sábado, 29 de setembro de 2012

ESPELHO MEU


Tenho uma mente conspurcada e não foi por me ter atirado ao Tejo
Defendo com galhardia aqueles que quero enterrar
Movo-me de forma isenta, em função dos meus interesses e ódios pessoais
Sou a favor de ser contra, sou contra ser a favor, mas não sou contra o favor
Minto para inventar verdades e digo verdades que são mentira
Defendo o indefensável e ataco o inatacável
Adivinho cenários improváveis porque são os que desejo
Mudo constantemente de opinião porque tenho um intelecto superior
Chamo sensatos aos que deixam que lhes metam as mãos nos bolsos
Só durmo quatro horas por noite. É o bastante para repôr os níveis de veneno
Gosto muito de ler. Sobretudo extractos bancários chorudos
Não tenho aspirações políticas. E não as terei nem que cristo desça à terra
E vejo piquenicões, mas não manifestações
Concluíndo, sou um grande vendedor de peixe que conseguiu transformar a televisão numa lota.

Espelho meu, sei que sabes quem sou eu
Mas esconde este segredo
É assim que saco o meu
A pregar tão triste credo

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