terça-feira, 18 de agosto de 2020

AI, MOR

 


Dizem que é fogo que arde sem se ver e que quando se apaga faz sofrer. Dizem que não tem grades, fronteiras, barreiras, muro em Berlim. Há mais de 30 anos que é assim. Dizem que se pode fazer e, se bem feito, cai a preceito. Dizem que não conhece idade, género ou estrato social embora tenha noções de contabilidade geral. Dizem que não precisa de palavras, que se transmite pelo olhar, mesmo que absorto ou de carneiro mal morto. Dizem ser escrito por poetas, cantado por trovadores mas dizem também que há quem o troque por favores. Dizem que por ele se pode matar ou morrer mas o melhor é, matando ou morrendo, continuar a viver. Dizem que prende mais do que o desejo, do que a paixão e até do que um telemóvel da quinta geração. Dizem que só sentido tem sentido mas há o risco de se ficar ferido. Dizem que entorpece as pernas, seca a boca, provoca insónias, deixa a mente louca. Há relatos de falta de apetite mas, na maioria dos casos, é apenas gripe. Dizem que se aloja no coração mas os prosaicos e outros que tais inclinam-se mais para os genitais. Quem dele deu os mais lindos exemplos foi a monarquia, como o de charles por diana ou o de juan carlos por sofia. Dizem enfim que não há como o primeiro excepto, claro, se for pelo dinheiro.

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