sexta-feira, 30 de setembro de 2011

TEMPORIZADOR


- Que estás a fazer?
- A matar o tempo.
- Que mal te fez o tempo?
- Pôs-me velho antes do tempo
- Não deste tempo ao tempo
- Não sejas contratempo
- Tu é que correste contra o tempo
- E tu que fizeste ao tempo?
- Fui a tempo
- És de bom tempo
- Ter pressa faz perder tempo
- E ter calma faz ganhar tempo?
- Tudo a seu tempo
- Não tenho tempo para o teu tempo
- Pois, estás a matar o tempo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

FUTEVÓIS


- ESTÁ MAU
- Pois tá. O impate enkarkilhou tudo
- A TROIKA EMPURRA-NOS PARA TRÁS
- Debe ser de fazer pressão alta a meio campo
- OS IMPOSTOS NÃO PARAM DE SUBIR
- É comós alas. Pá poiar o atake
- E QUEREM FACILITAR OS DESPEDIMENTOS
- Axo vem. A xicotada psikelógica às bezes dá efeito
- E NÃO VAI FICAR POR AQUI
- Depende do próximo desafio
- DEPENDE É DO QUE SE PASSAR NA GRÉCIA
- Ai nós tamos no grupo deles?
- INFELIZMENTE
- Infelizmente nom kos gajos num balem nada
- AINDA VAMOS ACABAR EXPULSOS DO EURO
- Expulsos? Deram pau?
- E QUE PAU. ISTO AGORA É TUDO A ROUBAR
- A kemeçar pelos árvitros
- OS QUE MANDAM AINDA SÃO PIORES. NEM OS POSSO VER
- Eu bejo. Na Sportêbê
- ENTÃO ESSE GASPAR, NÃO POSSO COM ELE
- Eu tamém nom. Gosto mais do Hulk
- OUVE LÁ, TU SÓ CONSEGUES TER FUTEBOL NA CABEÇA?
- Shttt, cala-te que kemeçou agora a nobela...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PAPA PUPILO


- És gustativa. Disse o pupilo à papila
- Vai dizer isso à pupila. Proferiu polida a papila
- Não sejas papalva. Provocou o pupilo
- Papalva não sou. Sou uma pepita, pupilo
- Uma papita, papila?
- Uma pepita palpável, pupilo
- Ai que já pulo, papila
- Olha papila, pupilo
- Parece um pepino, papila
- Pepino pequeno, pupilo
- Poupa-me, papila
- Ainda achas gustativa a papila, pupilo?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

OLHÓ PREGO!



1. Era um homem extremamente polido. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - parecendo que não, este acto involuntário provocou-me uma dor de tal forma lancinante que chega a formar-se no meu espírito uma assinalável vontade de soltar um impropério.

2. Era um homem de meias palavras. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - alho!

3. Era um homem que gostava de fazer publicidade a operadoras de TV. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - a dor é uma cena que não me assiste...

4. Era filho duma mulher de meia porta. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - Ah, mano!

5. Era um ilustre cientista de renome mundial. Contava com os mais prestigiados prémios internacionais e títulos honoris causa no currículum. Recebeu os mais rasgados elogios dos seus pares. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - ...dasse!

6. Era um homem distraído. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - para a próxima convém não me esquecer do prego.

7. Era uma mulher de apuradíssima sensibilidade. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo do marido disse: - porra, até a mim me doeu!

8. Era um sado masoquista inveterado. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - Tem paciência prego, agora sou eu.

9. Era um animal político. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - Fiz buraco....

10. Era um patrão moderno. Quando desferiu inadvertidamente(?) o martelo na cabeça do dedo do empregado disse: - deixa lá, é para isso que te pago.

11. Era um marxista leninista convicto. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo disse: - foice lá pró martelo!

12. Era assalariado. Quando desferiu inadvertidamente o martelo na cabeça do dedo foi despedido. Não atingiu o objectivo.





terça-feira, 20 de setembro de 2011

CONTRA FACTOS...


- Tu és do quê?
- Sou do contra
- Contra quem?
- Contra ninguém
- Então não és do contra
- Sou, sim senhor
- Dizes isso só para contradizer
- Não, digo isto só para contrariar
- Não há nada de que sejas a favor?
- Sou contra o favor
- Não percebeste
- Percebi, sim senhor
- Só consegues ser contra?
- Também sou a favor
- De quê?
- Do contraditório
- És contra o favor e a favor?
- Não, sou contravapor
- Isso é um contra-senso
- Não, é contra-regra
- Lá estás tu ao ataque
- Estou é no contra-ataque
- Por que não vais para a política?
- Sou contrabandos
- Já fizeste um balanço da tua vida?
- Sou contrabalanço
- Porquê?
- É um contratempo
- Então imagina que a vida é uma estrada
- Sou contra a imaginação
- Como é que te conduzes nessa estrada?
- Em contramão
- Não vez nada de bom para a humanidade?
- A contracepção
- Nem sei como te classificar
- Uma contradição?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DESTROÇE...


- O que é que você é?
- Sou doutor
- Estudou?
- Não
- Então como é que é doutor?
- É o arrumador que me trata assim. E tu?
- Sou arrumador
- Não estudaste?
- Até tirei um mestrado mas não arranjei nada
- É pá, toma lá uns trocados
- Obrigado, doutor...

domingo, 18 de setembro de 2011

CÃO DO FERREIRA



O meu nome é Cão dido. Não vos diz nada, claro. Mas se eu falar no Cão do Ferreira tudo muda de figura. Na rua ninguém diz que está ali o Cão dido mas todos dizem: - Está ali o Cão do Ferreira. Cão do estou junto dele não dizem: - Olha o Cão dido e o Cão do Ferreira mas apenas: - Olha o Cão do Ferreira. E se está sózinho ninguém diz o Cão mas o Cão do Ferreira. Afinal quem é esse Ferreira? E o que é que o Ferreira é mais do que eu? Não Cão preendo. No início tentei chamar-lhe Cão do Cão dido mas não pegou. Alguns chegaram a dizer-me: - Deixa o Cão do Ferreira senão ainda vais para Cão to. Cão fesso que fiquei Cão balido. Ainda por cima o Cão do Ferreira não é de fácil Cão vívio. Um dia Cão sado de tanta Cão sumição virei costas ao Cão do Ferreira e mudei-me para o Cão do Miguel. Chamei-lhe o Cão dido Miguel mas também não gostaram. - Vais lerpar como o Cão do Miguel! Ameaçaram. Tive de fazer uma Cão biante e passei a chamar-lhe o Cão do Miguel Bombarda. Nem assim. Para evitar más Cão sequências entendi por Cão veniente voltar para o Cão do Ferreira. Depressa Cão preendi que estava montado um Cão plot. Uns quantos armados em Cão com pulgas andam a Cãos pirar Cão tra mim. É uma Cão bada que se Cão centra no Cão tentor do recreio e me acusa de Cão rrupção. Querem Cão quistar o meu lugar mas estão Cão fundidos. Serei Cão tundente e Cão tinuarei a Cão trolar este Cão plexo. Nem que para isso tenha de lhes retirar os Cão primidos.

Cão to ao Ferreira Cão fidencio-vos que é Cão plicado ter de Cão viver Cão alguém que todos Cão nhecem menos eu. Resta-me o Cão solo de ter cá o Cão dele para poder brincar. Aos Cão boys.

Cão Cão primentos

Cão dido Padeço Forte
Director Cão rdenador do Cão do Ferreira

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SÃOZINHO



Tomo a liberdade de me dirigir a Vocênssias para transmitir uma verdade insofismável; sou o único que não está maluco neste Estabelecimento. Repito, o único. E considerem Vocênssias incluídos na minha longa lista os médicos, os enfermeiros, os auxiliares e o próprio Director. Poderão Vocênssias questionar-me com total propriedade: - Se é assim por que estou cá? Legítima pergunta para resposta imedita: - Não sei. Não sei se foi o destino, se a Providência, se as Forças do Universo que elegeram a minha pessoa para a ciclópica mas inebriante tarefa de recuperar as finanças e o prestígio desta colectividade. O seu estado é de tal ordem calamitoso que não se me oferecem dúvidas que só uma TROIKA a poderá salvar. Escolhida que está a cabeça elegi como braço direito o Osco, um homem que durante anos serviu garbosamente as forças da autoridade até ao dia em que começou a dizer que era a Chita e a dormir pendurado num candeeiro. Pelo rabo. O seu sentido de equilíbrio transmite-me inabalável confiança a que acresce uma característica que me agrada de sobremaneira: chama-me Tarzan. O outro é o Zé do Tubo. Amante de surf mas não de um surf qualquer. Um surf praticado em placa de contraplacado estilo cama de casal e enfiado dentro de um escafandro para no caso de cair já estar preparado. A partir de certo dia decidiu não mais sair do escafandro situação que, amortecendo um bocadinho o diálogo, facilita a localização.
Deposto que seja o maluco do Director, a nossa primeira medida será, ao contrário do que por aí se vê, a de aumentar as receitas. Como? Obrigando os médicos a passá-las em grande quantidade sem depois as aviar para poupar nas despesas. Afinal medicamentos para quê? Eles são malucos e são!
Por ora recolho aos meus aposentos para continuar a inspirar-me nos livros desses monstros sagrados da economia mundial que são os irmãos Paco: o Paco Mickey e o Paco Donald.
Termino pedindo-vos o máximo sigilo no tratamento desta missiva. Acaso chegue aos ouvidos do cão do ferreira, esse traidor, tudo cairá por terra.

Até à vitória, nem que seja pela margem mínima.

Com os meus respeitos.
Adosindo Toudetodo

terça-feira, 13 de setembro de 2011

TOU À CUCA



Oube lá, debes pensar queu sou teu bélhote, não? ANDORE!

Desculpai lá, num é nada cum bós, mas tibe denxutar um marmelo que anda sempre aqui a crabar grabeto. Tem a mania qué o Iba, o terríbal. Tá na cama 23. Ora o que secede é o seguinte, passo a dispôr:
eu sou o bigilante do ispital donde tá a Kátetrin...a Kátia Banessa. Ela pediu-me o fabor de bos curresponder. Mas primeiro fez-me ela um fabor a mim. E dos vons carago, que no fim até fumei uma cigarrada. Per acaso escreber é coisa que num bou daqui ali. Mas ela é uma mulher de armas. Se te armas a gaja aperta-te tanto as erbilhas que só consegues mexer os olhinhos e dizer que sim. Per conseguinte ela pediu-me para bos em formar que tebe uma fatal idade. O tininho, qué o gajo dela, fez-se maluco e eles mudaro-no de Questoias prá qui. Assim que chigou apanhou-a a fazer um favor ó Amaral que fecha um vocado mal e ó Nelito dos extrussegões e deu-le tamanha carga de faxo quela agora anda a valões de soro.
Dá-se quela pediu-me para bos dezer que andaba a treinar a escrita curatiba mas por causa do tininho tebe de fazer um interbalo. Cá pra mim a escrita curatiba debe ser quando ela escrebe enquanto a Ricamouca lhe faz o penso, num sei vem. Mas o moina do tininho já tebe o pago. Taba todo contente a tirar uma catota nasalina beio o cão do ferreira deule uma trinca no entrepernas cu tininho passou a andar de tacãozinho alto e a cantar o Ai Uill Sarbibe da Gloria Gaynor. Agora a Kátia tem mais um pruvlema. É quando a mãe do tininho bier à bisita. Pediu-me o fabor de num deixar entrar a belha porque já tem galos que chegue. Eu disse-le que sim desde quela me faça outro fabor dos vons. Num é nada num é nada mas sai-me do corpo.

Fiquem a contento queu fico atento.

Chico Atalaia

sábado, 10 de setembro de 2011

SAI UMA MOLHEIRA COM MOLHO!



- Ó vizinha?
- Diga vizinha
- Ainda tem ou tinha?
- Tenho e tinha.
- Como tem e tinha?
- Falta de linha
- Não alinha?
- Nem desalinha
- Folgue a baínha
- Nem para lá caminha
- Porque não caminha?
- Que ideia comezinha
- Então compre uma varinha
- Para quê, vizinha?
- Para se transformar em rainha
- Não está boa da pinha
- Ou numa linda sardinha
- Deixe a ladaínha
- Ou numa bela andorinha
- E a si numa erva daninha
- Ó vizinha!
- Diga vizinha
- Não toco mais à campaínha
- Isso isso, vá à vidinha
- Não, vou é comer uma francesinha
- Ai que maldita sorte a minha!

PRIMEIRA VEZ... HOJE



Bouas. Çou Kátia Baneça mas os fregueses tratome por Katetrinxo. Eles gosto munto de mim. Em kualkerlado. Na vouça, no karro, na penson e aki àtrazado até nas trazeiras do kontinente. Eu taba em promoção, o gajo aprobeitou e deskarregou.
Tou a alinhabarbos proke nunka tibe tão kriatiba. Tudo perkausa dakela songa belha da zirinha que me deu tantos krokes na caveça que agora só se me krio galos. Pakem num save a zirinha é a kota do tininho ké o gajo keu andava a kemer. O tininho até kécool só ke kria o grabeto todo queu faço ka klientela. Komeu num ledei deume ele a mim. Uma simelhante çarda katé komessei a kantar a tavuada dos nobe de trás pá frente. Çou franka, nunka guestei de tavuada. Por iço xivei o tininho à monaria e eles katarono na droga da prefição. A belha dele num foi à vola e enfardoume forte e feio que tibero de baixarme aospital. Eu num sei o nome do ospital mas ouvi dezer ké onde tamém tá internado o kâo do ferreira. Isto por aki até nem é mau, já tenho freguesia certa e de respeito, mas alguns lebaro mais krokes dokeu na mona e fikaro kom 1 dente enkabalitado na krimalheira. É o kaso do Nelito da enfermaria ao lado. Mal me bê komessa logo a krcer pá frente, a dar estrosseguões kos dedos dos pés e a vavar-se todo. Às bezes dizme que tamém é kriatibo mas eu çou franka nunka le bi galos na caveça. Çó akalma kuando bem a mouka e le dá 1 pika em kada lado do rego fureiro. Ninguém diga ke tá bem. Se birem o tininho digamle keu ainda gosto dele e ke num tem kulpa da mãe ke tem.

Fikem onde tão ke tão bem.

Kátia Baneça

Ó ... natural... até ao fim
25 beijinhos

ÁGUA E PENTE? PERCEBI PERFEITAMENTE...



Sou a enfermeira do Nelito. Gosto muito dele, tadito, mas faz tempo que andava com a pulga atrás da orelha. Nunca o tinha visto como agora. Dou-lhe a medicação que é sobre o forte para não aborrecer ninguém e não é que ele desata-me a escrever como se fosse aquela, a Margarida Rebelo coisa? E ainda por cima ri-se muito enquanto escreve. Ora quando se ri arregalam-se-lhe os olhitos, começa a bater com os pés no chão com muita força e a babar-se. Baba-se tanto que suja a camisinha de forças toda, os lençois da cama e às vezes até as truces. É preciso mudar-lhe tudo, tadito.
Eu não percebo patavina do que ele escreve mas também não admira. No estado em que ele está. Aqui há dias fui dar com ele a escrever, a falar alto e a rir-se. De repente parava e dizia: -Leilão! A seguir escrevia mais um pouco e gritava: - É lisa! Logo a seguir: - Martela! Mais adiante: - Zás! E sempre a rir-se muito. Leilão, é lisa, martela e zás? Cheguei a pensar: - tu queres ver que ele anda a tentar vender aquele quadro da Mona É lisa ao melhor preço?! Só quando o Nelito foi para o recreio é que eu catrapisquei no PÊCÊ dele que andava a falar convosco. Olha que vocês têm uma escrita muito parecida com a dele, sim senhor. Logo que possam digam-me em que enfermaria estão que eu faço-vos uma visitinha, taditos.
Agora vou ficar por aqui porque tenho de ir dar uma valente pica ao da cama 23 que chegou esta semana. Está bem pior do que o Nelito. Só fala em encostos e mais encostos e aumento de encostos e eu nem sei o que isso é. Se continuar assim vamos ter de o fechar no quarto almofadado, que remédio.
Não digam ao Nelito que vos escrevi, senão ele amua, começa a babar-se e depois lá está, só dá trabalho, tadito.

Continuação das melhoras para todos.

Teodora Ricamouca

Enfermeira

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EMPENA


Espremo-vos para vos trás mentir o meu pobre lema que me ó prima, de forma desova mana, me deixa à nora e à pera de um ataque de nabos. Com infecto, por muito que me forçe em senti o contrário, no cacto de trespassar as ideias ao pastel sou completa ementa dominó do pela minha pena. Foge de mim o que bem me quer, chama-me pronomes, prescreve parolas encontra alminha vontade, mamuda as frases sem cu fossa espevitar. Chaguei a fazer uma loisa; redigir numa coisa de Baile longo onde a pena não espreme. Quis por-lhe os pontos no giz mas o roído deste era torreiffel. Cinto quistou suspensório dos seus carrapichos e de pés e mãos patadas à sua merci. Borgonha óssea ó millho da Ção que atinge o peta mar mais alto quando me diz rijo à minha doze Adeneide. Comixei por lhe dizer que a mamava mas a pena acrescentou um M e altercou a minha em tensão. A seguir quis dar-lhe o meu mor cego, a pena refractou um A e Adeneide 10 fez-se num prato. Ainda pro cu dei em esforço dizer-lhe: - A dourada Adeneide, faço volts que compre enchas que as muitas grilas que tens pela fronte não são maminhas. Tola a culpa é desta pena cujo phoder é mais forte do comeu. Adeneide não me perdo eu e numa estante desa pareço eu.

Foice Adeneide e fiquei só, a olhar para as parentes desta habilitação de 1 assoadela sem ter a sua campaínha para de só pilar. Apenas a preversa pena facturar.

Serão Vortênsias os meus banjos salivadores?

Azeitem as minhas sudações.

José do Malho

domingo, 4 de setembro de 2011

RELATÓRIO


No presente 08 do efectivo corrente foi recepcionado na presente esquadra um pedido de deslocamento a  imóvel com nível degradativo elevado. O dito pedido revestia grau de urgência em atenção ao facto do referido imóvel estar a ser sujeito a utilização desadequada à conformidade por toxicodependentes. Atendeu-se à solicitação do solicitante e fez-se deslocar para o local uma viatura da sobredita esquadra com 2 efectivos, embora efectivamente em número de 4. Um foi apeado na Boavista para efectivar a liquidação do recibo da electricidade da referida esquadra e o outro na morada do senhorio da mesma que é a própria para efectivar o pagamento da renda da dita, dado o adiantado da data indicada.

Chegada perto do local do imóvel a viatura não pode progedir em boa marcha por se tratar de via estreita em largura embora larga em comprimento e por se encontrar estacionada uma viatura de rodado largo, metade no pavimento rodoviário, metade no pavimento pedonal e com o eixo no meio. Perante a contingência, o agente Osco apeou-se e percorreu os últimos 50 metros por meios próprios a pé, no cumprimento do dever. Internado no interior do dito imóvel deparou-se com 3 toxicodependentes com aspecto de quem consumia estupefacientes, rodeados de quantidades assinaláveis de lixo de variadas proveniências não referenciadas. O cheiro era de grau nauseabundo e provocava um odor impróprio para consumo. O agente Osco foi acometido de uma indisposição ao nível biliar com reacção de atordoamento, fragilização progressiva de membros e perda de equilíbrio, no que foi prontamente assistido pelos sobreditos toxicodependentes.

Um dos sobreditos deu-lhe a respirar uma substância de cor branca que, embora permitindo o recobro dos sentidos, impregnou no dito agente um olhar vago e o uso de uma linguagem codificada, destacando-se frases como " Ai que lindas panteras voadoras" ou "Sou a xita e amo o Tarzan". De seguida o referido agente formou um salto baloiceiro e pendurou-se no travejamento do tecto, iniciando a soltura de sons estridentes. Perante tal aparato os sobreditos citados toxicodependentes gritaram pela polícia tendo de imediato irrompido pela porta do imóvel, que já não existe, o agente Asco. O referido acabado de entrar iniciou a diligência pela identificação do dono do primata. Os mesmos toxicodepentes que são os sobreditos supra recusaram a propriedade pelo que lhes foi de imediato dada ordem de identificação. Um disse chamar-se Tininho, o outro Nando e o outro Zé da Fuska. Questionado este último referido sobre se o apelido Fuska era do lado do pai ou da mãe respondeu prontamente que era do lado do carjaque. Presume-se tratar-se de progenitor de origem francófona com forte inclinação para belga, embora com grau de certeza incerto.

O agente Asco foi impedido de concluir a diligência derivado ao ruído das buzinas proveniente da fila de viaturas formada atrás da viatura da polícia. Foi necessário proceder ao chamamento de reboque para desimpedir a via a fim de repor a fluência. Por falta de telemovel, derivado a este se encontrar em parte incerta, o mesmo agente recorreu, para o efeito, ao supra citado Nando que usou um dos seus diversos telemóveis. Um deles apresentava grau muito semelhante ao telemóvel do Agente Asco já acima citado em parte incerta, o que levou este que é o mesmo a concluir ter gostos comunicativos muito semelhantes aos do identificado Nando.

Até à hora presente não foi possível recolher o agente Alha que aguarda há meio dia à porta da loja da EDP e o agente Olho que já questionou sobre se estava para breve ao que respondemos Negativo. Os 3 sobreditos toxicodependentes referidos e identificados supra ofereceram-se para recolher ambos pelo que aguardamos instruções para os fazermos avançar de imediato. Requere-se ainda autorização para adquirir 500 gramas de amendoins por modo a atrair o agente Osco fazendo-o descer do travejamento do tecto onde ainda permanece em equilíbrio macacal. Não havendo outros factos de realçe a relevar no relatório conclui-se este e submete-se à consideração superior.

Segue original sem rasuras e 20 cópias datadas e assinadas.

Agente Ralhoco

Nota: em situações de emergência também a polícia deve ser criativa.



sexta-feira, 2 de setembro de 2011

COMPREENDI-TE


É imbuído da maior aspiração central que venho à presença de Vocênssias expectar que a minha prosaica vos vá de encontro a uma saudável preponderância. Foi com a convexidade da emoção a obstruir-me a glande que tomei plenitude da Vossa colesterosa veia. O deslumbramento assomou-se-me de tal jactância que me prostrou em apneia respirativa, inculcada de uma cor arroxeada que me cai em acintosa agradabilidade.
Modéstia à parte incerta sou pessoa de pena codiciosa embora deslizante. A língua mate não se me atrofia em problemáticas intrínsecas, quisto é, não tem segredos para a minha rapsódia. Quanto muito guardará um dois sem vacuidade importantiva. Posso mesmo adiantar-vos o relógio que na enfermaria onde permaneço em habitabilidade medicamentosa há até quem diga de mim: - É preciso ter pena. Não obstetra sinto a grandiosidade da minha pequenez atacanhar-se perante a altiva exiguidade de tão lustrosa verborreica. De entre o firmamento dos vossos desideratos, tomo a puberdade de descartar o "burger quim" que considero e estimo como a cerveja no topo do Volvo. A talentosidade sem paralelas assimétricas que vos alcandora aos mais imponderáveis horizontes, assume aqui um monumento impar e sem par, só ao alcance dos moribundos bafejados pela acutilância redundante. Bem hajam por esta lapada de ar fresco ou condicionado e ficai com a dúbia certeza de que retereis em mim um fiel de armazém.
Anseio que se mantenham a progredir em boa estanquicidade, assim a luz cupulativa da iliteracia Vos continue a encandear sem acréscimo de iva.

Com os respeitos da minha incontinência.

Amaral Fecha Mal