domingo, 1 de julho de 2012

VITOR, QUE TANSO


Caros contribuintes,

A verdade é como o azeite. A sabedoria do povo está do meu lado para fazer justiça. Foram-me lançadas acusações levianas, envolvendo-me de forma jocosa com animais; disseram que tinha a visão do rinoceronte, a esperteza da galinha e que só me faltaria uma bossa. Atoardas. Nunca percebi sequer o alcance da bossa, até porque fui promovido. Afinal, quem é o camelo?
Fingi não saber o que todos há muito sabiam. Fingi não ver o que todos há muito tinham visto. Tal fingimento, porém, não teve senão o propósito de possibilitar a concretização de um excelente negócio. Vejamos: vendeu ou não vendeu o Estado com muito agrado, até do próprio comprador? Haveria agrado se não estivéssemos perante uma boa transacção? Ficou ou não ficou o Estado com alguns créditos sobre clientes, não os incluindo na venda? Reservaria para si esses créditos acaso não fossem bons? Sem a minha profícua acção por omissão ainda hoje os impostos de V. Exas. estariam a alimentar este engulho.
Foi necessário vir gente de fora para me reconhecer os méritos que os de dentro teimaram em não querer ver. É esta é a sina dos bons mas não guardo ressentimento. Deixo-vos apenas um pedido: mantenham a argúcia e a atenção em nível elevado para não serem enganados por aqueles que só vos pretendem atirar poeira para os olhos. Não esqueçam uma vez mais a sabedoria do povo; não há pior cego do que aquele que não quer ver.

Apresento cordiais cumprimentos, com especial carinho à associação portuguesa de braille.

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