FLARGANTE DE LITRO

 

Garos abigos da pipa,

Bodeis agreditar gue tou dão ingomodado mas dão ingomodado, gue o porca de murça gue bobi ao pegueno almozo adé ze me esdá òs zaltos na tripa. Endão num é gue apanharam o brimeiro minisdro a dezer mal dos zêres doudores médicos? Gomo é bozível uma afronda destas àgueles que ze breogubam tando co a noza zaúde gue até nos tiro dos hosbitais ba nos lebar bás glínicas bartigulares deles? Gue num cobro mais de zem eures por gonzulta que muidas e muidas bezes adé uldrapaza um guardo de hora? Gue têm um vasdonário gue todos os dias diz mal do zervizo nazional de zaúde borgue zó guer o nozo vem?

Gá bar mim o brimeiro minisdro debe ter avusado do maduro dindo ou do dão meia engosta gom fardura e gomo num tem casco pa aguendar medeu-se nesdas pougas bergonhas.

É o gue eu digo; guando um home deixa o binho falar por ele dá zembre mau rezuldado.

Zaudazões binhateiras e condinuai a matar o vicho gue ele inda anda aí.

5 DE AVANÇO

Há uns anos o sr. antónio copiava cantigas doutros para assegurar o sustento. Hoje é a estrela mais cintilante da música popular, tem clubes de fãs que o seguem em autopullman e já se perpetuou através da descendência.

Há uns anos o sr. paulo era uma memória do futebol perdida no nevoeiro do tempo. Hoje é um monstro sagrado da actividade comercial que vende tudo aquilo em que toca, de licores a pílulas facilitadoras de convívios entretidos. 

Há uns anos o sr. fernando confundia  humor com torrente de palavrões mantendo um público fiel entre os serventes da construção civil. Hoje enche pavilhões como o de Gondomar, cujo sr presidente da Câmara, na primeira fila, foi vergado até à urina pela profusão de vocábulos populares expelidos pelo agora rei da comédia. E dos transplantes capilares.

Há uns anos a sra. dona cristina fazia da histeria e da estupidificação alheia modo de vida. Hoje continua a fazê-lo mas como administradora de um canal de televisão.

Há uns anos o sr. marcelo tinha um espaço de comentário onde se dedicava a afogar aqueles de quem não gostava. Hoje é nadador salvador.
Ainda há quem diga que Portugal não evolui.

PERGUNTAM OS MEUS LÁPIS: LAR, MORRER, MATAR?

 

ANTRO BIÓTICO

 

- Já ouviste falar da penicilina?

- Já

- Sabes para que serve?

- Ó pá, não me chagues que tou a ver a bola

- Olha que que a penicilina é muito importante

- Importante é esta defesa do guarda redes, pá

- Pois, mas a penicilina salvou milhões de vidas

- E este guarda redes salvou milhões de bolas, pá

- Pois mas a penicilina é um...

- Ó pá, deslarga-me que tou ver a bola!

- Sabes ao menos quem inventou a penicilina?

- Ò pá, quero lá saber quem é que inventou a penicilina!

- Foi o cavani

- O cavani? É pá, fala-me mais sobre essa penicilina que isso interessa-me

TINTO, EXTINTO?

 

Corre estreito, emparedado

Infeliz, quase afogado

Por desprezo e abandono

Cheio de lixo sem dono

A ele vão desaguar 

Promessas de o limpar

De gente que caça o voto

E nele vaza o esgoto

Ainda assim corre e resiste

Vai para a foz e não desiste

Mas na luta pela vida

Será rio sem saída?

UMA INCURSÃO PELO ACRÍLICO

 

AI, MOR

 

Dizem que é fogo que arde sem se ver e que quando se apaga faz sofrer. Dizem que não tem grades, fronteiras, barreiras, muro em Berlim. Há mais de 30 anos que é assim. Dizem que se pode fazer e, se bem feito, cai a preceito. Dizem que não conhece idade, género ou estrato social embora tenha noções de contabilidade geral. Dizem que não precisa de palavras, que se transmite pelo olhar, mesmo que absorto ou de carneiro mal morto. Dizem ser escrito por poetas, cantado por trovadores mas dizem também que há quem o troque por favores. Dizem que por ele se pode matar ou morrer mas o melhor é, matando ou morrendo, continuar a viver. Dizem que prende mais do que o desejo, do que a paixão e até do que um telemóvel da quinta geração. Dizem que só sentido tem sentido mas há o risco de se ficar ferido. Dizem que entorpece as pernas, seca a boca, provoca insónias, deixa a mente louca. Há relatos de falta de apetite mas, na maioria dos casos, é apenas gripe. Dizem que se aloja no coração mas os prosaicos e outros que tais inclinam-se mais para os genitais. Quem dele deu os mais lindos exemplos foi a monarquia, como o de charles por diana ou o de juan carlos por sofia. Dizem enfim que não há como o primeiro excepto, claro, se for pelo dinheiro.