado. Limitou-se a pensar que nunca mais desvalorizaria a concorrência.

sábado, 8 de dezembro de 2012

GALGAS AO PAI NATAL


Caro Amigo,

Não me pretendo gabar, mas sou um homem sem pingo de egoísmo. Tenho um coração doce e penso muito nos outros. Mais ainda nesta altura em que tantos anseiam pela tua chegada. Por isso nada te peço para mim e assim mais sobrará para os meus semelhantes. Presenteia-os com generosidade, supera-lhes as expectativas, deslumbra-os. Eles merecem. E já agora, convido-te para fazeres as tuas compras na minha cadeia. De lojas. Vais ver que não te arrependerás. Tenho excelentes promoções, vales e descontos. Um mundo de vantagens à tua espera. Tenho preço para ti, perdão, apreço por ti, porque são amigos como tu que mais me enchem, digo, mais enchem o Natal de alegria.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

É UM PERDIDO, PAI NATAL...



S ó sei falar a verdade
O rgulho-me de ser assim
U m mundo de falsidade

M artiriza-me, não é para mim
E u sofro tanto pelo povo
N ão se mede a minha dor
T odavia, chamam-me bobo
I  nsultam-me do pior
R econhecerás pai natal
O meu sofrer escondido
S alvo se leres na vertical
O meu presente pedido

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CARITAS AO PAI NATAL


Pai natal foste tão querido
Nessa alegria de dar
Agora estás exaurido
Precisas de descansar

Trabalhar já te faz mal
Mas não sintas muita pena
Faço eu de pai natal
E o povo faz de rena

CACAS AO PAI NATAL


Querido papá natal:

Quero que me dês um nariz vermelho dos grandes e um par de sapatos número 75 novos, porque os que me deste o ano passado já estão gastos.

KAKAS AO PAI NENTALE


Kerido pai nentale,

Kero 4X3X3 kaixas de xiclas, das ke çe komem kaboka à berta i um garrafon de àgua OK çigenada pó kabelo.

CACAS AO PAI NATAL


Estimado pai natal,

Sou, como sabes, um grande FDP, isto é, um grande Fã De Prendas. Os tempos que correm, todavia, não aconselham a gastar mas a poupar. Por isso, apenas te peço um mealheiro para aferrolhar todos os meneses, perdão, todos os meses e assim tornar-me um aforrador com puta, quero dizer, com pinta. Lá está a FDP da caneta a derrapar outra vez...

CACAS AO PAI NATAL


Querido pai natal:

Gosto de jogos que é coisa que me consola. Por isso quero uma PSP. Não, não é uma play station, é um corpo de intervenção, armado até aos dentes, com arruaceiros incorporados, para tornar os jogos mais divertidos. Quero também muito equipamento de captação de imagens para mais tarde recordar, sem ter de as pedir emprestadas a ninguém.

CACAS AO PAI NATAL


Paizinho natal:

Saíste-me uma rica prenda. O ano passado pedi-te uma bandeira, deste-me uma ao contrário. Pedi-te uma boa anedota, mandaste-me uma foto minha. Pedi-te as pastilhas para acelerar com a maria, deste-me daquelas que atrasam as ideias. Assim não pode ser, de maneira que escuta bem; este ano quero de me dês uma traineira e um tractor para me dedicar à pesca e à agricultura. Fazem muita falta e o país não tem, desde que começaste a dar prendas em dinheiro. E aviso-te já: se este ano não me deres o que te peço, juro que te tiro de meu amigo do Facebook e nunca mais acredito em ti.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PAPAI O NOEU


Oi pessoau, comé qui é? Tudo legau? Eu adoro çeis, aí de portugau. E adoro o portugueiz, a língua dji cabrau qui iscreveu êssi livro lindo qui cháma di ... agora num lembro o nomi, mas era grossão, com muita letra e sem figura. Ainda pôr cima o grandji cabrau fez a vossa na nôssa história, porqui tava acabando o livro quando a bárca onde navegava afundô. Cabrau não sabia nadá, nem dji bruços nem dji coisa ninhuma e se agarrou ao livro para si sauvá. À sortje é que o livro tinha muita palavra fêchada, a água não entrou e cabrau si sauvô. Quando chigou à terra vinha com o colanzinho môlhado e pêgadjinho no côrpo. Cômo o cara só tinha um olho, os indígina ficaro meio disconfiados, porque lá diz o velho deitado " em terra de secos, quem tem um olho é gay ". E foi assim qui cabrau
discobriu à gentji. Mais chega de história porque çeis já devem tá perguntando quem sô eu. Pois eu sô o papai nóeu do brasiu que vai dá presentis para çeis. É qui a coisa aí tá preta e, estje natau, portugau, não vai tê papai noeu, não. E sabem o que eu vou dá? Muito emprego prá çeis aqui no brasiu; ná construção cibiu, nás xurrásqueira, nás casa de auterni, no taimi xéri e na venda dji inciclopédia grossa, que nem o livro do cabrau. Só não vai dá pá dentista e pá jogadô dji bôla, porqui continuamos à tê di sôbra, legau?

Fico esperando por çeis, povão irmão!

Pôxa, lembrei agorinha mêsmo do nome do livro do cabrau; se chama de acordo otógrafico, né?

domingo, 25 de novembro de 2012

O SENHOR PERSISTENTE



- Vamos fazer o teste do balão
- Ó zêguarda, o désde do balão bra guê?
- O senhor apresenta sinais de embriaguês
- Embria guem?
- Quero dizer que o senhor está bêbado
- Ó zêguarda, adé figo ofendido
- O senhor já viu como é que está a falar?
- Eu num esdou a valar, esdou a refledir
- Ó homem, você não diz coisa com coisa
- E debois?
- E depois, está  bêbado
- Ó zêguarda, o zêr agabou de galuniar o nozo bresidende
- O nosso presidente? Porquê?
- Borgue ele esdá dal e gual gomo eu
- Como?
- Dambém esdá a refledir e dambém num diz goisa gom goisa
- Ó homem, você está a confundir tudo
- Dal como ele
- Você tem a mania que tem piada
- Dambém ele
- Escute, você já não convence ninguém
- Nem ele
- Sabe que mais, desapareça que já estou farto de o aturar!
- Ó zer guarda bedia-le zó um vavor
- Qual é?
- Diga-le izo a ele...

sábado, 24 de novembro de 2012

SENTI O HUMOR


- E sabes aquela do gajo que foi fazer a rodagem ó carro?
- SEI!
- E a do gajo que andava a pedir para o deixarem trabalhar?
- SEI!
- E a do gajo que tinha amigos ladrões disfarçados de banqueiros?
- SEI!
- E sabes a do gajo que não gostava de pescas nem de agricultura e agora diz que fazem muita falta?
- TAMBÉM SEI!
- Mas não sabes a do gajo que andava sempre a queixar-se da reforma, pois não?
- SEI!
- Não me digas que também sabes a da bandeira içada ao contrário?
- SEI, PORRA!
- Ó maria, toda a gente me acha graça menos tu
- Pois eu, só te acho graça quando estás calado
- Porquê, maria?
- Porque o silêncio é de ouro!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A GOSTO


Gosto, não gosto
Às vezes gosto, mas não digo que gosto
Faço como muitos, aposto
E finjo que não gosto

O gosto não paga imposto
Mas deixa-me exposto
Maldisposto
E eu não gosto

Gosto do gosto 
Mas de um gosto composto
Que não pareça um gosto 
Mas sim o oposto

Que não se veja no rosto
A contragosto

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

NOTÍCIA DO JN



" Mais de metade das empresas portuguesas cotadas em Bolsa não cumpre as melhores práticas de organização, sobretudo porque mantém uma disparidade de salários entre administradores e colaboradores.
A Portugal Telecom é "o caso extremo", já que, no ano passado, "o salário do presidente executivo [Zeinal Bava] superava em 128 vezes o rendimento médio dos colaboradores do grupo.
A conclusão da análise aponta ainda a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, e a Sonae, que detém o Continente, como outras das empresas cuja disparidade de remunerações contribuiu para o 'chumbo' na avaliação.
No caso da Jerónimo Martins, os salários dos administradores representam 104 vezes os dos colaboradores, enquanto o rácio na Sonae é de 72 vezes. "

- O senhor concorda com a austeridade?
- Por zeinal, sim
- E o senhor, concorda com a austeridade?
- Só ares de austeridade fazem milagres. Santos não...
- E o senhor, como se chama?
- Vedo
- Desculpe?
- Vedo
- Como disse?
- ...Asse! Vedo
- E também concorda com a auster...
- Claro! A austeridade deixa-me todo continente, digo, todo contente...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MODERNICES


Bendita cerveja que bem lhe sabia
Maldita cerveja que lesta descia
Bendita cerveja que era tão amiga
Maldita cerveja que apertava a bexiga
E assim apertado lá foi a correr
Porque aquilo que é bom também faz sofrer
Entrou no elevador que lentamente falou
" A porta está a fechar "
E ele, enrascado, a aguentar
No fim parou e de novo falou
" A porta está a abrir "
E ele ansioso por sair
Mas em vez de abrir não abriu
E o pobre coitado, desesperado
Achou que o elevador mentiu
Deu murros e gritos
Carregou nos botões
Gestos aflitos
Só consumições
E a cerveja a pesar
E a bexiga a inchar
Preso num elevador
Que o queria aldrabar
Lá se abriu a porta pelo lado de fora
Correu acelerado sem mais demora
Entrou desvairado na casa de banho
Com uma bexiga de todo o tamanho
Para largar, enfim, a pesada cruz
Mas deu-se um repente e apagou-se a luz
Abanou a cabeça para fazer movimento
Mas a luz não veio nem por um momento
Levantou um braço, manteve-se o breu
Levantou o outro, nada aconteceu
Acenou com as mãos e a luz apareceu
Baixou os braços e voltou o escuro
Jamais se vira em tal apuro
E não lhe restou outra solução
Que essa moderna posição
De aliviar a dor
Dizendo adeus ao sensor
Pensou no culpado
De tal resultado
Era o azar agarrado à pele
Foi então que da sanita
Veio uma perguntou aflita:
- Podia dizer-me onde está o papel?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

MUITO MAIS DE QUARENTA...


Estava farto da história. Não queria ser lenhador, nem queria calos nas mãos. Embirrava com os " abre-te e fecha-te sésamo ", ultrapassados pelo start e pelo shutdown. Detestava que os ladrões morressem no fim, perdendo preciosos tesouros. E que fossem premiados os que viviam do seu trabalho. Queria ser ladrão, mas não um ladrão qualquer. Queria ser inatacável, inabalável, intocável. Puxou pela inteligência mas, mesmo puxada, a inteligência não esticou. A conselho de amigos suspeitos, consultou uma bruxa da germânia. A bruxa ouviu-o e no fim perguntou:
- Se bem percebi, queres roubar os outros e não pagares por isso?
- Sim, quero...
- E queres ficar rico à custa deles?
- Sim, sim, quero...
- E se eles se revoltarem, queres castigá-los?
- Claro que quero...
- Então, só precisas de mudar uma coisa, apenas uma coisa
- O quê?
- A Lei, Babá.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PESO DELE


Os ânimos subiam de exaltação. Atiravam-se palavras como pedras. Lançavam-se olhares de fera. Disparavam-se ameaças. As movimentações eram cada vez mais perigosas. De repente tudo se precipitou e deu-se a carga. Em menos de nada a polícia de choque entrou na Assembleia e varreu os vândalos que, há muito, por lá andavam a violentar a democracia. O povo cá fora aplaudiu em delírio, enquanto entoava cânticos de Abril. 
Acordou de um salto empapado em suor. Não voltaria a experimentar produtos colombianos antes de deitar.

domingo, 11 de novembro de 2012

BANCO ALIMENTIR


Era um gestor de sucesso mas, um dia, a economia provocou-lhe um abcesso. E antes que, de gestor de sucesso passasse a gestor recesso, deitou as contas à vida com solução à medida. E se melhor o pensou mais depressa executou. Foi à grande superfície e fez a grande malandrice. Ofereceu um saco cheio ao bom banco alimentar. Cheio com os empregados de quem se queria livrar.

sábado, 10 de novembro de 2012

POBREZINHO MAS HONRADO


Não precisamos que o banco alimentar venha dizer que temos de ficar mais pobres. O banco português de negócios já tratou disso.

Dizem que as greves gerais empobrecem. Obrigado d. jonet pelo seu grande apelo à próxima greve geral.

O banco alimentar está a dar boas taxas para depósitos a prazo? Perguntou fernando ulrich à d. jonet.

Gostava muito dos pobrezinhos. Pudera, sem eles como poderia ser rico?

Concordava inteiramente que andávamos a viver acima das possibilidades e que teríamos de empobrecer. Nesse dia decidiu baixar os salários de todos os empregados.

O rico tomou a palavra e disse que era preciso empobrecer. Recebeu uma grande ovação.
O pobre tomou a palavra e disse que queria deixar de ser pobre. Recebeu uma sopa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CONTO PARA VOZ



Era uma vez uma casca de noz sem noz. Alguém lha tirou e não a repôs. Mas a casca de noz tinha voz. E lutou pela sua noz. E outras cascas sem noz juntaram a sua à sua voz. E quando chegou o algoz para lhes calar a voz, as cascas resistiram porque não estavam sós. E lutaram por noz e por vós. A uma só voz.

sábado, 3 de novembro de 2012

AMOR DE CONTO


Era uma vez um conto com muito para contar, mas por mais que se esforçasse não sabia começar. Só via folhas em branco que o afundavam num pranto e na dor em que vivia. Gritava mudo ao mundo mas o mundo não ouvia. E já se enredava o conto na sua triste desdita quando, como por encanto, lhe surgiu a bela escrita. Por ela se enamorou e nos braços a tomou. E desse amor tão intenso nasceu um mar imenso. De palavras. E o conto nunca mais soube parar. De amar a bela escrita e de contar.

A METER ÁGUA



Era uma vez um peixe que gostava de contar escamas. Tanto contava que adormecia. E acordava, recontava e logo dormia. Um dia acordou e verificou que não as via. Para onde tinham fugido as sacanas? Foi então que percebeu a volta que a vida deu e viu-se numa caldeirada. Nunca mais contou escamas e nunca mais contou nada.
Ao contrário do que se diz nem sempre o que se conta tem um final feliz.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

É SÓ FESTIVAL


Senhoras e senhores, bem vindos ao tristegésimo festival da canção, o maior certame do panorama artístico nacional. Passamos à apresentação das canções concorrentes, num gentil patrocínio de cintos centrão, os que apertam até à exaustão.


CANÇÃO Nº. 1

Título - E depois do adeus
Letra - josé sócrates
Música - jorge coelho
Orquestração e direcção de orquestra - josé godinho
Intérprete - armando vara


CANÇÃO Nº. 2

Título - Esta brelaitada que te dou
Letra - vitor gaspar
Música - pedro coelho
Orquestração e direcção de orquestra - angela merkel
Intérprete - vitor, gama


CANÇÃO Nº. 3

Título - Sobe sobe, ladrão sobe
Letra (de câmbio) - oliveira e costa
Música (morna) - dias loureiro
Orquestração da bolsa e direcção na reforma - jardim gonçalves
Intérprete - conjunto " Opa no Zé"


CANÇÃO Nº. 4

Título - Mais pareço um bacalhau, maria
Letra - da maria
Música - da maria
Orquestração e direcção de orquestra - da maria
Intérprete - Duo ele e ela


CANÇÃO Nº. 5

Título - Pay back
Letra - e juros a fartar
Música - PIMBA!
Orquestração e direcção de orquestra - durão barroso
Intérprete - josé povo


CANÇÃO Nº. 6

Título - Não vás ao mar toino
Letra - morta
Música - em dó menor
Orquestração e direcção de orquestra - VT Kano
Intérprete - zé policarpo


CANÇÃO Nº. 7

Título - Podes ficar com o carro
Letra - muita
Música - pauliteiros de felgueiras
Orquestração e direcção de orquestra - josé, o seguro
Intérprete - xico chassis


CANÇÃO Nº. 8

Título - vou partir por aquela estrada
Letra - vais ver se é letra
Música - de trás da orelha
Orquestração e direcção de orquestra - com pinta
Intérprete - FDP (Filho da Pauta)


CANÇÃO Nº. 9

Título - Tourada
Letra - nataxa unika
Música - ursula mento
Orquestração e direcção de orquestra - all manha
Intérprete - herr ésse


CANÇÃO Nº. 10

Título - Só nós dois é que sabemos
Letra - cândida monteiro
Música - pinto monteiro
Orquestração e direcção de orquestra - los lobis
Intérprete - coro opção

domingo, 21 de outubro de 2012

CU COFONIAS


Só fazia maldades pelas costas. Estava culigado

Sentia-se apertado, pressionado, empurrado. Era cuação

Gostava de tudo com alho. Até lhe aparecer o cu alho

Passava a vida de rabo para o ar. Era um cu rompido

Pavoneava-se como se fosse uma virgem donzela. Não passava de uma concupina

Quando viu um homem deitado na sua cama, caiu de cu

Um gay careca? É um cualvo

Gostava de estar com os amigos mas aquele era especial. Estava cu berto

Dizia que se dava com todos, que estava sempre bem disposto, que era consensual. Há quem diga que era mais cu sensual 

Mais vale um cu na mão que dois a defecar

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ACELARA, TOINO


Pois é meus amigos, isto da memória não pára de trazer lembranças à ideia. Ainda há bocado fui à garage buscar batatas e lembrei-me do joaninha. Aquilo sim, é que era um carro espaçoso. Cabia lá tudo. Eu mais o meu toino à frente e o nero atrás. Do lado de fora. Ia agarrado à matrícula e de longe até parecia um pneu sobresselente. Fizemos a rodage quando fomos a peidezelo assistir às eleições prá associação recreatiba "Os unidos à pipa ". Por acaso num correu lá munto bem. Logo no começo apanhamos uma camineta da carreira pela frente. O toino a querer puxar pela máquina e a camineta a 25 à hora e a botar fumo por quantas tinha. Nas subidas reduzia para 15 e botaba ainda mais fumo. O toino meteu um cartucho do antonio mafra para desanubiar mas, ás tantas, botou a cabeça de fora e começou a falar pá mãe do motorista. Debe-le ter dado o sono e foi a mãe pó bolante, num sei. Estaba o toino ca cabeça de fora e de repente beio um túnel. Sei dizer cu toino entrou lourinho e saiu preto. Eu ainda le disse cu fazia mais nobo mas ele num me oubiu e pôs-se a dar cabeçadas no belante. Concerteza que foi para acumpanhar o ritmo do antónio mafra. Eu até botei o rádio mais alto pá ajudar. Ao fim de munto tempo o toino lá arranjou uma nesga e passou a camineta. A seguir deu-se-le uma aflição bexigueira e tibemos de parar para ele alibiar águas. Alibiado ficou, mas a  camineta boltou a passar à frente. O toino colou-se à camineta e botou uma mão de fora cum dedo esticado. Só depois é que percebi. Estaba a ber para que lado sopraba o bento antes de ultrapassar. Mal conseguiu deu um berro dos grandes e pôs-se a arrancar os pêlos do bigode. Num sei se foi comichão se foi de ber outra camineta à nossa frente. Desta bez era de mercadorias. O toino num conseguiu passar e foi o resto do caminho a falar de carbalhos. Por acaso ele sempre apreciou munto a natureza. Quando chegámos, já a botação tinha acabado. Os amigos do toino pregaram-lhe a partida e botaram todos nele. Resultado, o toino foi para presidente e até tebe de fazer um discurso de improbiso. Por acaso estebe bem porque boltou ao tema dos carbalhos e toda a gente acumpanhou. No fim  ainda arrotou com as despesas dos comes e bebes sem ter potiscado néstes. À binda correu milhor mas quando chigamos a casa demos fé que nos tinhamos esquecido do estepor do nero. Tibemos de boltar para trás e pumba, apanhámos outra bez as caminetas.
O meu toino ficou presidente muntos e muntos anos. Fartou-se de fazer asneiras para ber se o botabam fora, mas nem assim. Ele há coisas que a gente num percebe nem que as ponham de pernas pró ar, num é ?

Agora ide para dentro ber as notícas, que enquanto eu estibe a falar já debemos ter ficado todos mais pobres.

Recebei beijos sem impostos desta bossa Olímpia.

domingo, 14 de outubro de 2012

VAIS DE CARRINHO


- Aperta mais
- O gajo está a queixar-se, chefe
- Que se lixe, aperta
- O gajo diz que já não pode mais, chefe
- Pode, pode, aperta
- O gajo está a ficar vermelho, chefe
- Deixa lá, aperta
- O gajo pôs a língua de fora, chefe
- Mas afinal onde puseste o cinto?
- No pescoço do gajo, chefe
- És mesmo estúpido
- Então, chefe?
- Eu disse-te para o pores na cintura
- Troikei tudo, chefe
- Agora FMI
- Como, chefe?
- Foge Muito, Imbecil
- Mas fujo como chefe?
- Pede o carro ó assis...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ARRE NIÃO!



- Marca para as 3
- Qual é o assunto, chefe?
- O sexo dos anjos
- Esse foi o da de ontem, chefe
- Pois, mas não ficou esclarecido
- Muito bem, chefe
- E marca outra para amanhã, às 9
- Qual é o assunto, chefe?
- A falta de concorrência nas vendas de areia no deserto
- Bem visto, chefe
- E marca outra para amanhã, às 4
- Qual é o assunto, chefe?
- A importância das dobragens nos filmes porno
- Qual é a importância, chefe?
- Sem dobragens achas que alguém percebe?
- Desculpe que não estava a perceber, chefe
- E marca outra para amanhã, às 6
- Qual é o assunto, chefe?
- A vida e obra do Sr. Dr. Passos Coelho
- Ele também entra em filmes porno?
- Cala-te e marca
- Ó chefe, está aqui um senhor ao telefone
- Que quer ele?
- Quer falar-lhe com urgência
- Tenho a agenda cheia
- Ele está a insisitir, chefe
- Se ele quiser, marca uma para depois de amanhã
- De manhã ou de tarde, chefe?
- De tarde que de manhã temos a das 10
- O homem está a dizer que já não é preciso, chefe
- Porquê?
- Diz que a sua casa já ardeu, chefe
- Nesse caso, desmarca...

domingo, 7 de outubro de 2012

OCAVAC



airam Ó -
- Que foi, níbal?
ohnet euq o ies oãN -
- Será fígado?
oãN -
- Então?
atsoc É -
- Do castelo?
aramâC ad ,oâN -
- Porquê?
oirártnoc oa odut em-iaS -
- E que tem, níbal?
ebecrep méuginN -
- Ó filho, foste sempre assim
ut sátes ál ,airam Ó -
- E até tem uma vantagem
?é lauQ -
- Agora é que as vacas se vão rir...

sábado, 6 de outubro de 2012

ROUBEM-NO


- Ó maria, achas que estou bem?
- Ó níbal, estás um mimo
- E se eles descobrem?
- Com esse disfarce ninguém te topa
- Não te esqueças que me fartei de lhes assapar
- Quando foste Xerife de Nottingham. Já não és
- Mas fui durante muito tempo
- Mais uma razão para agora seres amigo deles
- Ó maria, mas eu só tenho jeito para os roubar
- Ó níbal, para isso é que serve o disfarce
- Mas eu tenho-lhes medo
- Não te aflijas, que reforcei a segurança
- Ó maria, eles olham-me duma forma esquisita
- Ó níbal, vai treinar com o arco para relaxares
- Está bem
- Ó maria, tive um problema
- Ó níbal, que foi agora
- Com o nervoso meti a seta no arco ao contrário
- E então?
- Espetei-a no cú
- Ó níbal, por este andar ainda hás-de ser causa do orgulho gay...

RE......PUTA.......ÇÃO



- Ó........... mor,..........é..........um........ordenado........fora........a........pensão
- Isso é caríssimo. Espero que valhas a pena
- Ó mor.................podes..................começar
- Ai, Ui, Ai, Ui, Ai, Ui. Olha lá, tu não falas?
- Está......bem......Ai.....Ui.....Ai.....Ui.....Ai.....Ui.....Assim.......está..........bem?
- Mais ou menos. Diz-me coisas bonitas                    
- Tu..........és..........o...........melhor..........do.............mundo...........Quero....... que.........me............. dês ..........tudo...........o............que.........tens...........
- Zzzzzzzzzzzz
- Olha.............ador.......meceu...........Ainda.................bem.................Fico-lhe............com............o...........ordenado........e..........ainda..........lhe..........levo..........a...carteira

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ORBUTUO ED 5


- Ó maria, subiu ao contrário
- Ó níbal, és sempre a mesma tristeza
- Ó maria, então porquê?
- Ó níbal, agora que finalmente subiu, tinha de subir ao contrário
- Ó maria, que culpa tenho eu que tenha subido de pernas pó ar
- Ó níbal, ai isso agora tem pernas?
- Ó maria, estou a falar da bandeira
- Ó níbal, qual bandeira?
- Ó maria, a de Portugal
- Ó níbal, então deixa estar que está bem
- Ó maria, então porquê?
- Ó níbal, porque está a condizer com o país.

VIVA A REPÚBLICA!


Comer bem era atributo
Desta alma lusitana
Nada faltava ao conduto
Do bacalhau à chanfana

O povo não estava morto
Fez das tripas coração
Fê-las à moda do Porto
Foi exemplo para a nação

A boa sardinha assada
Pingava em broa de milho
Sempre bem acompanhada
Por um bom tinto ao quartilho

Abençoado o cozido
Mais a gostosa vitela
E o sarrabulho querido
Que a vida faziam bela

Eu jamais esquecerei
Tal devoção pelo prato
A República tinha rei
Sua excelência, o palato

Mas eis que tudo mudou
Com esse hamburguer maldito
Enganado, o povo inchou
Ficou gordo e aflito

E veio a vil tirania
Dietas de dedo em riste
O povo já não comia
Chorava e andava triste

A República emagreceu
Cruelmente sufocada
Pelas mãos de quem lhe deu
Uma mão cheia de nada

E por aí se pavoneiam
Uns doutores de pacotilha
Colhem o que não semeiam
São ladrões de mascarilha

E comem alarvemente
Sem limite, sem medida
Cortam-nos a esperança rente
Comem-nos a própria vida

Mas no ar anda a mudança
Sopram os ventos da luta
Vamos esvaziar a pança
A esses filhos da puta

E vamos nós alimentar
A República com alegria
E voltar a libertar
A plena democracia

VIVA A REPÚBLICA!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

AI, O ESTEPOR DAS SAUDADES...


- Ó filha, hoje sinto-me moídinha de saudades. De quem? Do meu toino, de quem habia de ser? Tu tamém? Lá está, num habia quem num gostasse do toino, num é? Só talbez o meu nero. Se calhar num apreciaba as festas cu toino le fazia no focinho. Há quem le chame cerbejas, num sei. Olha, milher, parece que estou a ber o toino no dia em que o conheci. Não, arlete, num foi em santos pousada, foi no baile do são tantoninho do tilheiro. Eu fui mais a cassilda manca e topei-o logo. Estaba encostado ó balcão dos boberes. Debias ber a pinta dele a tirar uma catota e a coçar a birilha ó mesmo tempo. Categoria. Como quem num quer a coisa, chiguei-me e perguntei-le o nome. Ele respondeu-me à 007:
- O meu nome é no, Toi...no.
Foi amor à primeira bista. Fixei o olhar nele e ele fixou o olhar na cassilda. Por causa da bergonha, tadito. Depois, para disfarçar, dançou a noite toda cu ela e até foram os dois embora de braço dado. Mal ela sabia que ele foi botá-la a casa para bir a correr ter comigo. Por acaso acelerou tanto que até se le rebentou o piston. Da meterizada. Por isso num pôde vir. No dia seguinte, o estepor da cassilda pôs-se a dizer que ele até a tinha feito chiar. Debe ter feito debe, a desenroscar-le a perna postiça que ela tem. Quando me biu cu toino, ficou tão rancorosa que até le rogou uma praga. Secede ca seguir o meu toino lembrou-se de ir correr a meia maratona da afurada. Por acaso a última bez que ele tinha corrido tinha sido atrás dum eléctrico, quando eles passabo na batalha. O toino partiu logo em primeiro mas ó fim de 50 metros esticou-se-le o nerbo ciático e nunca mais saiu do sítio. Há quem diga que foi dele ter corrido cus sapatinhos bicudos. Sim filha, os branquinhos mas, ninguém me tira da cabeça que foi a praga da cassilda. Resultado: o toino ficou de cama quinze diinhas sem se poder mixer. Mas olha que, mesmo parado, aquele home era de gabarito. Bê lá tu que começou a orinar deitado. Punha-se de barriguinha pó ar e fazia mira pó pote que estaba no chão. Parecia o menino que botaste no teu jardim a mijar pó lago, só que em esguicho bertical. Ao princípio ainda me molhou um bocadito o tigre do tapete mas cu treino passou a acertar em cheio. Aquilo era tão difícil, que ninguém me tira da ideia ca mija do meu toino merecia ter sido modalidade olímpica.

Agora, filha, bai par dentro que está quase a começar o senhor doutor das finanças. É o melhor que tibemos até hoje para susbtituir a medicação para dormir.

sábado, 29 de setembro de 2012

ESPELHO MEU


Tenho uma mente conspurcada e não foi por me ter atirado ao Tejo
Defendo com galhardia aqueles que quero enterrar
Movo-me de forma isenta, em função dos meus interesses e ódios pessoais
Sou a favor de ser contra, sou contra ser a favor, mas não sou contra o favor
Minto para inventar verdades e digo verdades que são mentira
Defendo o indefensável e ataco o inatacável
Adivinho cenários improváveis porque são os que desejo
Mudo constantemente de opinião porque tenho um intelecto superior
Chamo sensatos aos que deixam que lhes metam as mãos nos bolsos
Só durmo quatro horas por noite. É o bastante para repôr os níveis de veneno
Gosto muito de ler. Sobretudo extractos bancários chorudos
Não tenho aspirações políticas. E não as terei nem que cristo desça à terra
E vejo piquenicões, mas não manifestações
Concluíndo, sou um grande vendedor de peixe que conseguiu transformar a televisão numa lota.

Espelho meu, sei que sabes quem sou eu
Mas esconde este segredo
É assim que saco o meu
A pregar tão triste credo

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

IDE P´RÓ XADREZ


. Naquele jogo de xadrez não se podia dar xeque ao rei. Estava inibido 

. Aprendeu depressa uma das mais perigosas jogadas no xadrez; nunca apanhar o sabonete

. O xadrez político é um jogo onde só se comem peões

. Zangado com o rei, o bispo começou a dizer verdades. Acusaram-no logo de não andar lá muito católico 

. Naquele tabuleiro mandava a rainha. Era xadrez alemão

. De um lado estava o rei com sua corte
  Do outro estavam só pobres peões
  Estalou uma guerra de tal sorte
  Que foi o rei mais a corte aos trambolhões  

terça-feira, 25 de setembro de 2012

NERRÔ, VIEN ICI!


- Alô, Arlete? C'est toi? Ici, c'est Olímpiá qui parle. Quoi? Tu ne pesque rien de que je dis? Je vais parler doucement, vá bien? Tu ne vas pas croyé ce que m'est sucedé. Je ne sais porquoi, mais je m'ai oublié completement de la langue portugaise e je parle uniquement le français. Je pense qu' a été un mosquite que m'a piqué dans le voyage, mais je ne tiens pas lá certesse. Quoi? Oui, j'allais à Espagne mais, en Benidor, j' ai apanhé une excursion en conte et j'allais à France, avec mon nerrô. Oú? À Bayonne qui est lá terre de la piadole; achéte meies bayonne qui vont de lá ponte de le pié à lá ponte de la mone. Tu connais? Quoi? Oui, j'ai amé bien la France mais c'est une terre avec un grand probleme. Il n´y a pas de locales por donner la mije, donc tu cherches, tu ne vois rien e tu restes à rasque. D' une foie est apparu un gendarme qui m'a apanhé avec les cueques dans les mains. Il m'a dit:
- Madame, vous ne pouvez pas pissé dans le fontanaire. Je tiens de vous multer.
Mon nerrô n'a pas aimé le visage de l'homme, a alçé la pate e lui a donné une mije sur la bote. Le gendarme a tiré le cassetête pour acerté le passô à nerrô. Je l'ai dit pour arretêr, mais il m'a repondu:
- Tais toi, vache!
- Vache vochê. J' avais cheguê por lui.
Mon nerrô s' est mis fourieux e lui a donné une grande trinque dans ses penduricalhes. Le gendarme a grité:
- Arralhô!
Je pense qu'il avait origénne portugaise, mais je ne sais pas bien. Aprés, le gendarme a assenté une trolité dans la tête de nerrô qui a commencé a dancer le can can. Je n'avais pas outre solution que donner un croque à rambô au gendarme, qui a commencé aussi a dancer le can can, avec mon nerrô. Ils on fait un pair si joli qu'au final les perssonnes on batté tante palmes, qu'ils tenaient de faire trois encores.
Mantenaint je te vais dire la meilleure parte; j'ai dans le frigo une bouteille de champagne et un pedaçe de foie-grá que j'ai afanné dans le retour, pour tirer la barrigue de miséres avec toi.
An moment Arlete, qui le nerrô est passé avec une chose dans la bouche.
- Ó estepor, se num me trazes aqui o foie-grá imediatamente, palavra de honra que te enfardo cu cassetete que afanei ò polícia. O senhor me perdoe.
- Olha, olha, afinal já me passou o efeito da França...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O MEU TOINO, SIM...



- Ó filha, num te acredites, qué tudo uma chuchadeira. O zé carcunda foi lá e nada. Quê? Não filha, fizeram-le o milagre, só que em bez de le desaparecer a carcunda desapareceu-le a carteira. Cheira-me que aquilo é gente que eles foro buscar às finanças e depois andam por aí a armados em salbadores. Milagres fazia o meu toino, esse sim. Uma ocasião iamos no carro a descer D. Pedro V e um senhor entrebadinho numa cadeira de rodas meteu-se a atrabessar a rua. Olha filha, o sinhor biu o toino, lebantou-se e começou logo a andar. E munto depressa. O toino até le deu uma grande cacetada na cadeirinha para ele perder o hábito. Lembro-me perfeitamente porque, depois deste milagre, o toino foi ó neca mecânico e até aprobeitou para dar uma bista de olhos ós trabões. Outro milagre a sério foi o que ele fez ó meu nero. Tinhamos cá a palmira peixeira e o home. O toino foi à dispensa buscar a pata de presunto para botar na mesa e só encontrou o ossinho. Nem perguntou mai nada. Foi direito ó meu nero, agarrou-o no entre patas e apertou cum tanta força que deu-se o milagre. O meu nero falou. Disse " Num fui eu ". Quê? Ó milher, tou-te a dizer que disse! Baixinho, mas disse. E por acaso até num foi. O toino é que se tinha esquecido que já tinha mamado a patinha num sábado à noite a ber a bola. Depois disso, o meu nero nunca mais boltou a falar. Ficou traumatizado. Segue-se que filha, pode haber quem faça milagres iguais, mas milhores cus do toino num conheço. Quem? Não filha, esse tirou o curso de doutor num aninho mas num fez milagre ninhum. É munto estudioso. E o quem? O da papelada dos submarinos? Não filha, isso num foi milagre, foi truque. Milagre a fazer-me lembrar os do toino foi o do senhor presidente. Quando? Quando beio um bendabal que le destapou o tilhado da marquise. As chapas biero por ali abaixo e apanharam uns amigos dele que andabo por perto. Quais amigos? O loureiro e o costa que trabalhabo no banco, lembras-te? O sinhor presidente, que estaba cum eles, num tebe um arranhão. Foi um milagre daqueles. Agora filha, bai ber o luís de matos. Num sabes quem é? É aquele rapaz da política. Quase tão bom como o senhor doutor passos.

Ai estais aí, meus amigos? Nem tinha dado fé. Esta arlete põe-se a cunbersar e nunca mais se cala. Tende paciência, falo cunbosco pá próxima que agora num posso. Bou fazer a mala que amanhã, eu mais o meu nero, bamos para benidor. Tamém temos direito a uns diitas de papo pó ar, num é?

Recebei beijos descansados desta bossa Olímpia.

COÇAMOS



Meus amigos,

Em face da deterioração das condições sociais e económicas do país, provocada pela desastrosa acção deste governo, venho comunicar-vos que apresentarei com sentido patriótico, uma moção de censura ao próximo orçamento de estado. Não podemos continuar a aceitar as mentiras de um governo que nos empobrece de dia para dia. Não tenhamos dúvidas que, por consequência das suas políticas, já quase não existe classe média em Portugal. Longe de ser leviana, esta afirmação sustenta-se no critério que distingue de forma insuspeita as classes sociais no nosso país; a forma de coçar os testículos, vulgo, tomates.
A classe alta nunca se preocupou com tal tarefa porque sempre teve quem lhos coçasse. Os mais desfavorecidos coçam-nos despreocupadamente por fora das calças, confiando, na maioria das vezes, o esforço ao indicador e ao polegar. Já a classe média sempre os coçou discretamente por dentro das calças, isto é, com as mãos nos bolsos. Ora meus amigos, o certo é que há muito não vemos ninguém coçar por dentro. Vemos quem passe a vida a coçá-los, quem os passe por cima de quase tudo e até quem só coçe para dentro, mas não é a mesma coisa. Por isso, meus amigos, é com firmeza que vos digo que temos de mudar de rumo, que temos de recuperar o país, que temos, enfim, de voltar a coçá-los por dentro. Como sabem, toda a minha vida os cocei por fora porque sempre estive ao lado do povo. Cheguei a coçá-los de punho erguido em muitas manifestações da classe operária. De uma vez, em que tinha as mãos ocupadas, fui até coçado por uma camarada, num gesto de solidariedade que muito apreciei. Os tentáculos da injustiça, porém, também a mim chegaram; não faltam os que me acusam de nunca ter coçado porque só coça quem tem. A esses quero apenas dirigir uma singela pergunta: se acaso não os tivesse, poderia andar agora a criticar precisamente o mesmo que o meu antecessor fez?
Camaradas, é hora de mostrar que os temos no sítio, é hora de pôr os dos outros de molho, enfim é hora de nos enchermos, aliás, de os enchermos.

CHEGOU A HORA DE COÇAR POR FORA
CHEGOU A HORA DE COÇAR POR FORA

HÁ SÓ UMA SOLUÇÃO, AUMENTAR A COMICHÃO
HÁ SÓ UMA SOLUÇÃO, AUMENTAR A COMICHÃO

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

NAÇÃO À TACADA


- E com todos os extras!
- Ai sim?
- Banheira de hidromassagem, vídeo porteiro a cores, som ambiente
- Maravilha!
- E lambe parquê e porta fichê e um rico WC
- Mas é longe
- Com esta auto estrada à porta?
- E carro?
- Ó meu amigo, eu tenho amigos no banco
- E eles emprestam para a viatura?
- E para a casa e para a mobília
- E o senhor consegue?
- Se consigo? Com jeitinho ainda vai de férias 
- Não me diga
- E quando quiser vender a casa é canja

- Quero que me venda a casa
- Está um bocadinho difícil
- Mas quando lha comprei você disse que era canja 
- Sabe que agora não faltam
- Esta não tem todos os extras?
- Mas é longe
- Então e a auto estrada?
- Tem portagens...
- Que andem pelas secundárias
- Não podem
- Porquê?
- A gasolina upa, upa...
- Então como vou pagar os empréstimos que você me arranjou?
- Arranje-se
- Já percebi. Vou queixar-me da sua imobiliária
- Faliu
- Então onde é que você trabalha?
- Agora não trabalho. Jogo golfe.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DICIONÁRIO DO OTÁRIO



AUSTERIDADE - carga de trabalhos inflingida por aqueles que provocaram o problema àqueles que eles julgam que terão de o resolver.

COMBATE AO DESEMPREGO - poupança concedida ao capital em taxas e em indemnizações por despedimento.

EMPENHAMENTO - esforço estoico desenvolvido pelos actuais políticos portugueses no sentido de orientarem o povo em direcção ao prego.

NA DEFESA INTRANSIGENTE DOS INTERESSES DA NAÇÃO - expressão muito querida dos actuais políticos. Deve ler-se Na defesa intransigente dos interesses da Facção.

O NOSSO POVO CONTINUA A DAR SINAIS DE GRANDE SENSATEZ - expressão política inspirada na tauromaquia, para significar que não há nada que chegue a um touro manso.

CONSULTOR GOVERNAMENTAL - homem que gosta de ver o povo em tronco nú. Passa a vida tirar-lhe a camisa.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A CORDA POVO!




- Estou no desemprego
- Que desassossego
- Afundaram-me como um prego
- E agora, vês-te grego?
- Vejo-me grego e tudo negro
- Tens de ganhar apêgo
- De cada vez que vou ao prego?
- No pão ou no prato?
- Quem dera! Como sola de sapato
- Isso é muito chato
- Exacto
- Mas mantém-te sensato
- E à familia, dou bicabornato?
- Não, que não é bom para o palato
- Por isso me sobra fato
- Olha que isto vai ficar novo
- Estou é a pôr-me velho
- Tens de ter paciência, zé povo
- Não dura sempre, coelho

domingo, 9 de setembro de 2012

COMUNICAÇÃO AOS PARES


Meus amigos,

Ontem anunciei as medidas de austeridade. Hoje anuncio-vos as outras. Antes de mais quero dizer-vos que podeis continuar como até aqui. A usar e a abusar dos offshores, do trabalho precário, dos recibos verdes, das alterações aos pdm´s, das cunhas, dos cursos rápidos, das prescrições e de outras vantagens que vos tenho proporcionado. Acabei de garantir o suporte financeiro para os próximos meses. Reconheço o muito que há ainda para fazer. Não esqueço que continuais a alimentar a aspiração, aliás, legítima de receberdes a justa indemnização por cada despedimento que promovais. Crede que é firme o propósito deste governo de alcançar tal desiderato. Peço, no entanto, a vossa compreensão, a vossa paciência e mais algum tempo, porque estamos a dar passos seguros nesse sentido. Passos seguros, por acaso não me soou bem. Estamos caminhar nesse sentido. Enquanto não, podeis continuar a seleccionar o que interessa que vos venha a ser privatizado e só tereis de mo comunicar que iniciarei de imediato o respectivo processo. Não posso, no entanto, deixar de vos alertar para o muito cuidado que deveremos ter com a nossa imagem. Dela depende o sucesso do nosso plano. Nunca vos esqueçais de compôr um semblante carregado e grave sempre que falardes de crise e de sacrifícios. Rir podeis, mas só depois de eles virarem costas. Aqui e ali poderemos até cometer uma ou outra, digamos, gafe. Mostrar revolta contra a austeridade antes de eleições não é erro, é fazer pela vida. Afirmar que não haverá mais austeridade e passados uns meses anunciar nova dose não é lapso, é característica de qualquer dos nossos. Não podemos, contudo, exagerar. Aquela de pormos a procuradora adjunta a dizer que isto não é um país corrupto foi demais e o povo defecou-se a rir. Tal facto não ajuda à credibilidade necessária para que eles, acreditando em nós, se mantenham na posição de rebanho sossegado que nos convém.
Meus amigos, só unidos conseguiremos que eles continuem a satisfazer os nossos justos interesses.
Vamos lá aviar o hino.