quinta-feira, 30 de maio de 2013

ESPELHO TEU...




As palavras pareciam entrelaçadas numa fluência quase musical. Correu a dá-lo a ler ao primeiro homem que encontrou. Mas o homem virou-lhe as costas entretido a fotografar a sua cabeça gigantone de feira popular. A seguir foi ter com outro encostado a um varandim. Esse não tinha rosto, talvez para não beliscar a paisagem que lhe recortava a silhueta. Estonteante, pelos vistos, a paisagem. Não desistiu. Foi adiante mostrá-lo àquele e mais àquele e a mais a outro ainda, mas nenhum deles tinha tempo para ter rosto. E o homem parou. Percebeu que valia a pena dar a cara. Abeirou-se de um banco de jardim e ali o deixou. A seguir todos se acercaram. Para conhecerem o rosto. O rosto que afinal não tinham.