quarta-feira, 6 de setembro de 2017

"Detido bombeiro suspeito de atear incêndios"


Gosto de botar fogo. É de família. O meu avô começou há muitos anos quando houve uma cena em Portugal que não sei bem explicar mas que meteu tropas com flores nas espingardas. Botou fogo a muitos prédios das sedes dos partidos. E como era independente botou fogo a todos.

O meu pai também botou muito fogo mas só de artifício. Os outros fogos começavam depois das canas caírem, portanto não era mérito dele.


Só a minha mãe é que não bota fogo. Alguém tem de pôr o comer ao lume.

Gosto tanto de botar fogo que fui para bombeiro. Assim tenho uma vida cheia. Boto fogo, venho ao quartel ligar a sirene e a seguir vou com os meus colegas apagar. Quer dizer, eles apagam e eu assisto. É lindo. Gosto dos penteados do cristiano ronaldo, gosto das canções do tony carreira, mas não há nada que chegue a um bom fogo. Faz-me lembrar as churrascadas em casa do quim manco. Tem menos vinho, as sandes são foleiras, mas é em ponto grande. Este ano então é que foi; churrascadas umas atrás das outras. Só uma ocasião é que não correu bem. O vento parou, caiu uma orvalhada e quando chegamos nepia. O pessoal de mangueira na mão, o autotanque cheio e lume nada. Nem pensei duas vezes. Fingi que ia aliviar a bexiga, botei fogo a um arbusto e passado um bocado já estava tudo a arder. Maravilha. A seguir vieram uns gajos dizer que eu era pirómano. Não senhor, não sou pirómano, tenho é pés chatos.

Agora que vem aí o inverno torna-se mais difícil botar fogo mas não há problema. Quando sair vou na mesma para o quartel e entretenho-me a ver os programas da bola. Aquilo também é tudo a arder.