sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CHAMA A OLÍMPIA


- Tá queto nero! O raio do cão passa a bida a treinar na almofada. Faz-me lembrar o meu toino que andaba sempre co maçarico aceso. Se calhar era por ser soldador. Aquilo é que era um home. De certezinha que foi por causa dele cos das escabações inbentaram o nome de homes erectus. Uma ocasião, o senhor me perdoe, até tibe de le acertar um pontapé no abono pó sossegar. As minhas bizinhas, essas roíam-se de inbeja porque os homes delas só queriam trebisão; eram homes sapiens. Uma delas disse-me por graça que eu tinha muita sorte porque o maçarico do meu toino até debia serbir para dobrar meadas. E ela sabia do que falaba porque passaba a bida a fazer tricô e a pedir ó meu toino para le lebar os nobelos.
Infelizmente o meu toino era como uma mula e só fazia o que queria. Um dia abisei-o:
- Toino, olha que tu atestaste nos rijões. Ele, tadito, nem me oubiu e pôs-se logo ós pinchos. Taba tão desbairadinho que eu saí debaixo para le ir fazer um chã de hipericão e ele nem deu por nada. Quando boltei já tinha parado e estava muito tesinho a olhar para mim com os olhitos esbugalhados. Ao princípio ainda pensei que tibesse a reinar e dei-lhe um croque na tola. Mas quando começou a botar espuma e a ficar parecido com o senhor presidente, dei fé que tinha entregue a alma. Tadito, mesmo assim ainda tinha o maçarico aceso. Muita falta me fez. E à bizinha tamém que nunca mais a bi fazer tricot. Agora, se me dão licença, bou matar saudades pá trebisão a ber a chama olímpica. Faz-me lembrar o maçarico do meu toino.

Recebei beijinhos inflamados desta Olímpia amiga.

Tá queto nero! O senhor me perdoe se num te acerto já um pontapé no abono.

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