segunda-feira, 30 de julho de 2012

BENHA, BENHA, BENHA...


Sou arrumador mas atenção k num é por akaso. Tibe de arranhar muito para xegar aki. Começou logo na iskola kuando acertei o passo a um profe. Num keria k eu falasse ao telemóvel dentro da sala. Ker dizer, eu a kerer dar duas de letra kom as minhas amigas e o gajo a falar de batrákes, ou sapos, ou o karago. A seguir bieram uns gajos ke me keriam dar apoio psikológico mas eu disse-les k já tinha o da bete e o da suse, k era bem melhor. Por akaso sempre gramei a iskola. Habia gajas boas, bom axe e daba-se o sakete a boas moxilas. Só num gramava kuando as moxilas binham xeias de folhas, koladas umas às outras. Num tenho a certeza mas axo k se chama livros. Deitaba-os logo ó lixo. Pior é o gajo de k me falaram nas aulas de história, o Kamões. Axo k salbou um livro e ainda por cima dos grossos. Ker dizer, em bez de ficar kom a moxila ficou ku livro. Ele há kada artolas. Também gramei o exame final da iskola. Korreu tudo bem e até gostaram muito de eu saber eskreber o meu nome kumpleto. Só num acertei kuando me perguntaram o k era o 25 de Abril. Respondi k era o dia de anos do tininho e eles disseram k estaba errado. Pois klaro k estaba, depois é k me lembrei: o tininho faz anos a 26.

Debo tudo à iskola. Sem ela num seria o profissional k sou hoje, sério, atencioso e acima de tudo kumpridor. Ainda aki há atrasado istaba um carro da polícia istacionado em cima duma passadeira e eu fui lá xamar-lhes à atenção. Pediram muita deskulpa e abalaram logo. A seguir istacionei na passadeira o karro do zé pitas. Mais do k um kliente é um amigo e um grande profissional. É ele k dá assistência à bete e à suse na eskina de gonçalo cristovão kom santa katarina.

Agora se me dão licença bou ali num instante receber o rendimento mínimo e depois vou ó banco pagar a prestação do karro.

Istacionem onde puderem e andem sempre com trokos.

Deste k vos arruma

Kim moinante

domingo, 29 de julho de 2012

DESPORTO COQUEIRO


Portugueses,

Tenho o dever patriótico de me preocupar com a vossa saúde. Atravessamos tempos especialmente motivadores e precisamos de estar em forma para os vivermos com determinação e alegria. Não se me oferecem dúvidas de que a prática desportiva regular é indispensável para alcançar tal desiderato. Tenho, no entanto, a consciência dos custos e por isso não vos proponho a frequência de ginásios dispendiosos mas tão somente a prática de desportos caseiros. Não vos falo da ginástica que muitos dizem praticar até ao final de cada mês. Nada disso. Refiro-me antes a exercícios simples que podereis realizar sem dispêndio no seio dos vossos lares. Se quiserdes seguir o meu exemplo, descei aos vossos lugares de garagem e saltai sobre o capô do vosso carro. Devereis saltar tantas vezes quantas as prestações que ainda tiverdes por pagar. Depois podereis aumentar o número de saltos conforme vão subindo os juros de mora. A seguir, se tiverdes coqueiros em casa, trepai-lhes, mas antes, colocai óculos escuros para melhorardes o look e a intensidade do exercício. Se não tiverdes coqueiros trepai na mesma mas à maneira brasileira, que sempre ajuda a esticar os tendões e contribui para rejuvenescer a população. A seguir devereis levantar pesos, muitos pesos. Ainda que os pesos que levantardes sirvam para desenvolver a musculatura de outros devereis continuar. Com esforço podereis até levantar a mobília que eventualmente já vos tenham penhorado.
Acima de tudo acreditai em vós, sede perseverantes e quem sabe se um dia não podereis entrar em concursos e até ganhar. Vede o exemplo do meu genro que é um grande praticante de salto em altura. Sem fasquia.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

É SÓ FITAS...


- Tá lá, tás a ouvir? Olha, temos de andar da perna que deve estar quase. Diz ao gajo dos filmes para arrancar depressa com as colecções. E fala ao gajo das medalhas e dos porta chaves para começar a imprimir as fotos. E vê se sacas um gajo que escreva biografias num instante. Quem? Num sabes? Fala com o que escreveu a do jardel ou da deco, desenrasca-te. Tou, num te esqueças de dar um toque aos do coliseu para a festa de homenagem.
- Aguenta que tenho aqui o outro telelé a tocar
- Tá lá. Sim? O quê? A sério? Num pode. Ei pá, que crespo...asse
- Tou? Acabei de receber uma notícia do piorio. Esquece tudo, pá. Porquê? O gajo melhorou e até já teve alta do hospital. Num é justo? Pois não, pá. Ele há gajos que gostam de brincar com o trabalho dos outros, essa é que é essa.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

CIRCO VICIOSO



Era um circo de palhaços. Os leões tinham comido os outros

Quando o domador pediu para levantar a patinha todos obedeceram. Era um público amestrado

Para a recuperação contrataram um gestor especialista em números. De circo

Era o maior de todos os ilusionistas. Fez desaparecer a esperança

Tornou-se rapidamente no homem mais poderoso do circo. Era lançador de facas

Atiraram o dono do circo para dentro da jaula dos leões. Antes deram-lhe a equivalência de domador

Era um circo condenado. Só tinha artistas

quinta-feira, 19 de julho de 2012

TAÍ CARREIRA


Acatava todas as ordens, fugia de todas as responsabilidades, pactuava com todas as injustiças. Era apontado como um caso sério de liderança.

Dava o dito por não dito, defendia à tarde o que recusava de manhã, desmentia-se a cada passo. Reconheceram-lhe uma excelente capacidade de adaptação à mudança

Falseou resultados, inventou êxitos, escondeu fracassos. Quando a empresa faliu foi dar aulas de gestão

Aparecia nos bons momentos, desaparecia nos maus. Atingiu o topo como consultor de imagem

Conspirava, minava, corroía. Mentia, envenenava, traía. Era esforçado na promoção do seu desenvolvimento profissional

Era sério, competente e isento. Foi despedido por inadaptação

Fazia discursos inflamados. Um dia, ardeu

segunda-feira, 16 de julho de 2012

OBRIGADO


Portugal é um país muito bonito e com coisas lindas; praias, montanhas, aldeias típicas e uma gastronomia rica.

Infelizmente está a passar por uma situação um pouco difícil mas o povo português é um povo unido que sabe ultrapassar as dificuldades.

Acima de tudo temos de perceber que os sacrifícios pedidos são por uma boa causa. Há consequências negativas, claro, mas é para o bem de todos.

Devemos ser compreensivos e, sobretudo, devemos aceitar o que nos pedem sem questionar. Ou, pelo menos, sem questionar em voz alta para não perturbar o esforço colectivo.

Façamos as nossas vidas e deixemos trabalhar aqueles que nos ajudam.

Aproveitemos o que de bom tem a vida. Há pessoas que não estão em condições de o apreciar, é certo, mas o que adianta estarmos sempre a falar nisso? Não resolve nada.

E acima de tudo não nos comprometamos. Com nada. Esperemos que as coisas se resolvam. Algúem o há-de fazer. A nós compete-nos não nos metermos no que não nos diz respeito.

No fundo não podemos esquecer que temos muita sorte. Há países bem piores que são dominados por poderosos sem escrúpulos, onde se passa fome e se é tratado como um fardo.


No dia em que eu escrever isto só até ao parágrafo antecedente façam-me um favor; espetem-me com um valente pontapé no cú em direcção ao contentor do lixo mais próximo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

SEXTA 13 NO ZSA ZSA



Vinha ele a passear
Naquele jeito gingão
Passou-lhe mesmo a rasar
A roda de um camião

Mais à frente foi um vaso
Que caiu da cumeeira
Uma vez mais o acaso
Travou-lhe o passo e o atraso
Salvou-lhe a querida moleira

Prosseguiu com confiança
Bateu sem ver numa escada
Caiu um homem de pança
E ele nem deu por nada

Baixou-se para apanhar
Uma moeda do chão
Sem querer fez tropeçar
A dona de um grande cão

Saltou-lhe o bicho, danado
Com ar feroz e viril
Mas antes foi apanhado
Pelo homem do canil

Estalou forte desordem
Foi tremenda a barulheira
A dona ferrou no homem
E o cão deu-lhe com a carteira

Tinha sorte, há que dizê-lo
Mas nem disso ele sabia
Escapava por um pelo
E o azar é que perdia

Mas um dia de repente
Foi fintado pelo destino
A vida ficou diferente
Começou num desatino

O azar sempre aziago
Parecia o pago da sorte
Mas em dobro, cum carago
Era azar de grande porte

Meteu-se o pobre coitado
A matutar na desdita
Não conhecia culpado
Para sina tão maldita

O trevo foi sempre amigo
E bem assim a ferradura
Afastaram-no do perigo
Serviram-lhe de armadura

Não perdeu os amuletos
Não partiu nenhum espelho
Ou eram os gatos pretos
Ou a pata do coelho

Mas eis que tudo mudou
Pela mão da lotaria
Pensou que a sorte voltou
E não mais o traíria

Mas logo ficou gelado
Nem queria acreditar
O dinheiro foi levado
Por um imposto do gaspar

Como louco quis fugir
Não perdeu nem um instante
Correu sem ter para onde ir
Só parou num restaurante

O que viu criou-lhe espanto
Deixou-o desconfiado
Treze convivas a um canto
Com o azar por todo o lado

Mas em vez de ensombramento
Mau olhado ou bruxaria
Tudo parecia a contento
Reinava imensa alegria

Deslizou para a cozinha
E viu o céu do palato
Cresceu-lhe a fome que tinha
Encantou-se-lhe o olfacto

Eram tantas obras primas
E de qualidade tal
Que lhe apeteceu fazer rimas
Á Melinda e ao Antal

Foi à sala de jantar
E disse: - Que bom que está!
Responderam-lhe a brindar
Comer bem é no ZSA ZSA

Esta casa de eleição
É um justo caso à parte
Cozinha-se com o coração
Faz-se comida com arte

Afinal azar e sorte
Têm muito que se lhe diga
Mas o melhor é dar o mote
Depois de cheia a barriga

Restaurante ZSA ZSA Rua de Santo Ildefonso , 118/120 Porto

quinta-feira, 12 de julho de 2012

É UVA VERGONHA!


Esdou endignado e pior ainda, esdou desgonzolado. Pela brimeira bez ao longo de uma garreira regeada de baduros dindos, berdes brangos e garrasgões de estalo, dei bor mim a bober uma zurrapa inconsdiduzional. Bergundam bossências, o gue é uma zurrapa inconsdiduzional? Eu exbligo; é uma zurrapa gue a gende bebe agora, mas zó figa bêbado bó ano. Isdo é um adendado à dignidade dos gonzumidores em geral e dos espezialisdas em pardigular. Esta bergonha seca os gue, gomo eu, dedicaram uma vida indeira à boa pinga e zó zerve agueles a guem zempre pinga. Depois gueixam-se gue os talendos esdão a zair da noza terra. Bois esdá glaro gue esdão. Ainda há dias me gruzei gom um nome baior da gopofonia luzidana, o quim palhete, gue já taba de malas abiadas, para emigrar. Bó Cartaxo. Em boa hora o encondrei brogue gonzegui ebidar gue abalaze. Conbenzi-o a probar um nectar no esdabelezimento do ramadas, gue é amigo dos oito gostados. Aguilo esgorrega de dal baneira que fomos de manhãzinha bara batar o bicho e ele zó morreu já era noute. Felizbende conzeguimos abanhar dois gandeeiros gue iam a pazar e gue nos alumiaram até caza. O quim é gue nunca bais zoube onde pôs as malas, mas dambém num faz mal. Num eram dele.

Zaudazões binhadeiras deste vozo

Manel Besaina

segunda-feira, 9 de julho de 2012

PODRECILADA


Queda de cabelo?
Use TRUNFITA e o cabelo ressuscita.
Na compra de uma embalagem de TRUNFITA oferta de um maravilhoso chinó

Impotência sexual?
Acabe com os tratamentos prolongados de 5 e até mais anos. Com o produto revolucionário LUSÓFODA, ao fim de 1 ano já pode dar uso ao canudo.

A praia está a chegar e o trabalho a incomodar?
DEPUTALINA. À venda em qualquer Assembleia da especialidade.

Reestruturação de créditos
Não tem dinheiro? Sobram-lhe dívidas? Já vendeu o ouro que tinha? Não sabe o que há-de fazer à vida? Então, faça como nós. Ponha um anúncio de reestruturação de créditos e pode ser que pingue algum


sábado, 7 de julho de 2012

CRIANCICES



- Criancinha, gostas do teu vôvô?
- Gosto
- Porquê?
- Porque é pobrezinho
- Está desempregado?
- Não. É presidente da républica

- Criancinha, quem são aqueles senhores tão juntinhos?
- É o meu tio pedro e o meu tio miguel
- E andam sempre assim tão juntinhos?
- Sempre. Eu até lhes chamo os meus tios tículos

- Criancinha, quantos anos tens?
- Sete
- Em que escola primária andas?
- Escola primária? Eu já acabei o liceu
- Com sete anos? Não pode ser
- Pode, pode. Falei com o meu tio miguel

- Criancinha, gostas desse livro para colorir?
- Isto não é um livro para colorir
- Então?
- São os impressos para a inscrição na lusófona

- Criancinha, por que tens uma faca na mão?
- É para espetar nas outras criancinhas
- O teu tio não te ensinou que isso não se faz?
- Foi ele quem me deu a faca. É igual à que usa no governo

- Criancinha, por que estás a bater nesse menino?
- Estou a convencê-lo a ajudar-me a recuperar
- E roubas-lhe a merenda?
- Claro. Ele não tem subsídio de férias nem de natal

quinta-feira, 5 de julho de 2012

LICENÇA E ATURA




- Tem muitas dores, sr. dr.?
- Muitas, enfermeira, muitas
- Acalme-se que já falta pouco
- O que deram os exames?
- Nós somos como o senhor
- Como eu?
- Não fazemos exames
- Vou ser operado e não me fazem exames?
- Claro.
- E como sabem o que tenho?
- Basta pressionar
- E dá resultado?
- É do conhecimento público que sim
- Quem me vai operar?
- Descanse, está em boas mãos
- Quem é a equipa?
- Um é o toninho
- Quem?
- O anestesista. Era torneiro mecânico mas deram-lhe a equivalência
- Mas isso não...
- Outra é a laidinha
- Laidinha?
- É a instrumentista. Muito experiente
- Onde é que ganhou a experiência?
- Trabalhou muitos anos como cabeleireira
- Cabeleirei...?
- E, claro, deram-lhe a equivalência
- Mas isso é um escandâ...
- E o cirurgião nem queira saber. Ainda é melhor do que o sr. dr.
- Melhor do que eu? Porquê?
- Conseguiu tirar a licenciatura e a especialidade num ano...

domingo, 1 de julho de 2012

VITOR, QUE TANSO


Caros contribuintes,

A verdade é como o azeite. A sabedoria do povo está do meu lado para fazer justiça. Foram-me lançadas acusações levianas, envolvendo-me de forma jocosa com animais; disseram que tinha a visão do rinoceronte, a esperteza da galinha e que só me faltaria uma bossa. Atoardas. Nunca percebi sequer o alcance da bossa, até porque fui promovido. Afinal, quem é o camelo?
Fingi não saber o que todos há muito sabiam. Fingi não ver o que todos há muito tinham visto. Tal fingimento, porém, não teve senão o propósito de possibilitar a concretização de um excelente negócio. Vejamos: vendeu ou não vendeu o Estado com muito agrado, até do próprio comprador? Haveria agrado se não estivéssemos perante uma boa transacção? Ficou ou não ficou o Estado com alguns créditos sobre clientes, não os incluindo na venda? Reservaria para si esses créditos acaso não fossem bons? Sem a minha profícua acção por omissão ainda hoje os impostos de V. Exas. estariam a alimentar este engulho.
Foi necessário vir gente de fora para me reconhecer os méritos que os de dentro teimaram em não querer ver. É esta é a sina dos bons mas não guardo ressentimento. Deixo-vos apenas um pedido: mantenham a argúcia e a atenção em nível elevado para não serem enganados por aqueles que só vos pretendem atirar poeira para os olhos. Não esqueçam uma vez mais a sabedoria do povo; não há pior cego do que aquele que não quer ver.

Apresento cordiais cumprimentos, com especial carinho à associação portuguesa de braille.