terça-feira, 18 de janeiro de 2011

APONTAR É FEIO

O nervoso secava-lhe a garganta e colava-lhe a língua ao céu da boca. Era por ali que tinham de sair as palavras, estruturadas, fluentes e isso ainda mais o angustiava. O aperto no estômago encolhia-o na direcção dos sapatos. Tinha de iniciar a palestra e não sabia por onde. Era imensa a escuridão. Apelou a todos os Santos que conhecia para o iluminarem. Não se sabe se por intervenção dos invocados ou se por mero acaso lembrou-se; meteu sôfregamente a mão no bolso, procurou e lá estava. Trouxe-o para a luz do dia. Uma estúpida dúvida sobre se tinha pilhas foi logo desfeita pela pressão do botão ON. Magnífico! O ponteiro luminoso que recebera como prenda de anos acendera. Com ele passou a ter uma luz ao fundo do túnel. Com ele podia falar do que não sabia que o ponteiro encarregava-se do resto. Com ele podia até apresentar o boletim metereológico. Vou ver se chove.

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