Bendita cerveja que bem lhe sabia
Maldita cerveja que lesta desciaBendita cerveja que era tão amiga
Maldita cerveja que apertava a bexiga
E assim apertado lá foi a correr
Porque aquilo que é bom também faz sofrer
Entrou no elevador que lentamente falou
" A porta está a fechar "
E ele, enrascado, a aguentar
No fim parou e de novo falou
" A porta está a abrir "
E ele ansioso por sair
Mas em vez de abrir não abriu
E o pobre coitado, desesperado
Achou que o elevador mentiu
Deu murros e gritos
Carregou nos botões
Gestos aflitos
Só consumições
E a cerveja a pesar
E a bexiga a inchar
Preso num elevador
Que o queria aldrabar
Lá se abriu a porta pelo lado de fora
Correu acelerado sem mais demora
Entrou desvairado na casa de banho
Com uma bexiga de todo o tamanho
Para largar, enfim, a pesada cruz
Mas deu-se um repente e apagou-se a luz
Abanou a cabeça para fazer movimento
Mas a luz não veio nem por um momento
Levantou um braço, manteve-se o breu
Levantou o outro, nada aconteceu
Acenou com as mãos e a luz apareceu
Baixou os braços e voltou o escuro
Jamais se vira em tal apuro
E não lhe restou outra solução
Que essa moderna posição
De aliviar a dor
Dizendo adeus ao sensor
Pensou no culpado
De tal resultado
Era o azar agarrado à pele
Foi então que da sanita
Veio uma perguntou aflita:
- Podia dizer-me onde está o papel?
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