quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PLANO CU CU RRI CU LAR



- Ando a estudar columbófilia
- Porquê?
- Gosto de pombas
- Como?
- Eu olho para as pombas, as pombas olham para mim e estabelece-se uma química
- E depois?
- Da química passa-se para a física e vai daí temos a fisico-quimica
- E a seguir?
- Explora-se a geografia
- Com mapas?
- Não. Com trabalhos manuais
- E depois?
- Depois passa-se para as línguas
- Quais línguas?
- Todas. Por exemplo eu digo: - Cu curri cu cu e elas respondem: - És malandrote
- As pombas respondem?
- Claro. Sem dizer palavra as pombas falam e fazem falar
- Cá para mim isso é história
- Não, é introdução à filosofia
- E como é que as atrais?
- Então como é que havia de ser?
- Com milho?
- Não, com psicologia
- E elas caiem?
- É matemático.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MUITO MINA O MOINA



Não gosto de confusão
Sou amante do sossego
Procuro na profissão
Não trabalho mas emprego

De manhã não faço nada
À tarde vou descansar
Mais uma longa jornada
De quem nasceu para trabalhar

Mas se vem uma ordem cega
De pronto digo que sim
Passo o trabalho ao colega
Guardo os louros para mim

É com uma certa vaidade
Que digo como se faz
Mas se for responsabilidade
Meto logo marcha atrás

Amanhã fico a dormir
Tenho um motivo expedito
Não é caso para rir
O AVC do periquito

Dizem que sou calaceiro
Mas o que eu sou é poupado
Ganho na mesma o dinheiro
Com esforço moderado

Contribuam para o PIB
Mas cuidado com a artrose
Esse mal eu nunca tive
Só me incomoda a micose

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

EURO PANÇUDO


Pançudo diz doutoral
Dever-se fazer o Bem
Mas por trás dessa moral
Rouba sem olhar a quem

E assim foi para o altar
Dos belos euros roubados
Para se santificar
Por via dos desgraçados

Mas eis que cai uma moeda
E muitas outras a seguir
Pançudo pressente a queda
Só quer pernas para fugir

Mas a pança é mal pesado
No trambolhão o levou
Pançudo morre esmagado
Pelo tanto que roubou

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

IRRA QUE MIRRA!



Era alternadeira e chamava-se branca de neves. Branca por parte da mãe. Neves por parte do porteiro do estabelecimento onde a progenitora desenvolvera actividade similar. Orgulhava-se do que era. Não poucas vezes afirmava prestar um inestimável serviço à sociedade, contribuindo para combater a solidão de muitos dos seus elementos masculinos. A frase fora-lhe ensinada pelo elias, o seu manager e ela trazia-a na ponta da língua. Um dia, melhor, uma noite combateu a solidão de um cliente de poucas falas mas a parecer bem de finanças. O combate transferiu-se para a pensão do lado. Além de circunspecto o cliente era exigente. Queria tudo. Por fim adormeceu abrindo-lhe a oportunidade para a cena clássica. Foi-lhe à carteira mas não encontrou senão umas quantas moedas. Ficou com elas mais por revolta do que pelo valor. Antes de a devolver ao casaco não resistiu a saber-lhe o nome. Chamava-se gaspar. Triste ironia. Branca de neves que toda a vida procurara um príncipe encantado acabava de encontrar um rei mago. Mirrado.

HOJE



O cavaco e o coelho fizeram greve. Aos interesses do país
O eleitorado assim o quis
O relvas não fez greve. Fez grave
O vara continua em greve. À verdade
O lima foi apanhado pelo piquete
Apertou-se o torniquete
O costa e o rendeiro mandaram cocktails molotov contra a banca
Que já treme, que já manca
A assunção fez greve ao salário da Assembleia
Afinal a greve é uma rica ideia
O mexia fez greve à austeridade
Mas defende mais dificuldade
O povo fez greve pelo pão
Contra a troika, o mentiroso e o ladrão

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RATO! AO LARGO



Era uma vez uma rata chamada montanha e um rato chamado maomé. Todos os dias maomé ia à montanha. Mas nada. Aos poucos maomé deixou de ir à montanha remetendo-se a sonos retemperadores. Uma noite, saturada, foi a montanha a maomé. Alguns meses depois a montanha pariu um rato. Dizem que tantas fez o rato que acabou dentro de um caldeirão mas isso devem ser histórias da carochinha.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O MIAU COMEU...


EU sentia-se satisfeito. Especialmente quando se cruzava com ÉME. Tudo era sEU. Tudo era cÉU. Atingia uma espécie de EUforia, de apogEU. A palavra TUdo, porém, trazia-lhe à lembrança o maldito TU. O TU que queria TUdo. O TU TUrbulento, que lhe TUrvava a visão de irritação. O TU que dizia ser sEU aquilo que era sEU. Não tinha dúvidas que o sEU mundo era pequeno demais para um TU. O acaso, inevitável, colocou-os frente-a-frente. Só EU e TU. EU fincou-se nas suas convicções e o seu corpo endurecEU. TU olhou-o com desprezo e chamou-lhe camafEU. Eu corrEU num ápice o sEU rol de insultos e respondEU: - És um TorTUmelo. TU retorquiu que tinha TUmates esticando o acordo ortográfico para lá do limite do TUlerável. EU aproveitou a embalagem e chamou-lhe paTU. Ali continuaram com o dizes TU, digo EU, rematas TU, remato EU. - És um rato. Disse EU.  - Rato és TU. De repente veio o gato e comEU. Foi um ar que se lhes dEU. Tenho diTU.

domingo, 20 de novembro de 2011

ZOOLOCRACIA



- Saíste-me cá uma mula! Relinchou o cavalo à dita
- Só estás bem na podridão. Piou o falcão ao abutre
- Tu gostavas era de ter o meu olho. Atirou o lince ao rinoceronte
- Se voltas a rir levas com a bengala. Rugiu o tigre à hiena
- Ao menos não rastejo como tu. Defendeu-se o rato da cascavel
- Pareces uma rala! Gritou a catatua ao papagaio
- Só sabes meter para o saco. Atiraram ao canguru
- E o que é que acontece onde pões a pata? Perguntou a formiga para avivar a memória ao elefante
- Mereces a vida que tens. Bufou o gato
- Fia-te nas tuas 7 e depois queixa-te. Rosnou o cão
- Ó hipopotamo? Andas sempre a banhos. Censurou a lontra
- Tá calada que tu só sabes comer. Atacou a raposa
- Olha quem fala! Cacarejaram as galinhas
- Agora que lembram tenho a barriga a dar horas. Queixou-se o cuco
- Todos falam, ninguém mexe uma palha e eu é que pago? Revoltou-se a preguiça
- Acabem com as macacadas! Irritou-se o chimpanzé
De súbito uma voz potente ordenou: - Tudo calado que é hora de recolher. Fez-se silêncio. A seguir o guarda da assembleia da república fechou a porta pesada e, aliviado, foi ver um filme do tempo em que os animais não falavam.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SINAIS DOS TIPOS



- Isto está mudado
- Pois está
- Antigamente um gajo honesto era um gajo sério
- Depois passou a ser um toninho
- E antigamente um gajo desonesto era um vigarista
- A seguir passou a ser um gestor de sucesso
- E antigamente um gajo ganancioso era censurado
- Depois tornou-se um exemplo a seguir
- É curioso...
- O quê?
- Agora o gestor de sucesso diz que é honesto
- E o ganancioso diz que segue o exemplo do trabalho
- Queres ver que ser toninho está na moda?
- Ser toninho ou vigarista?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

COM SELO DE MINISTROS


- O que acham?
- Um imposto sobre o ar nas repartições públicas?
- Os gajos armavam-se em asmáticos e pediam isenções
- E um imposto sobre pisar a via pública?
- Vinham logo feitos mancos pedir subsídios
- E se aumentássemos outra vez os combustíveis?
- Eles já andam com os depósitos no casco
- Então um imposto sobre os depósitos no casco
- É melhor, mas não chega
- E uma taxa sobre o sexo conjugal?
- Incentivava o mercado paralelo
- E um imposto sobre cada utilização das sanitas?
- Os gajos estão-se a cagar
- Então onde vamos meter mais impostos?
- A luz já foi
- A água também
- Os tranportes upa, upa
- Então o que há-de ser agora?
- Portagens à porta das garagens
- Boa malha. Diz à Troika que connosco é antes cobrar que torcer

PURO BEBE-O PARA PULAR


Não deixes para amanhã o lixo das unhas que podes limpar hoje



Ao menino que é sabujo até o choro sai sujo



Gato escondido com o robalo de fora



Quem a merda anda a espalhar procura nela não escorregar



Galo pernalta parte a moca à malta



Ou sai ou racha...




A cabelo dado não se olha o pente

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O INTERESSE DA IMPORTÂNCIA




- Que estás a fazer?
- Uma coisa importante
- Não me parece que tenha interesse
- Mas é muito importante
- Porquê?
- Disseram-me que é
- Ontem disseram-te que não era
- Hoje passou a ser
- Mas achas que tem algum interesse?
- Claro que não
- Então?
- Não tem interesse mas é importante
- Não percebo
- Eu explico; devemos fazer o que é importante mesmo que não tenha interesse e nunca o que não tem importância ainda que tenha interesse.
- E se o interesse for superior à importância?
- Nenhum interesse é superior à importância
- Qual importância?
- A de fazer o que é importante
- Achas que assim sairemos da crise?
- Isso não interessa. O importante é vivermos bem com ela.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TINONI



O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local nada viram. Um velho de pala no olho explicou-lhes: - É um fogo que arde sem se ver.

O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local ficaram a olhar o céu deslumbrados. Era fogo de artifício.

O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local decorria uma rave organizada pela Maya. Não passava de uma fogueira de vaidades.

O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local viram um careca a correr desesperado com um órgão debaixo do braço. Tinha fogo no cú.

O custo da passagem era de tal forma lancinante que até a sirene silvou no tráfego intenso. O plano cansado estampava o ataque mental dos bombeiros. Baralhados chegaram ao local. Era fogo cruzado.

O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local só viram mulheres em biquini. Eram cá umas brasas!

O silvo lancinante da sirene abria a custo a passagem por entre o tráfego intenso. Os bombeiros com o cansaço estampado no rosto reviam mentalmente o plano de ataque. Chegados ao local, o fogo já se tinha posto.

domingo, 13 de novembro de 2011

MAL E DEPRESSA...



- Vai à merkl
- Cala-te que não passas de uma putin
- O que tu querias era a minha berlusconi
- Tu já não rompes meias solas
- Estás armado em zapatero?
- Eu para papar tenho de estar durão
- Pois então papandreou
- Vai assar castanhas que é S. Martinho
- Em vez de assar, kozy
- Estás bem cozida, estás
- E tu estás queimado
- Mas não me encoelho
A seguir subiram todos ao palanque para a foto do costume. Ao som de Barack Som Sistema.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

BAI NO VATALHA



- Saves o que é preciso?
- O quê?
- Travalho
- Travalho? Bai no Vatalha
- Então?
- Achas que alguém quer travalhar?
- Ora vem
- Antigamente um gajo tinha vrio
- É berdade, só apanhava a vorracheira depois do travalho
- Agora num travalha, só apanha a vorracheira
- E só vatia na milher se corresse mal no futevol
- Agora são as milheres que vate num gajo
- E nem precisa de haber futevol
- Lá no vairro é sempre a avrir
- Nem me lemvres
- Por falar em mulheres e que tal se abiassemos umas iscas?
- Voa vola. E pede mais 2 pó caminho.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

DESTINOS



- Onde foste?
- Fui ver se chove.
- Eu fui dar uma volta ao bilhar grande
- E ontem?
- Fui pentear macacos
- Eu fui chatear o Camões
- E amanhã?
- Vou àquela esquina ver se lá estás
- Curioso. Estive lá a semana passada
- A fazer o quê?
- A ver se lá estavas
- E estava?
- Claro que não. Só lá vais amanhã
- E já foste àquela parte?
- Muitas vezes
- Nunca te perdeste?
- Levo sempre o GPS
- Não estás farto?
- De ir àquela parte?
- De te mandarem ir
- Estou
- Eu também
- Passamos a vida ser mandados
- E mal pagos
- E se os mandássemos a eles?
- Para onde?
- Para o raio que os parta
- E a seguir pedíamos um empréstimo
- Para quê?
- Para mudar de vida
- Não penses nisso
- Porquê?
- Mandavam-nos ao tota...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

COM TRISTE DOR



- Ó mãe dá-mo
- Não dou
- Ó mãe dá-mo
- Levas uma espada e é bem bom
- Ó mãe deves estar a terçar comigo
- Não te armes em cavaleiro
- Ó mãe, se mo deres prometo que me porto bem
- Prometes? Já me estou a ver de corda ao pescoço
- Mas mãe eu quero-o
- Desiste. Ia ser uma grande borgonha
- Mãe, tu disseste que era para mim. Se é é.
- Se é é? Maior seria a borgonha
- Vou chatear-me contigo mãe
- Não te dou o condado e fim desta triste história
- Enganas-te mãe. Agora é que ela vai começar.

sábado, 5 de novembro de 2011

DEPOIS QUEIXEM-SE...



A saúde é alegria
E eu não sou ignorante
Bebo dez cafés por dia
Mas todos com adoçante

As gorduras são veneno
Que não ajudam à linha
Por isso ovo pequeno
Em cima da francesinha

Álcool com moderação
Eu respeito e não abuso
Se beber um garrafão
A seguir já não conduzo

Assim ando regalado
Sem pruridos ou tormentos
O colesterol controlado
Não passa dos quatrocentos

Sobra-me esta dor no peito
Que me deixa atordoado
Mas com um cigarro a preceito
Fico já mais relaxado

Há muitos inconscientes
A censurar-me amiúde
Mas esses morrem doentes
Enquanto eu vendo saúde

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

KAPA E TAL



- Sou um grande mágico
- Mágico?
- Sim, faço truques maravilhosos
- Por exemplo?
- Transformo um vigarista num político impoluto
- E mais?
- Quando deixa de estar impoluto transformo-o num gestor de sucesso
- E depois?
- Transformo os prejuízos que ele provoca em medidas inevitáveis
- Inevitáveis?
- Quer dizer, ponho todos a pagar os prejuízos
- Mais algum truque?
- Tiro coelhos da cartola
- Isso já está muito visto
- Não são dos que comem cenouras
- Então?
- São dos que comem tudo
- Percebo. Passos de mágica
- Também ando por entre os pingos da chuva sem me molhar
- Como?
- Tenho amigos
- Claro
- Posso fazer-te um truque, queres?
- Já fizeste
- Qual?
- Transformaste-me em desempregado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DEIXA-AS POUSAR






- De certeza ZZZZZ?
- Não duvides BZZZZZ
- Às vezes as tuas ideias...
- Que têm?
- São influenciadas pelos sítios onde pousas ZZZZZ
- A tua conversa já cheira mal BZZZZZ
- O besouro morreu de velho
- Por ti a ajuda ficava às moscas
- Tu confias em ajudas de desconhecidos ZZZZZ?
- Já ajudaram outras BZZZZZ
- As que lá estão não têm cara de terem sido ajudadas
- Continuam lá agarradas
- Ouvi dizer que estas ajudas agarram-te e nunca mais te largam
- Cá para mim estás é com a mosca ZZZZZ
- Vou mas é bater a asa BZZZZZ
- Não, vamos pousar à confiança
- De certeza ZZZZZ?
- Não duvides BZZZZZ
- TROIKA! TROIKA!
- zzzzz...  bzzzzz...