domingo, 9 de setembro de 2012
COMUNICAÇÃO AOS PARES
Meus amigos,
Ontem anunciei as medidas de austeridade. Hoje anuncio-vos as outras. Antes de mais quero dizer-vos que podeis continuar como até aqui. A usar e a abusar dos offshores, do trabalho precário, dos recibos verdes, das alterações aos pdm´s, das cunhas, dos cursos rápidos, das prescrições e de outras vantagens que vos tenho proporcionado. Acabei de garantir o suporte financeiro para os próximos meses. Reconheço o muito que há ainda para fazer. Não esqueço que continuais a alimentar a aspiração, aliás, legítima de receberdes a justa indemnização por cada despedimento que promovais. Crede que é firme o propósito deste governo de alcançar tal desiderato. Peço, no entanto, a vossa compreensão, a vossa paciência e mais algum tempo, porque estamos a dar passos seguros nesse sentido. Passos seguros, por acaso não me soou bem. Estamos caminhar nesse sentido. Enquanto não, podeis continuar a seleccionar o que interessa que vos venha a ser privatizado e só tereis de mo comunicar que iniciarei de imediato o respectivo processo. Não posso, no entanto, deixar de vos alertar para o muito cuidado que deveremos ter com a nossa imagem. Dela depende o sucesso do nosso plano. Nunca vos esqueçais de compôr um semblante carregado e grave sempre que falardes de crise e de sacrifícios. Rir podeis, mas só depois de eles virarem costas. Aqui e ali poderemos até cometer uma ou outra, digamos, gafe. Mostrar revolta contra a austeridade antes de eleições não é erro, é fazer pela vida. Afirmar que não haverá mais austeridade e passados uns meses anunciar nova dose não é lapso, é característica de qualquer dos nossos. Não podemos, contudo, exagerar. Aquela de pormos a procuradora adjunta a dizer que isto não é um país corrupto foi demais e o povo defecou-se a rir. Tal facto não ajuda à credibilidade necessária para que eles, acreditando em nós, se mantenham na posição de rebanho sossegado que nos convém.
Meus amigos, só unidos conseguiremos que eles continuem a satisfazer os nossos justos interesses.
Vamos lá aviar o hino.
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