domingo, 24 de maio de 2020

POLUIÇÃO MENTAL







O percurso pedonal do rio Tinto tem início no centro da cidade com o mesmo nome e termina no rio Douro, já na cidade do Porto. É uma zona verde de inegável qualidade embora ladeie um dos rios mais poluídos do grande Porto, cujas promessas de despoluição devem celebrar em breve as bodas de prata.

Decretado o primeiro estado de emergência, os autarcas, ou como agora se diz os "nossos heróis" de Rio Tinto e de Gondomar, correram lestos a encerrar a parte do percurso da cidade de Rio Tinto, obrigando os utentes a acumularem-se na parte do percurso do Porto que nunca fechou, aumentando consequentemente nesta zona o risco de contágio. Provavelmente os "nossos heróis" de rio Tinto e de Gondomar tiveram medo que a bicheza passasse para o lado deles, contaminando-lhes os ouros ou, quem sabe, desfeando-lhe o sempre esmerado monte crasto.

A seguir ao desconfinamento os ditos "heróis" reabriram o percurso pedonal de Rio Tinto mas, por um desmando do destino, eis que da ponte rodoviária que lhe passa por cima se desprenderam uns valentes calhaus que se foram estatelar no percurso. Uma vez mais os "heróis", demonstrando toda a prudência que os caracteriza, mandaram colocar grades para isolar o local em jeito de mensagem ao utente "não passes perto porque podes levar com um chaço na mona e depois nem um ventilador te safa". As grades já lá estão há muitos dias, tantos que uns vândalos até tiveram tempo para as arremessar ao rio.

Agora, para compôr o ramalhete dando-lhe visibilidade nacional, só falta aparecer o sr professor dr presidente, acolitado por gente importante e por comunicação  social que chegue, arregaçar as calças até onde lhe for possível e retirar as grades do rio, como fez há uns tempos com meia dúzia de eucaliptos. Era bonito.

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