domingo, 31 de maio de 2020
QUANDO A ESMOLA É GRANDE O POVO DESCONFINA
Depois de meses de clausura quase neurótica que transformou o país num cenário de filme apocalíptico, eis que o governo, com o incontornável beneplácito balnear presidencial, anunciou o desconfinamento. Mas, atenção, não foi um desconfinamento qualquer. Pelo contrário foi um desconfinamento gradual, acompanhado atentamente pelas forças policiais, até porque o país ainda se mantém em estado de calamidade e avaliado semanalmente com a promessa de que tudo será revertido se não forem cumpridas as regras definidas. O que se passou a seguir foi o que já se adivinhava; o povo desconfinou como bem quis e lhe apeteceu, as regras que, em muitos casos representam um custo, foram rapidamente esquecidas e as polícias que mais do que nunca deveriam exercer a sua acção de fiscalização devem ter percebido mal a mensagem e fizeram precisamente o contrário, confinaram-se. Não tenho dúvidas que a economia, esse motivo maior do desconfinamento, vai crescer, mas por este andar ainda corremos um risco; o de assistirmos em directo ao sr professor dr presidente a elogiar o elevado sentido de responsabilidade do povo, enquanto um civil atira uma máscara usada para o chão e um polícia finge que não vê e se mantém ao telemóvel a segredar à mulher que está com uma vontade enorme que ela lhe confine uma punhetazinha. De bacalhau, claro.
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