Não meus irmãos, não interpreteis mal a luz com que a santa madre igreja vos ilumina o caminho. Ao contrário do que dizem os descrentes da fé, não estais impedidos do contacto, digamos, procriativo, até porque nem tendes o anjo anunciador que possa fazer das vossas esposas mães virgens. O pecado insidioso e vil não reside na perpetuação da espécie, mas na fraqueza de cair nas tentações pérfidas com que o demo investe contra as nossas partes, digamos, mais salientes. Atentai pois, se virdes na noite festiva que se avizinha alguma mulher de lábios rechonchudos, macios e sedosos, desesperada por um ósculo húmido, quente e demorado; se essa mulher vos lançar um olhar lascivo e penetrante como que a implorar-vos ser possuída nem que seja na cúpula de uma torre sineira; se se oferecer em curvas longilíneas e insinuantes, em suculências peitorais entumescidas ou em movimentos traseiros cadenciadamente provocadores, estancai irmãos os vossos ímpetos. Essa mulher não é mais do que a encarnação do demo que outro propósito não tem que vos afundar nas trevas inclementes do pecado carnal. Aplicai sem hesitação repetidos beliscões nas virilhas até sentirdes a dor libertadora e encaminhai-me de imediato essa mulher para a sacristia. Depois podereis seguir em paz para comerdes as uvas passas e assistirdes ao fogo de artifício que eu me encarregarei de a exorcizar. Nem que seja na cúpula de uma torre sineira.
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