Não meus irmãos, não interpreteis mal a luz com que a santa madre igreja vos ilumina o caminho. Ao contrário do que dizem os descrentes da fé, não estais impedidos do contacto, digamos, procriativo, até porque nem tendes o anjo anunciador que possa fazer das vossas esposas mães virgens. O pecado insidioso e vil não reside na perpetuação da espécie, mas na fraqueza de cair nas tentações pérfidas com que o demo investe contra as nossas partes, digamos, mais salientes. Atentai pois, se virdes na noite festiva que se avizinha alguma mulher de lábios rechonchudos, macios e sedosos, desesperada por um ósculo húmido, quente e demorado; se essa mulher vos lançar um olhar lascivo e penetrante como que a implorar-vos ser possuída nem que seja na cúpula de uma torre sineira; se se oferecer em curvas longilíneas e insinuantes, em suculências peitorais entumescidas ou em movimentos traseiros cadenciadamente provocadores, estancai irmãos os vossos ímpetos. Essa mulher não é mais do que a encarnação do demo que outro propósito não tem que vos afundar nas trevas inclementes do pecado carnal. Aplicai sem hesitação repetidos beliscões nas virilhas até sentirdes a dor libertadora e encaminhai-me de imediato essa mulher para a sacristia. Depois podereis seguir em paz para comerdes as uvas passas e assistirdes ao fogo de artifício que eu me encarregarei de a exorcizar. Nem que seja na cúpula de uma torre sineira.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
HO, HO, HO
Sou um rico pai natal
Sem barbas e sem trenó
Dou presentes sem igual
A um indivíduo só
Levo bonitos papéis
Nesta pasta tão jeitosa
E conto até antes dos reis
Embrulhar o dr rosa
HO, HO, HO
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
A SALDOS
- Ò dispensável assalariado, você é uma lesma!
- Peço desculpa, venerável entidade patronal, mas tenho um problema
- Um problema? Eu fiz-lhe o favor de lhe dar um trabalho facílimo, um trabalho que não exige experiência nem esforço mental e você não sai do sítio! Ponha os olhos nos seus colegas que trabalham com tanto afinco
- Tem toda a razão, venerável entidade patronal, mas subsiste-me um problema
- Hirra, dispensável assalariado, você só tem de pegar na etiqueta do preço do produto e escrever a palavra ANTES e a seguir escrever o dobro do preço que lá estiver, compreendeu?
- Compreendi, venerável entidade patronal, mas ainda assim continuo a ter um problema
- Afinal qual é esse problema que aqui mais ninguém tem, dispensável assalariado?
- É um problema de consciência, venerável entidade patronal
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
NA TAL HIPOCRISIA
- Como deseja o cabaz de Natal?
- Quero 100 gr de paz e 100 gr de fraternidade
- Muito bem. E que mais?
- Quero 100 gr de peninha dos sem abrigo
- Isso já não temos que foi tudo num instante, mas ainda nos restou alguma solidariedade
- É fresca?
- Fresquíssima. Foi feita de propósito para esta quadra
- Ponha-me então 100 gr de solidariedade e mais 100 de compaixão que combinam bem
- E para trocar mensagens no telemóvel?
- Ponha-me meio kg de um santo Natal
- Já agora, não deseja um pouco de esperança num mundo melhor?
- Claro. Ponha-me 100 gr
- E para os refugiados, não leva nada?
- Sim, já me esquecia, ponha 100 gr de abraços
- E para as vítimas das guerras, dos terramotos e demais cataclismos?
- Está bem, ponha mais 100 gr de sentidas condolências
- E para os ...
- Ò homem, já chega! Agora vamos mas é ao meu cabaz de Natal. 10 kg de bacalhau, 4 perus, 3 cabritos, 2 lagostas e 3 bolos rei. Para começar.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
CONTAS DE NATAL
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
- Desculpe, não estou a desejar-lhe um feliz Natal, pergunto-lhe se está a ter um Natal feliz
- Claro que estou
- Encontrou, portanto, o sentido do Natal
- Não, fiz um empréstimo e comprei a felicidade natalícia
- Acha que foi a melhor escolha?
- Sem dúvida, saquei uma taxa em promoção de Natal e o banco ainda me ofereceu uma anuidade do cartão de crédito de prenda
- Não pensou antes em celebrar o verdadeiro espírito do Natal?
- Isso não interessa nem ao menino Jesus
- E tem, ao menos, por onde pagar?
- Não, mas o banco acredita no pai Natal
- E quando deixar de acreditar?
- Peço um aumento de prazo até ao próximo Natal e faço outro empréstimo para pagar este
- E terá novamente?
- O quê?
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
- Obrigado, igualmente
- Desculpe, não estou a desejar-lhe um feliz Natal, pergunto-lhe se está a ter um Natal feliz
- Claro que estou
- Encontrou, portanto, o sentido do Natal
- Não, fiz um empréstimo e comprei a felicidade natalícia
- Acha que foi a melhor escolha?
- Sem dúvida, saquei uma taxa em promoção de Natal e o banco ainda me ofereceu uma anuidade do cartão de crédito de prenda
- Não pensou antes em celebrar o verdadeiro espírito do Natal?
- Isso não interessa nem ao menino Jesus
- E tem, ao menos, por onde pagar?
- Não, mas o banco acredita no pai Natal
- E quando deixar de acreditar?
- Peço um aumento de prazo até ao próximo Natal e faço outro empréstimo para pagar este
- E terá novamente?
- O quê?
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
VENTAS AGRESSIVAS
Bom dia. Convoquei este briefing para transmitir ao staff a minha insatisfação com o feedback do sales process. A estratégia de marketing, em linha com o nosso budget, foi direcionada para um target adequado, fizemos branding, benchmarketing, smarketing, mas o follow up continua aquém. Isto posto é absolutamente indispensável avançar já para as seguintes actions:
1. Prender os utilíssimos purificadores de água às torneiras com cadeados de forma a não permitir que os velhinhos os possam retirar. Ameaçá-los que se o tentarem terão de os pagar de uma só vez e não nas 24 suaves prestações mensais que oferecemos.
2. Não abrir as portas dos autocarros das excursões gratuitas ao Bom Jesus de Braga sem que todos os ocupantes tenham comprado, pelo menos, um prático e sempre necessário jacuzzi portátil.
3. Arrastar pelas orelhas os que se recusarem até ao teste gratuito mais próximo e aí obrigá-los a ouvir Metallica no som máximo, até que passem a necessitar do nosso maravilhoso aparelho auditivo. Tratem-lhes da saúde, antes que eles nos mandem para a deadline.
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
É COMO O CARANGUEJO
- O senhor desculpe, mas vai a andar para trás
- Não vou não, vou a andar em frente
- Como é que vai a andar em frente se está a andar para trás?
- Quem lhe disse que estou a andar para trás?
- Estou a vê-lo recuar
- E por acaso o senhor sabe qual é a direcção de em frente para me dizer que estou a andar para trás?
- Bom, a direcção de em frente é para a frente e a direcção de trás é para trás
- Engana-se, caro senhor, muitas vezes para se andar em frente, tem de se andar noutras direcções
- Desculpe, mas não estou a acompanhar o andamento
- Por exemplo, uma vez fui surpreendido pelos vapores etílicos e cheguei a casa a andar de lado
- Para que lado?
- Para o lado de casa. Se tivesse andado em frente em vez de lado, decerto não teria encontrado a casa e a minha vida teria andado para trás
- Quer então o senhor dizer que andou de lado para andar em frente?
- Precisamente. E também se pode andar em frente andando-se para trás
- Como assim?
- Veja o governo, conseguiu um estrondoso sucesso na diminuição da taxa de reprovações
- Como?
- Acabando com os chumbos
- E daí?
- Lá está, para andar em frente andou para trás
- Mas isso não será andar de cavalo para burro?
- Não. Isto é o burro a andar a cavalo.
terça-feira, 19 de novembro de 2019
CHUMBAR SÓ OS DENTES
- Menino mono, sabes quem foi Afonso Henriques?
- Sei sim, cê pessora, foi akele sinhor que vateu na mãe
- E por que bateu ele na mãe, como tu dizes?
- Porke andaba metido na droga e keria rouvar-lhe o dinheiro todo e a mãe num deixaba
- Ò menino mono, de que Afonso Henriques estás tu a falar?
- Do kera meu vizinho no r/c. Agora já num é. Foi conkistar a Pasteleira òs mouros, que a kilo é xeio de bermelhos
- Está bem, menino mono. E que sabes tu sobre as descobertas?
- Sei que travalho todas para a madame Bernardete numa kasa de massages ali pós lados da Areosa
- Que descobertas são essas, menino?
- São vem voas, cê pessora. Os filhos de voas famílias passo lá a bida; são os basco da gama, são os vartolomeu dias, são os diogo cão. E tamém lá bão dirigentes de futebol desfraldar a vela
- E o salazar, menino mono, diz-te alguma coisa?
- Diz-me sim, cê pessora. É kom ele keu komo os valdes de Nutella. Dá-me muito jeito pa rapar o fundo.
- E o que representa para ti o 25 de Abril?
- Muito cê pessora. É o dia em ku pingo doce faz promoções espectakulares e as grades de jola é ò preço da uba mijona
- Menino mono, estou a referir-me ao golpe de estado
- Tamém eu. Hoube um que quis sakar-me uma grade da mão, eu peguei na minha naifa e dei-lhe um golpe de estalo
- Menino mono, vamos mudar de matéria. Qual é o presente do indicativo do verbo tirar?
- Eu afano, tu sakas, ele agasalha, nós abafamos, vós botais a luva, eles nago-se
- Menino mono, dá-me uma razão, uma só razão para eu te poder passar de ano
- Uma razão, cê pessora?
- Sim, basta uma, menino mono
- António Costa, cê pessora.
domingo, 10 de novembro de 2019
IMOVIGÁRIO
- A royal golden state fuck you gardens, lofts, terrasses & coiso, dá-vos as boas vindas a este deslumbrante apartamento na maravilhosa e sempre invicta cidade do Porto. Uma casa de sonho que é o vosso sonho de casa
- Está bem, está bem, mas diga-nos, o que é isto encostado à parede?
- É a cama, estimada senhora
- Mas a cama está ao alto
- Precisamente cavalheiro. Assim sai directamente dela sem ter a maçada de se levantar, acto prejudicial à saúde porque efectuado em frio e como tal propiciador de lesões.
- E isto aqui é o quê?
- É a cozinha, estimada senhora
- A cozinha? Mas eu estou a ver uma sanita
- Isso já é a casa de banho, cavalheiro
- A sanita ao lado do fogão?
- Precisamente, estimada senhora. Procuramos uma total optimização do circuito da alimentação por forma a proporcionarmos o máximo conforto ao cliente. Assim não tem necessidade de percorrer distâncias inúteis entre a degustação e a descarga
- E onde está o espaço para comer?
- Ali, cavalheiro
- Mas ali é a casa do vizinho
- Sim, estimada senhora, mas temos um acordo com ele para que vos disponibilize a sala dele às segundas, quartas e sextas, ao jantar. Se pretenderem usufruir do referido espaço por mais tempo, não está incluído mas poderão negociar directamente com o vizinho. Dizendo que vão da nossa parte ele, decerto, fará uma atenção
- E onde está o lavatório e o duche?
- Na banca cavalheiro. Como vê possui dimensões generosas e a torneira é extensível e com efeito cascata
- E qual é a arrumação que isto tem?
- Muita, estimada senhora, desde que não recebam demasiada correspondência
- Mas onde fica essa arrumação?
- Na caixa do correio, cavalheiro
- Ouça lá, este apartamento é pequeníssimo
- Peço desculpa, estimada senhora, não é pequeníssimo, é aconchegante e com a enorme mais valia de vos oferecer vistas únicas sobre esse ícone monumental da cidade que é a Torre dos Clérigos
- Mas onde está a Torre dos Clérigos?
- Ali, cavalheiro
- Ò homem, ali é um poster da Torre dos Clérigos
- Pois é, estimada senhora, mas a fotografia é de alta resolução o que só encontra em imóveis de segmento muito elevado como, felizmente para vós, é o caso deste
- Olhe lá e quanto custa isto?
- Como estamos em campanha de lançamento os senhores foram bafejados pela sorte e, vejam bem, não vos custará mais de meio milhão
- Meio milhão? Isso é caríssimo
- Ora bem, também temos para quatrocentos mil
- E qual é a diferença?
- Os de quatrocentos mil não têm poster, cavalheiro.
sábado, 9 de novembro de 2019
MIGRAÇÕES
- Ò pás
- Diz, pás
- Já biste esta cena dos migrantes ou refugiantes ou lá ke é?
- Já, pás, parece kagora tá na moda ser refugiantes
- Isso é o keles diz. Eles ker é ser moinantes
- Savem totil. Per iço é que bêm às karradas nas varcaças
- E se kalhar até gamam as varcaças òs pescadores da terra deles
- E às tantas os desgraçados fiko a peskar à linha de galoxas
- Ka água pela tomatada
- E os mânfios no vem vom a biajar à vorliu
- Ò pás, isto é gente ke num interessa
- Poi não, pás, eles ker é mama e travalhar bai no vatalha
- É uma bergonha, pás
- Pois é, pás
- Olha lá, pás, por falar em travalhar, o negócio tá frako
- Pois tá, pás, inda só bendi 2 doses ò chabalo do bm e 3 ò da porcheta
- Se kalhar é melhor fazermos komós refugiantes
- Komo?
- Desandamos do Aleixo e nabegamos pá Pasteleira ke dá mais arame
- É melhor é, pás, ke sisto kontinua assim este mês ainda tenho de mexer no rendimento social de injecção. Ou lá ke é, pás.
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
CATA O PAI NATAL
Digníssimo, prezadíssimo e nunca por demais osculado Pai Natal,
Não, desta vez não te irei decepcionar. Sei que o fiz no passado mas, por favor, tenta compreender. Todos me falavam nas pombas das meninas e eu que tenho um columbófilo dentro de mim, também queria uma. Muito bem estiveste em não me atender o pedido e ainda melhor na explicação profiláctica que me dispensaste. Foi assim que aprendi que o que até à data servia para pouco mais do que me causar inauditas trilhadelas nas trusses, era afinal o mais profícuo e genuíno alimento para pombas. Fiquei tão contente que me acerquei do meu progenitor e lhe expus de forma efusiva tal descoberta. Ele, porém, não me acompanhou no entusiasmo, alertando-me para o facto de, não raras vezes, quem proporciona o alimento ainda ter de pagar por cima. Confesso-te que não percebi bem o raciocínio mas fiquei com a impressão de que, em matéria columbófila, o meu pai tem o saber de experiência feito.
Para este ano, querido Pai Natal, o meu pedido é muito simples; quero um cateterismo. Não sei bem o que é, mas percebi que, se bem promovida, é coisa para inculcar estratégicos receios nos meus ascendentes a respeito da minha saúde. Ora, usando bem e a meu favor tal preocupação poderei direccioná-los para a obtenção de vantagens variadas, designadamente ao nível da diminuição das tarefas domésticas e do reforço em numerário no bolso, não vá o meu pai estar certo no que respeita a pagar para alimentar.
Quanto ao pedido que te dirigi o ano passado, podes votá-lo ao esquecimento porque o sr dr costa já mo atendeu. Retirou o lápis da orelha, realizou umas contas concisas mas plenas de aritmética e decidiu que a partir de agora ninguém chumba na escola. Que bom, assim até me vai sobrar tempo para alimentar um pombal.
Recebe um forte abraço extensivo às renas e ao trenó, deste que tanto te estima e se assina,
Nokas pombeiro
domingo, 3 de novembro de 2019
PAVILHÃO ROSÉ MOTA
- Que bai ser?
- Meia encosta, está vom de ber
- Vranco ó tinto?
- Tanto faz que estou faminto
- E agora, que se segue?
- Um palhete que escorregue
- Vranco ó tinto?
- Muito, que eu cá consinto
- E agora, pá cavar?
- Seper voque a estalar
- Branca, preta, grande ou pequena?
- Quero seper voque arena
- Se o que queres é brincadeira, vai pó tasco do moreira.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
ESTAIS DE TODO
Ponderei não o fazer mas foi superior às minhas forças. Se há mal neste mundo que me trespassa é a injustiça e contra ela investirei sempre de pena afiada. Apontar o dedo é fácil, reconhecer valia nem tanto. Um homem trabalhador, esforçado e estudioso está a ser alvo de uma campanha difamatória. Esquecem-se os que difamam que foi num desses dias em que, regalados, gozavam o descanso domingueiro, que esse homem concluía de forma abnegada o seu primeiro curso superior. Esquecem-se os que difamam que, para aprofundar o seu saber, se sacrificou ao ponto de dar continuidade aos estudos longe do seu país, do seu lar e dos seus dossiers e outros papéis queridos. Esquecem-se os que difamam que o coração de ouro deste homem o impeliu a pedir emprestado para auxiliar necessitados e, sobretudo, necessitadas, com total desprendimento, movido por uma insuperável vontade de bem fazer. Esquecem-se finalmente os que difamam que este homem foi atraiçoado de forma vil pela própria memória, que o ataca sem tréguas na sua busca pela verdade, obrigando-o a terminar muitos dos seus esforços com um contrariado "não me lembro".
Ficai a saber, pecadores, que tantas atoardas, tantas falsidades, tanto apoucamento, terão a merecida punição no dia do juízo final até porque, eu próprio, já instruí devidamente o criador nesse sentido.
Voltarei para me bater pela justiça mas, por ora, vou andando porque, sou franco, não aprecio a medicação dos dois indivíduos de bata branca que ali vêem na minha direcção.
Pela justiça, nem que me cortem a...voz.
manuel marado da silva internado
terça-feira, 29 de outubro de 2019
LIGA DOS ÚLTIMOS
- Ganhamos!
- Olha lá, ganhamos o quê?
- Ganhamos o primeiro lugar nos países da Europa que mais transferências fizeram para paraísos fiscais
- Ai sim?
- Sim e ganhamos o primeiro lugar nos países mais envelhecidos da Europa
- Não me digas
- E também ganhamos o primeiro lugar nos países da Europa onde a população tem menos habilitações académicas
- Espectacular pá, só vitórias
- Só vitórias não porque ainda nos falta uma muito importante
- Qual?
- Ganhar o primeiro lugar nos países mais corruptos da Europa
- E achas que temos hipóteses?
- Claro, pá. Nem que tenhamos de voltar a meter o sr eng. sócrates como treinador.
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
CÂMARA DO PORTO MOLAFLEX ARENA
Ali para os lados de Campanhã, muito próximo da estação, um estabelecimento de reduzidas dimensões mas transbordante de calor humano, prestou durante longos e bons anos um louvável serviço no que ao estreitamento de laços de amizade concerne. Bar Liberty era o seu nome e não poucos são os que ainda recordam, com os olhos rasos de saudade, as noites em que deixaram a solidão à porta e se libertaram no Liberty das agruras da vida, com boa bebida e melhor companhia. Alguns aproveitaram o convívio de tal ordem que, tendo entrado anónimos, saíram convencidos que eram o indiana jones, o 007 ou até mesmo o nel monteiro. E todos, sem excepção, saíram muito mais aliviados, carteiras incluídas. Veio depois o progresso com a ditadura do virtual e a casa foi definhando, acabando por fechar os olhos num estertor de agonia. Mantém-se estoicamente o letreiro que o tempo e a ferrugem ainda não lograram derrubar. Aproveitando os ventos de modernidade tradicional ou de tradicionalismo moderno que sopram pela urbe, que uma alma tenha a lembrança de recuperar tão genuína referência da zona oriental, nem que seja recorrendo a um patrocínio de uma marca que no final da obra fique associada ao nome. Que esta pérola da invicta possa pois renascer e se passe a chamar, quem sabe, Bar Liberty Durex. A menos que, entretanto, o presidente da câmara tenha tomado para si a ideia e já se chame moreirex.
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
ALTERCAÇÕES DO CLIMAX
As calotas polares estão a mingar e os calotes bipolares a aumentar.
Agora, ao contrário doutrora, os ursos vivem à toa em cubículos iguais aos T0 do Porto e de Lisboa.
As águas subiram de nível e puseram a boiar o sarcófago do aníbal.
No litoral o mar fez mal, galgou praias e casas de uma assentada e até a cabana do josé cid foi levada. Resistem as adegas regionais onde donos e fregueses lutam arduamente para impedir que a água entre.
Ventos ciclónicos varreram a polícia das ruas deixando os meliantes a fazer das suas. Restou um sinaleiro para regular o trânsito de forma ordeira, pelo menos até regressar ao Conde Ferreira.
O grelhado substituiu o estufado por causa do efeito de estufa que estafa e tufa, não deixa ninguém sossegado.
As vagas de calor abrasador aqueceram o povo mais do que os filmes porno e os ares condicionados já não conseguem melhor que um ambiente morno.
A poluição é uma consumição e quem tiver a ideia patética de ir ao rio tomar banho de ética sai de lá bacoco e ainda mais badalhoco.
Há enxurradas por todo o lado que deixam o ministério público alagado.
Há os tsunamis mentais das novas oportunidades que levam os tacanhos e só trazem sumidades. Ou calamidades.
Mas acalmemo-nos, pois que uma vaga de fundo não deixa que este mundo vá parar ao outro mundo, liderada pela greta, guardiã do planeta, que mata e esfola toda a gente para proteger o ambiente. E luta-se por alternativas ao carvão e ao petróleo fazendo-se marchas lentas em viaturas a gasóleo. Para a água que é bem escasso há ordem para poupar. E os portugueses do alto do seu civismo não puxam o autoclismo depois de urinar. Por algum lado, pois claro, tinham de começar.
terça-feira, 22 de outubro de 2019
É O TERISMO, POIS CLARO...
Voas,
Chamo-me zeca ranhoso e sou poprietário do "come no vuraquinho", casa de pasto tirpeira onde se agasalha até se lhe chigar cum dedo.
Aqui fico os pratos do dia:
. Çelada de vacalhau cu azeitonas, cevola e um fio de azeite
. Jaquinzinhos cu arroz de tomate a fegir po prato fora
. Rijões à moda do porto
. Papas de çarravulho
Agora em englês pá vranger o çeguemento de terismo que por aí anda:
My neime is joseph trash of the nose and ai eme the voss of the "eat on the litlle ass", traiper house of pasto where you eat until you say, ...dasse!
Here the dixes of the day:
. Punheyte of code fixe with olives, cê ball and a fy of tony carreira
. Litlle joaquins with testikle rice running away of the pleite
Ryjohnson at Porto fashion
Paipes of brexit.
Vom apetite, good enfardeyte.
sábado, 19 de outubro de 2019
ESCRITO À PALA
O sonho maior dos portugueses, a seguir ao euromilhões, ao falecimento súbito de uma tia rica e ao dizer adeus em directo na televisão, é andar de carro à pala. Qualquer análise sobre o fenómeno que se queira pautada por critérios de objectividade tem, necessáriamente, de atender ao facto do país se encontrar partido em dois. Neste contexto, pode dizer-se que os nativos do sector privado experimentam maiores dificuldades em concretizar o sonho. Não poucas vezes são forçados a recorrer ao empréstimo de um amigo de ocasião, ao incontornável cheque sem cobertura ou, ao sempre tentador abastecimento e fuga. Os do sector público, ao invés, dispõem de um leque mais alargado de opções. Desde as viaturas do poder central até às municipais, passando pelas da polícia e do exército, circulam em boa desenvoltura, com a expressão inconfundível de quem anda à pala. É com ela estampada no rosto que se poderá ver o motorista de um ministro a aproveitar a reunião de governo para conduzir a estatal viatura até local recatado e aí experienciar, juntamente com a namorada, a suspensão a partir do banco traseiro. Será também com idêntica expressão a iluminar-lhe o facies que se observará um funcionário da limpeza a deslocar-se à EDP no camião do lixo para liquidar a sua conta da luz ou o agente da autoridade a accionar a sirene da viatura policial para chegar mais depressa ao cozido que a cara metade lhe preparou no doce lar. Poderá até ser percebida no jardineiro que se desloca no carrinho de cortar relva à sede do clube do coração para aí pôr as quotas em dia, deixando um rasto de erva no alcatrão que lhe acentua, e bem, a faceta ecológica.
Ainda que as possibilidades de concretização possam ser diferentes, os superiores valores morais que informam os nativos de ambos os sectores revelam-se convergentes ao ponto de se poder, também nesta matéria, estabelecer mais uma parceria público-privada. Com efeito, uns e outros, confrontados com os casos noticiados a ritmo diário de apropriação indevida de bens alheios, são unânimes, céleres e contundentes a sentenciar:
- Cambada de ladrões! Comigo, iam todos de carrinho.
segunda-feira, 27 de maio de 2019
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
CÃOCURSO
Leva-se a conhecimento do público em geral que vai ter lugar o CAG ART, primeiro grande concurso de escultura canina na cidade do Porto. Os donos de cães interessados em participar terão de vir munidos de boas doses de comida canina e cada cão terá de vir munido de cu. Os locais para a realização das esculturas serão delimitados, estando apenas confinados a todas as praias, parques, avenidas, ruas, travessas, becos, vielas, passeios, passadiços, praças, pracetas, largos, jardins, canteiros e floreiras da cidade. Cada animal, com exclusão do dono, poderá concorrer com um número ilimitado de esculturas, sendo valorizadas as de especial complexidade técnica, como as executadas quando presos por trela com o dono a correr ou enquanto aliviam o pulguedo da zona testicular.
O júri será composto por ilustres representantes da câmara municipal do Porto e pelo insigne representante da respectiva polícia municipal, cabendo o voto de desempate ao presidente da edilidade que, de esculturas moles, percebe ele. A entrega de prémios ocorrerá nas instalações do antigo matadouro, imóvel cujo cheiro melhor se adequa à temática do evento.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
QUE MONO ICADO
Em nome do governo de Portugal e em total sintonia com os nossos credores europeus, perdão, amigos europeus, anúncio que o nosso país reconhece o sr guaidó como presidente da Venezuela. Aproveito igualmente para deixar o aviso a todas as restantes ditaduras do mundo, perdão, a todas as restantes ditaduras do mundo com petróleo, que, se não convocarem eleições no prazo máximo de, vá lá, semana e meia, o governo de Portugal reconhecerá como líderes políticos aqueles que, em cada caso, forem nossos amigos, perdão, amigos da democracia. Mais aviso, em nome do governo de Portugal, que estamos disponíveis para enviar forças militarizadas para qualquer ditadura do mundo com petróleo. Para o efeito temos já de prevenção e pronto a sair um contingente constituído por 35 comentadores de futebol, especializados em guerra verbal, 47 paraquedistas da função pública e 1 coronel recentemente promovido pelos bons serviços prestados a formandos, sob o comando de um oficial da força aérea, que andava a dar à palmada na messe, para se especializar em camuflagem.
Viva o governo de Portugal, perdão, viva Portugal!
domingo, 3 de fevereiro de 2019
BAZAI!
- Já temos tudo a postos, meu comandante
- Muito bem sargento, então quantos caças vamos mandar para a Venezuela?
- Nenhum, meu comandante
- Nenhum?
- Precisamente, meu comandante
- Porquê?
- Três estão a deslargar peças, um está a bater válvulas e ao outro roubaram-lhe o jacto, motivo pelo qual não arranca
- Roubaram o jacto?
- Precisamente, meu comandante. Há quem diga que foi um drogado que o meteu na casa da avó para substituir o cilindro que estava roto
- Então e quantos helicópteros vamos mandar?
- Nenhum, meu comandante
- Nenhum?
- Precisamente, meu comandante. Um não chegou a vir por causa das cativações daquele sr dr ministro e o outro foi contra um drone e empenou a ventoinha
- Então, não sobra nenhuma aeronave para mandarmos?
- Havia a avioneta, meu comandante, mas o cabo mecânico foi nela para Pedrógão, ajudar um compadre do presidente da câmara a recuperar uma casita
- Quer dizer que não vamos mandar nada, certo?
- Vamos, sim senhor, meu comandante
- Mas vamos mandar o quê?
- O drone que bateu no helicóptero, meu comandante
- O drone?
- Precisamente, meu comandante. Assim fazemos uma guerra moderno/tecnológica e até ficamos bem na fotografia
- Boa sargento, mas como é que mandamos o drone?
- Via CTT, meu comandante. Se for em correio azul, mesmo com os atrasos, em quinze diitas está lá.
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
SEMPRE...
São cada vez mais. Os que chupam o sangue fresco da manada, os que comem tudo e não deixam nada. Aqui fica o meu tributo a um homem que dedicou toda a sua vida a enfrentá-los.
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
MAIS UMA PARA A LISTA
Agora sou camionista
Mas já fiz de taxista
Eu dou show em qualquer pista
Vivo do fogo de vista
E com o meu ar moralista
Passo até por catequista
Mas sou fino, oportunista
Enganador, ilusionista
Troca tintas, populista
Sou, enfim, um grande artista
AZARA, AZARA, SEM RECURSO PARA O VARA
Está lá, zezé, olha não tive outro recurso senão vir cá bater com os costados. O quê? Não, pá, não consegui. Numa jogada de recurso, ainda tentei recorrer para o tribunal internacional dos direitos dos robalos mas não havia. Isto de recorrer à justiça é uma vergonha, pá. Olha, então quando cá estiveste não recorreste ao teu amigo para fazer obras de recuperação? Logo tu que estás habituado a recorrer a ele para fazer obras de recurso em coisas que não são tuas. Agora nem a uma poltronazita posso recorrer. É verdade que, em vez de poltronas, estava habituado a recorrer a bancos, mas eram bancos bem forrados, pelo menos enquanto recorri a eles. Sabes zezé, estou a recorrer a ti porque precisava que recorresses ao teu amigo, que é homem de recursos, para ele me mandar dossiers. Para quê? Preciso de recursos para acalmar uns ursos que andam por aqui. Porquê? Porque eles andam com cara de quem quer recorrer a mim por via do recurso. Ao sabonete.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
AU AR IU?
Exmo sr dr moreira,
Antes de mais deixe-me parabenizá-lo pelo inestimável trabalho desenvolvido, que permitiu transformar a cidade num destino turístico de eleição. Agora que temos mais hotéis do que ruas, mais tuk tuk do que autocarros, mais restaurantes gourmet do que lojas dos correios, falta apenas a oficialização em inglês do linguajar tripeiro. Estou certo que o conforto linguístico que daqui resultará para quem nos visita, facilitará o entendimento com os autóctones e contribuirá para o processo de internacionalização da cidade em que v exa tanto está empenhado. Aqui lhe deixo alguns exemplos; quando um turista não acreditar no que v exa lhe disser, poderá lançar mão do tradicional "Go wash the dog". Quando v exa o quiser convencer que está perante iluminações de natal de elevado gabarito, o turista poderá utilizar o "Go for a walk around the big bilhar" ou se quiser, o muito ouvido "Goes at the batlle". Sempre que v exa promover o Porto como uma cidade limpa, o turista poderá recorrer ao conhecido "You are armed in morken" e finalmente se v exa lhe quiser ir de novo ao bolso, poderá o turista socorrer-se do "Go to vergaite the moil" ou até do clássico "Put the taxes in the ass eye".
Apresento-lhe os melhores cumprimentos que é como quem diz, "I'm going with the frosques".
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