sábado, 25 de agosto de 2012

É A OLÍMPIA, QUEM HABIA DE SER?



Meus amigos, estais bem? Eu por cá bou andando na cumpanhia do senhor. E não só, porque aqui há atrasado chiguei a casa e encuntrei um home a remexer-me na cozinha. O home trazia uma meia na cabeça e o meu nero, que é um desconfiado, pôs-se logo em posição de ataque. Ficou rijo comó aço. O problema é que nunca mais se mixeu. Só depois descobri que le tinha dado um grande ABC. Pudera, ele num tem cuidado ninhum cu a boca. Fui ter cu home, tirei-le a meia da cabeça e disse-le para num ter bergonha de ser feio, que feio é roubar. Ele gostou tanto das minhas palabras que até me abraçou. Só que começou a abraçar-me com muita força e eu, que num sou de cunfianças, dei-le um croque na tola. Debo ter exagerado um bocadinho porque saltou-le a polaca e foi espetar-se no quadro do menino a chorar que cumprei em Sampaio Bruno. Por acaso a polaca nem le assentou mal. O menino deixou de chorar e ficou com um riso a fugir pó fernandel. A seguir perguntei o nome ao home e ele respondeu que era fininho ou tininho, num sei bem. Depois contou-me a bidinha toda; que era munto religioso, que andaba sempre nas igrejas, que tebe um comércio, que foi assaltado e cu siguro num pagou. Pelo menos foi o que eu percebi, porque sem a polaca habia muita bentania pelo meio. Depois perguntei-le quem é que o tinha ensinado a entrar pela casa dos outros dentro, sem pedir licença. Respondeu que foi o marcelo. Perguntei-le com quem tinha aprendido a mexer no que num era dele. Disse que foi o gaspar. Num conheço nenhum mas debem de ser más companhias. Contou-me tudo com uma cara de franqueza tal que até me fez lembrar o senhor doutor passos coelho. Digo-bos, meus amigos, gostei do fininho ou tininho, ou lá o que é. No fim até le dei uma massinha de bofes que tinha sobrado do almoço. Ele cu a bergonha disse que num queria mas eu fingi que le ia assentar outro croque e ele, tadito, comeu tudo e ainda pediu para repetir. Só a massinha. No fim pediu-me para ir embora porque já estaba atrasado para a missa das sete. Deixei-o ir mas disse-le para rezar munto por causa da ladroage que por aí anda a roubar tudo. Até sinos. O meu nero é que ainda num recuperou. Já lhe enfiei meia garrafita de augardente pela goela abaixo pó amolecer mas nada. Continua teso como um birote. Às tantas bou ter de le assentar um croque dos balentes para ber se reage.

- Ó nero, anda cá que eu estaba a brincar. Ó estepor, se foges, assento-te um croque a sério!

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