terça-feira, 29 de outubro de 2019

LIGA DOS ÚLTIMOS



- Ganhamos!
- Olha lá, ganhamos o quê?
- Ganhamos o primeiro lugar nos países da Europa que mais transferências fizeram para paraísos fiscais
- Ai sim?
- Sim e ganhamos o primeiro lugar nos países mais envelhecidos da Europa
- Não me digas
- E também ganhamos o primeiro lugar nos países da Europa onde a população tem menos habilitações académicas
- Espectacular pá, só vitórias
- Só vitórias não porque ainda nos falta uma muito importante
- Qual?
- Ganhar o primeiro lugar nos países mais corruptos da Europa
- E achas que temos hipóteses?
- Claro, pá. Nem que tenhamos de voltar a meter o sr eng. sócrates como treinador.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CÂMARA DO PORTO MOLAFLEX ARENA





Ali para os lados de Campanhã, muito próximo da estação, um estabelecimento de reduzidas dimensões mas transbordante de calor humano, prestou durante longos e bons anos um louvável serviço no que ao estreitamento de laços de amizade concerne. Bar Liberty era o seu nome e não poucos são os que ainda recordam, com os olhos rasos de saudade, as noites em que deixaram a solidão à porta e se libertaram no Liberty das agruras da vida, com boa bebida e melhor companhia. Alguns aproveitaram o convívio de tal ordem que, tendo entrado anónimos, saíram convencidos que eram o indiana jones, o 007 ou até mesmo o nel monteiro. E todos, sem excepção, saíram muito mais aliviados, carteiras incluídas. Veio depois o progresso com a ditadura do virtual e a casa foi definhando, acabando por fechar os olhos num estertor de agonia. Mantém-se estoicamente o letreiro que o tempo e a ferrugem ainda não lograram derrubar. Aproveitando os ventos de modernidade tradicional ou de tradicionalismo moderno que sopram pela urbe, que uma alma tenha a lembrança de recuperar tão genuína referência da zona oriental, nem que seja recorrendo a um patrocínio de uma marca que no final da obra fique associada ao nome. Que esta pérola da invicta possa pois renascer e se passe a chamar, quem sabe, Bar Liberty Durex. A menos que, entretanto, o presidente da câmara tenha tomado para si a ideia e já se chame moreirex.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

ALTERCAÇÕES DO CLIMAX


As calotas polares estão a mingar e os calotes bipolares a aumentar.
Agora, ao contrário doutrora, os ursos vivem à toa em cubículos iguais aos T0 do Porto e de Lisboa.
As águas subiram de nível e puseram a boiar o sarcófago do aníbal.
No litoral o mar fez mal, galgou praias e casas de uma assentada e até a cabana do josé cid foi levada. Resistem as adegas regionais onde donos e fregueses lutam arduamente para impedir que a água entre.
Ventos ciclónicos varreram a polícia das ruas deixando os meliantes a fazer das suas. Restou um sinaleiro para regular o trânsito de forma ordeira, pelo menos até regressar ao Conde Ferreira.
O grelhado substituiu o estufado por causa do efeito de estufa que estafa e tufa, não deixa ninguém sossegado.
As vagas de calor abrasador aqueceram o povo mais do que os filmes porno e os ares condicionados já não conseguem melhor que um ambiente morno.
A poluição é uma consumição e quem tiver a ideia patética de ir ao rio tomar banho de ética sai de lá bacoco e ainda mais badalhoco.
Há enxurradas por todo o lado que deixam o ministério público alagado.
Há os tsunamis mentais das novas oportunidades que levam os tacanhos e só trazem sumidades. Ou calamidades.

Mas acalmemo-nos, pois que uma vaga de fundo não deixa que este mundo vá parar ao outro mundo, liderada pela greta, guardiã do planeta, que mata e esfola toda a gente para proteger o ambiente. E luta-se por alternativas ao carvão e ao petróleo fazendo-se marchas lentas em viaturas a gasóleo. Para a água que é bem escasso há ordem para poupar. E os portugueses do alto do seu civismo não puxam o autoclismo depois de urinar. Por algum lado, pois claro, tinham de começar.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

É O TERISMO, POIS CLARO...



Voas,

Chamo-me zeca ranhoso e sou poprietário do "come no vuraquinho", casa de pasto tirpeira onde se agasalha até se lhe chigar cum dedo.
Aqui fico os pratos do dia:

. Çelada de vacalhau cu azeitonas, cevola e um fio de azeite

. Jaquinzinhos cu arroz de tomate a fegir po prato fora

. Rijões à moda do porto

. Papas de çarravulho

Agora em englês pá vranger o çeguemento de terismo que por aí anda:

My neime is joseph trash of the nose and ai eme the voss of the "eat on the litlle ass", traiper house of pasto where you eat until you say, ...dasse!
Here the dixes of the day:

. Punheyte of code fixe with olives, cê ball and a fy of tony carreira

. Litlle joaquins with testikle rice running away of the pleite

Ryjohnson at Porto fashion

Paipes of brexit.

Vom apetite, good enfardeyte.

sábado, 19 de outubro de 2019

ESCRITO À PALA


O sonho maior dos portugueses, a seguir ao euromilhões, ao falecimento súbito de uma tia rica e ao dizer adeus em directo na televisão, é andar de carro à pala. Qualquer análise sobre o fenómeno que se queira pautada por critérios de objectividade tem, necessáriamente, de atender ao facto do país se encontrar partido em dois. Neste contexto, pode dizer-se que os nativos do sector privado experimentam maiores dificuldades em concretizar o sonho. Não poucas vezes são forçados a recorrer ao empréstimo de um amigo de ocasião, ao incontornável cheque sem cobertura ou, ao sempre tentador abastecimento e fuga. Os do sector público, ao invés, dispõem de um leque mais alargado de opções. Desde as viaturas do poder central até às municipais, passando pelas da polícia e do exército, circulam em boa desenvoltura, com a expressão inconfundível de quem anda à pala. É com ela estampada no rosto que se poderá ver o motorista de um ministro a aproveitar a reunião de governo para conduzir a estatal viatura até local recatado e aí experienciar, juntamente com a namorada, a suspensão a partir do banco traseiro. Será também com idêntica expressão a iluminar-lhe o facies que se observará um funcionário da limpeza a deslocar-se à EDP no camião do lixo para liquidar a sua conta da luz ou o agente da autoridade a accionar a sirene da viatura policial para chegar mais depressa ao cozido que a cara metade lhe preparou no doce lar. Poderá até ser percebida no jardineiro que se desloca no carrinho de cortar relva à sede do clube do coração para aí pôr as quotas em dia, deixando um rasto de erva no alcatrão que lhe acentua, e bem, a faceta ecológica.
Ainda que as possibilidades de concretização possam ser diferentes, os superiores valores morais que informam os nativos de ambos os sectores revelam-se convergentes ao ponto de se poder, também nesta matéria, estabelecer mais uma parceria público-privada. Com efeito, uns e outros, confrontados com os casos noticiados a ritmo diário de apropriação indevida de bens alheios, são unânimes, céleres e contundentes a sentenciar:
- Cambada de ladrões! Comigo, iam todos de carrinho.