sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O MEU TOINO, SIM...



- Ó filha, num te acredites, qué tudo uma chuchadeira. O zé carcunda foi lá e nada. Quê? Não filha, fizeram-le o milagre, só que em bez de le desaparecer a carcunda desapareceu-le a carteira. Cheira-me que aquilo é gente que eles foro buscar às finanças e depois andam por aí a armados em salbadores. Milagres fazia o meu toino, esse sim. Uma ocasião iamos no carro a descer D. Pedro V e um senhor entrebadinho numa cadeira de rodas meteu-se a atrabessar a rua. Olha filha, o sinhor biu o toino, lebantou-se e começou logo a andar. E munto depressa. O toino até le deu uma grande cacetada na cadeirinha para ele perder o hábito. Lembro-me perfeitamente porque, depois deste milagre, o toino foi ó neca mecânico e até aprobeitou para dar uma bista de olhos ós trabões. Outro milagre a sério foi o que ele fez ó meu nero. Tinhamos cá a palmira peixeira e o home. O toino foi à dispensa buscar a pata de presunto para botar na mesa e só encontrou o ossinho. Nem perguntou mai nada. Foi direito ó meu nero, agarrou-o no entre patas e apertou cum tanta força que deu-se o milagre. O meu nero falou. Disse " Num fui eu ". Quê? Ó milher, tou-te a dizer que disse! Baixinho, mas disse. E por acaso até num foi. O toino é que se tinha esquecido que já tinha mamado a patinha num sábado à noite a ber a bola. Depois disso, o meu nero nunca mais boltou a falar. Ficou traumatizado. Segue-se que filha, pode haber quem faça milagres iguais, mas milhores cus do toino num conheço. Quem? Não filha, esse tirou o curso de doutor num aninho mas num fez milagre ninhum. É munto estudioso. E o quem? O da papelada dos submarinos? Não filha, isso num foi milagre, foi truque. Milagre a fazer-me lembrar os do toino foi o do senhor presidente. Quando? Quando beio um bendabal que le destapou o tilhado da marquise. As chapas biero por ali abaixo e apanharam uns amigos dele que andabo por perto. Quais amigos? O loureiro e o costa que trabalhabo no banco, lembras-te? O sinhor presidente, que estaba cum eles, num tebe um arranhão. Foi um milagre daqueles. Agora filha, bai ber o luís de matos. Num sabes quem é? É aquele rapaz da política. Quase tão bom como o senhor doutor passos.

Ai estais aí, meus amigos? Nem tinha dado fé. Esta arlete põe-se a cunbersar e nunca mais se cala. Tende paciência, falo cunbosco pá próxima que agora num posso. Bou fazer a mala que amanhã, eu mais o meu nero, bamos para benidor. Tamém temos direito a uns diitas de papo pó ar, num é?

Recebei beijos descansados desta bossa Olímpia.

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