segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ANALFANETO


Meus amigos, recordar é biber e é bem berdade. Hoje num me sai da cabeça os dias cu meu neto banderlei beio passar cu nós. O meu banderlei é uma riqueza ca gente tem. Mal sabe andar e falar porque é pequenino. Ainda só bai fazer dezoito anos para o mês que bem. Logo no primeiro dia eu bem quis dar-le de comer para botar corpo mas ele é atirado ó esquisito. Pus-le uma chispalhadazita com feijão bormelho e coube à frente e ele em bez de comer disse-me faca em u. Por acaso num estou a ber para que é que ele quer uma faca em u. Só se for para tirar polbos nos penedos, num sei. Pelo sim pelo não, lebou um croque que só deixou um restinho de coube na trabessa. Tirando o comer, num era nada dificil de aturar. Dormia o diinha inteiro e só acordaba para falar ó telemóbel ou para estar no cumputador. Uma bez reparei que ele tinha muntas senhoras nuas no cumputador, mas explicou-me que andaba a aprender ciências da natureza. Tadinho, tão pequenino e tão estudioso. Como dormia de dia num tinha soninho ninhum à noite. Uma bez acordamos às 2 da matina com um estrondo que parecia um abião de carga a aterrar, mas num era. Era o meu banderlei a tocar biolinha eléctrica. Por acaso sou testemunha cu meu toino até se arrependeu; mas só depois de le ter partido a biolinha à marretada e de la ter botado pela janela fora. O meu banderlei para se bingar, afanou-le o chinó e deu-o ó meu nero que le chamou um figo. Quando o descobri debolbi-o ó meu toino, mas ele achou cu penteado estaba um bocadito ó estranho. Eu disse-le que tinha mandado o chinó ó salão de coifure da lindinha para fazer uma mise. Pudera, num le ia dizer que tinha sido deribado ó treino do nero.
Só uma bez é que num gostei do que o meu banderlei fez. Chiguei a casa mais o meu toino e apanhame-lo a fumar. O toino assentou-le logo um biqueiro no cu que até a mim me doeu. Ó segundo biqueiro o banderlei conseguiu desbiar-se, mas lebou com a nossa senhora de fátima na testa, que era a santa cu toino tinha mais à mão. Foi milagre ter batido no banderelei, senão ia direitinha ó espelho de parede que estaba atrás e eram logo sete aninhos de azar. Antes assim. O meu toino ainda se lembrou de tirar duas fumaças antes de apagar a barona. Sei dizer que, de repente, deu-se-le um solabanco no chinó, atrofiou-se-le as bistinhas e começou a dizer que bia panteras boadoras. Depois pôs-se a cantar músicas dum jamaicano conhecido e a babar-se debagarinho. Agora benham-me dizer cu tabaco num faz mal à saúde. Lá acabaram por fazer as pazes e o meu banderlei até ensinou o abô a usar o cumputador para ele tamém aprender ciências da natureza. Em cumpensação o meu toino ensinou-o a escreber o nome cumpleto. Foi bonito.

Tudo é bem quando acaba em bem, num é?

Agora in-de para dentro e recebei beijos desta abó e desta bossa Olímpia.

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