quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FOGE DO SOL, TOINO!




Meus amigos, ai que saudades que tenho da praia. Já me estou a ber mais o meu toino, todos beraneantes, a alugar uma barraca na emilia barbosa. O meu toino parecia um rapaz nobo. Com uma tichare amarela canário, justinha, que le ficaba pelo umbigo para deixar respirar a barriga. Uns calções azul petroil, às florzinhas, tamém munto apertadinhos, de categoria. Ele queixaba-se que le trilhabo um bocadito no entre pernas mas eu dizia-le para aguentar que estabam na moda, ou como agora se diz, eram fachon. Tudo a condizer cus sapatinhos bicudos que ele nunca largaba e cum par de peúgas pretas para cuntrastar com o branco dos sapatinhos. Lá ia ele agarrado às duas gileiras que cumpramos na circunbalação. Num bou dizer que num pesabam mas, desde que fosse tacho, o meu toino alancaba que era um consolo. Duma bez lebei três panelitas de tripas embrulhadas em jornal para num arrefecer. Uma para fazer parede e as outras duas para atascar. O meu toino atestou-les bem e regou melhor com garrafãozito e meio de maduro tinto. Num desfazendo, o meu toino era um bocadito labajão a comer. No fim das tripas até le disse que parecia aquele nadador amaricano, cheio de medalhas. Por causa das nódoas que ele tinha na tichare e nos calções. O pior foi na sobremesa. Eu tinha lebado duas trabessinhas das grandes de formigos, o toino foi à gileira buscá-las e népia. O meu nero apanhou-nos de costas na tripalhada e mamou-os. Assim que biu o meu toino a desenroscar um sapato, fugiu pó mar e o toino foi atrás dele. Eu bem le gritei para num se atirar à auga por causa do chinó, mas ele num oubiu. Resultado; o meu toino foi ó fundo e o chinó foi a boiar pelo mar dentro. O banheiro que estaba a chonar ó sol acordou e atirou-se. Como estaba estremunhado, nadou atrás do chinó e tibe ser eu a salbar o meu toino. Quando o apanhei já tinha bobido para cima dum quartilho de auga salgada. Tanta auga a baptizar-le o maduro tinto num le assentou bem. Estaba a botar sargaço pela boca e a arrotar às tripas. Depois de o trazer para terra ainda tibe de ir buscar o meu nero que tamém é como um prego. Mas com esse foi diferente; estaba a arrotar ós formigos. A seguir deu-se uma cena a fugir ó caricata. Eu a fazer respiração boca a focinho ó meu nero e o toino, que entretanto acordou, a tentar esganá-lo. No fim lá o sosseguei com um restito das tripas, mas o meu nero tebe de ir para casa disfarçado de guarda sol.
Agora se me dão licença, meus amigos, bou ber um bocadinho de trobisão. Enquanto há...

Recebei beijos com iodo desta bossa amiga Olímpia.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

TENDE FÉ NA OLÍMPIA


Num percebo nada disto. Tinha as hortênsias que eram um regalo e de um dia pó outro apagaro-se. Estão mais murchas cu sinhor doutor siguro dos socialistas. Bem, bou à missa e aprobeito para pedir por elas.
Antigamente quando ia à missa lebaba sempre o meu toino. Ele num era munto dado à igreja mas eu dizia-le:
- Toino, se sou milher para te tratar das cuecas e dos queturnos, tamém sou milher para te tratar da alma.
Iamos à missa das sete porque o sinhor padre tobias fazia umas homilias lindas. Dizia marabilhas da eba e dizia que era parecido cu adão porque tamém gostaba munto de fruta. O sinhor padre esticaba-se um bocadinho no tempo e o meu toino num apreciaba. Por isso enquanto duraba a homília oubia o relato, baixinho. Uma ocasião o sinhor padre tobias chegou a meio da homilia e perguntou:
- Quando cristo entrou no templo e biu os bendilhões, sabeis bós o que gritou?
- GUUUOOOOOOLO! Respondeu o meu toino. O sinhor padre num se descoseu e até perguntou quem tinha marcado, mas eu pelo sim pelo não, nunca mais o deixei oubir o relato. Daí pá frente mal o sinhor padre pegaba nos papéis, o meu toino batia logo uma roncada. Só que ressonaba tão alto que parecia a betoneira do quim trolha e até oube gente que pensou que a igreja andaba em obras.
A seguir à homilia cantábamos " O senhor é nosso irmão". Era lindo porque eu mais as minhas bizinhas faziamos um coro de categoria. Habia até quem achasse que cantabamos melhor cus super dragões, por aí já podeis ber. Uma bez, quando chegamos à parte do " Ò sana nas alturas " tibemos um percalço. A zira mamuda chamou a potência máxima à goela, rebentou-lhe os colchetes do setiãe e o peitinho saltou-le todo cá para fora. O meu toino meteu-le logo as mâos pá cumpôr. Tinha um coração de ouro, o meu toino. Sempre pronto a ajudar. A seguir foi o senhor padre tobias que tebe um percalço. Cresceu-le a batina pá frente, enganxou-se-le numa farpa do altar e nunca mais se desprendeu. Debe-le ter inchado a barriga dos gases. Tibemos de o tirar de dentro da batina e a seguir deu a comunhão em ciroulas. Num desfazendo, o sinhor padre tobias tinha umas ciroulas munto engraçadas. Eram todas ós corações pequeninos e na carcela diziam em letras grandes HÁ QUE TER FÉ. Por acaso reparei que quando chigou a bez da zira comungar, a fé do sinhor padre tobias cresceu bastante. Às tantas o problema da batina num debe ter sido só gases.

Recebei beijinhos crentes desta bossa amiga.

Ó nero, se te apanho outra bez a mijar-me as hortênsias, o senhor me perdoe, dou-te um biqueiro na fé que até andas de lado!

sábado, 25 de agosto de 2012

É A OLÍMPIA, QUEM HABIA DE SER?



Meus amigos, estais bem? Eu por cá bou andando na cumpanhia do senhor. E não só, porque aqui há atrasado chiguei a casa e encuntrei um home a remexer-me na cozinha. O home trazia uma meia na cabeça e o meu nero, que é um desconfiado, pôs-se logo em posição de ataque. Ficou rijo comó aço. O problema é que nunca mais se mixeu. Só depois descobri que le tinha dado um grande ABC. Pudera, ele num tem cuidado ninhum cu a boca. Fui ter cu home, tirei-le a meia da cabeça e disse-le para num ter bergonha de ser feio, que feio é roubar. Ele gostou tanto das minhas palabras que até me abraçou. Só que começou a abraçar-me com muita força e eu, que num sou de cunfianças, dei-le um croque na tola. Debo ter exagerado um bocadinho porque saltou-le a polaca e foi espetar-se no quadro do menino a chorar que cumprei em Sampaio Bruno. Por acaso a polaca nem le assentou mal. O menino deixou de chorar e ficou com um riso a fugir pó fernandel. A seguir perguntei o nome ao home e ele respondeu que era fininho ou tininho, num sei bem. Depois contou-me a bidinha toda; que era munto religioso, que andaba sempre nas igrejas, que tebe um comércio, que foi assaltado e cu siguro num pagou. Pelo menos foi o que eu percebi, porque sem a polaca habia muita bentania pelo meio. Depois perguntei-le quem é que o tinha ensinado a entrar pela casa dos outros dentro, sem pedir licença. Respondeu que foi o marcelo. Perguntei-le com quem tinha aprendido a mexer no que num era dele. Disse que foi o gaspar. Num conheço nenhum mas debem de ser más companhias. Contou-me tudo com uma cara de franqueza tal que até me fez lembrar o senhor doutor passos coelho. Digo-bos, meus amigos, gostei do fininho ou tininho, ou lá o que é. No fim até le dei uma massinha de bofes que tinha sobrado do almoço. Ele cu a bergonha disse que num queria mas eu fingi que le ia assentar outro croque e ele, tadito, comeu tudo e ainda pediu para repetir. Só a massinha. No fim pediu-me para ir embora porque já estaba atrasado para a missa das sete. Deixei-o ir mas disse-le para rezar munto por causa da ladroage que por aí anda a roubar tudo. Até sinos. O meu nero é que ainda num recuperou. Já lhe enfiei meia garrafita de augardente pela goela abaixo pó amolecer mas nada. Continua teso como um birote. Às tantas bou ter de le assentar um croque dos balentes para ber se reage.

- Ó nero, anda cá que eu estaba a brincar. Ó estepor, se foges, assento-te um croque a sério!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

DAQUI É A OLÍMPIA


Meus amigos, tou cu as cruzes num molhinho. Meti-me nas arrumações e a gente só dá conta que andamos uma bida a acartar pá casa nestas ocasiões. Apareceu-me de tudo; ele foram três faqueiros em prata, um serviço de copos com imagens da nossa senhora, um conjunto de pratos com os distintibos dos clubes da bola. Por acaso nunca cheguei a estrear nada mas taba tudo num bom precinho. É como diz o outro, quanto mais se gasta, mais se poupa. Tamém encontrei as latas de laca cu meu toino usaba para segurar os 3 pêlos da puxada à nuca. Um dia fartou-se de os ber ao dependuro e comprou um chinó ós caracois que le ficaba a matar. Era sobre o loirinho a condizer cu bigode preto e com uns sapatos bicudos que ele tinha para dar sainete. Num desfazendo, era bem apessoado o meu toino. Tamém encontrei o cão da cabeça a abanar cu meu toino pôs no bidro de trás do carro, em cima do carpélio. Pousei-o no pechiché para lhe dar uma limpadela, fui buscar o pano e quando boltei já tinha o meu nero a treinar nele. O senhor me perdoe, mas assentei-le logo um croque. É para o cão da cabeça a abanar aprender a dar-se ao respeito. O meu nero, esse fugiu para dentro da máquina de labar roupa. Debe ter confundido cu a casota. Sei dizer que liguei a máquina e só dei fé dele quando chegou ao programa de torcer e bi dois olhos muitos arregalados a andar à roda. Quando o tirei binha a botar bolas de sabão pela boca. Por acaso até foi bom porque últimamente andaba cum mau bafo. O problema foi pó destorcer. Tibe de o meter lá dentro outra bez, mas num programa lebezinho. Depois botei-o a corar no pau da roupa junto com os naperons da sala. Desde lá pra cá o meu nero perdeu um bocado de pêlo e até já me faz lembrar o meu toino. Sem chinó.
Agora se me dão licença bou descansar um bocadinho que amanhã tenho de ir à grande superfície. Dizem que há lá um cortador de relbas em promoção. Num é que eu tenha jardim mas oubi dizer que anda um senhor no goberno a portar-se mal.

Recebei beijos arrumadinhos da amiga Olímpia.

- Ó nero, num te ponhas a olhar pó cão de louça. Inda és pior cu neto da rainha de inglaterra, porra!

sábado, 18 de agosto de 2012

DECLARAÇÃO DES GOVERNO




Perante a recusa do comité olímpico à proposta de alargamento das modalidades desportivas, o governo, determinado na defesa intransigente dos interesses nacionais decidiu o seguinte:

1. Lançamento de uma cadeia de lojas do estado para a aquisição de metais nobres, nomeadamente ouro e prata, com pagamento em títulos da dívida pública, reembolsáveis já a partir de 2013.
O governo, norteado pela prudente contenção de despesas que o actual momento aconselha, entende não promover a aquisição de bronze, esperando que a época balnear possa contribuir de forma significativa para o efeito.

2. Confecção de uma quantidade muito apreciável de medalhas com os metais adquiridos.

3. Atribuição das medalhas por alturas da comemoração do dia da raça do próximo ano. Logo após os membros do governo, serão medalhados os atletas das modalidades desportivas anteriormente indicadas, servindo igualmente o acto como símbolo marcante do termo da recessão em 2013.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DECLARAÇÃO DO GOVERNO-ME




O governo regozija-se pelos brilhantes resultados alcançados nos últimos Jogos Olímpicos e, designadamente, pelas duas medalhas de prata (uma para cada canoista). No sentido de potenciar a conquista de um ainda maior número de medalhas pelo nosso país nas próximas olímpiadas, o governo endereçou já uma missiva ao comité olímpico, propondo a inclusão das seguintes modalidades:

- Promessas estafermas 4x4
- Lançamento de carga fiscal
- Corrida de fundo de desemprego
- 50 Km marcha para a prescrição
- Maratona de comentadores
- Salto para o estrangeiro
- 200 metros esticão
- Levantamento de comandos de TV

O governo, ciente das dificuldades e dos desafios futuros, tudo fará para continuar a proporcionar aos atletas destas modalidades as melhores condições, para poderem elevar bem alto o nome de Portugal.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PAU NO PORTAS


Uso fatos com botões dourados porque me fica bem. Cumprimento senhoras com um só beijo porque é bem. Andei metido na universidade moderna, mas saí-me bem. Sou por isso um homem de bem. Um homem que, legitimado pela sua sólida formação moral, não suporta notícias falsas que têm o único propósito de denegrir. Saberão os que me conhecem que a elevação do meu carácter sempre me impediu de descer a atitudes tão vis. Pelo contrário, a minha luta é por causas nobres e sem abate de sobreiros. Que o digam os ex combatentes do nosso ultramar, quero dizer ex ultramar, verdadeiros heróis que, não fora a minha acção, ainda hoje andavam ultramados. Muitos são agora os que auferem pensões de dezenas e dezenas de euros chegando, nalguns casos, a aproximar-se da centena. Que o digam esses homens e mulheres da lavoura, por quem tanto me bati e que hoje vivem noutras condições. Nas cidades.
Tudo isto vem a propósito de mais um ataque de que fui alvo por causa da estafada história dos submarinos. Muitas foram as tentativas de, com tal pretexto, me surpreenderem com as calças na mão. Reconheço que desta vez o conseguiram, mas não pelas razões pretendidas. Sucede que uma inoportuna necessidade fisiológica a meio de uma viagem me obrigou, num eucaliptal, a lançar mão da primeira papelada que encontrei na pasta. Ainda olhei em redor para ver se aparecia alguém da lavoura que me facultasse uma folha de couve, mas a zona estava um bocadinho desertificada e não vi vivalma.
Explicada que está a falta de alguns documentos no dossier dos submarinos, devo acrescentar que o único prejudicado fui eu. Isto porque a utilização para o efeito de papel de rija qualidade, infligiu-me indisfarçáveis e incomodativas mazelas. Eu que tinha um CDS, isto é, um Cú De Seda, passei a ter um PP, ou seja, um Prurido Persistente.

Por tudo o que fica exposto reafirmo com indisfarçável orgulho e forte sentido de estado que tudo na minha vida é de uma absoluta pureza. Só comparável à brancura dos meus dentes.

Ó cristas, achas que o chã da tua horta alivia rabos assados?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

CHAMADA DA OLÍMPIA




Meus amigos, tou efusiba; comprei um busto do senhor doutor passos e outro do senhor doutor portas que são um encanto. Ficam bem que bem em cima da cristaleira, à frente do frade das caldas e do menino a mijar que o meu toino trouxe do senhor de Matosinhos. Bem bistas as coisas o menino num fica nada atrás do frade, que cu meu toino era tudo sobre o grande. Por falar em grande, aqui há atrasado fui ber o senhor presidente que beio cá inaugurar. Num sei bem o quê mas num importa porque ele também num sabia. Foi uma cerimónia muito bonita e correu tudo muito bem. O senhor presidente fez um discurso lindo. Tão lindo que à medida que falaba foi-lhe crescendo uma expressão de grande felicidade. Estaba tão feliz que quando terminou até tiberam de o ajudar a sentar-se. A seguir bi uma senhora a sair ligeira de dentro do palanque onde ele tinha falado. Num percebi bem por que é que ela estaba lá metida mas, se calhar, foi arranjar algum microfone, num sei. O único senão foi o estepor do meu nero. Mal acordou no fim do discurso, atirou-se a uma perna do senhor presidente e começou logo a treinar, como na almofada. Felizmente o senhor presidente fez o habitual; num deu por nada. A senhora doutora maria é que num estebe com meias medidas; acertou-le um enfesto no entre patas que ele ainda hoje camba um bocadinho. Agora sempre que os bê na trebisão apoia-se com cuidado nas patitas de trás e com as da frente faz um gesto que aprendeu com um cão de Fafe. Às bezes bou dar com ele muito quietito a olhar para a almofada e a suspirar. É das saudades. Sou sincera, faz-me pena bê-lo tão mole. Até já me lembrou de o lebar ao corcunda dos aliados que plastifica documentos, a ber se ele pode dar-le um jeito. Ou então dou-le a medicação cu meu toino tomaba para a tensão. Só que aquilo é forte e às tantas o estepor dá-me conta das almofadas e a seguir ainda me bai ós bustos. Tenho de ber a melhor maneira.

Recebei beijinhos grandes desta Olímpia amiga.

Ó nero, anda ber a trebisão que bai começar a lasse

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CHAMA A OLÍMPIA


- Tá queto nero! O raio do cão passa a bida a treinar na almofada. Faz-me lembrar o meu toino que andaba sempre co maçarico aceso. Se calhar era por ser soldador. Aquilo é que era um home. De certezinha que foi por causa dele cos das escabações inbentaram o nome de homes erectus. Uma ocasião, o senhor me perdoe, até tibe de le acertar um pontapé no abono pó sossegar. As minhas bizinhas, essas roíam-se de inbeja porque os homes delas só queriam trebisão; eram homes sapiens. Uma delas disse-me por graça que eu tinha muita sorte porque o maçarico do meu toino até debia serbir para dobrar meadas. E ela sabia do que falaba porque passaba a bida a fazer tricô e a pedir ó meu toino para le lebar os nobelos.
Infelizmente o meu toino era como uma mula e só fazia o que queria. Um dia abisei-o:
- Toino, olha que tu atestaste nos rijões. Ele, tadito, nem me oubiu e pôs-se logo ós pinchos. Taba tão desbairadinho que eu saí debaixo para le ir fazer um chã de hipericão e ele nem deu por nada. Quando boltei já tinha parado e estava muito tesinho a olhar para mim com os olhitos esbugalhados. Ao princípio ainda pensei que tibesse a reinar e dei-lhe um croque na tola. Mas quando começou a botar espuma e a ficar parecido com o senhor presidente, dei fé que tinha entregue a alma. Tadito, mesmo assim ainda tinha o maçarico aceso. Muita falta me fez. E à bizinha tamém que nunca mais a bi fazer tricot. Agora, se me dão licença, bou matar saudades pá trebisão a ber a chama olímpica. Faz-me lembrar o maçarico do meu toino.

Recebei beijinhos inflamados desta Olímpia amiga.

Tá queto nero! O senhor me perdoe se num te acerto já um pontapé no abono.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

JUGOS OLIMPICOS




Minou, desviou e quando deu para o torto foi para África. Era campeão do salto à vara

Arrancou, correu e comprou um fato, uma camisa e uma gravata a preços imbatíveis. Ganhou a prova do triplo saldo

Antes da corrida prometeu sucessos e vitórias. No final ficou em último. Atrás do coxo

Arrecadou todo o ouro disponível. Venceu destacado a prova do lançamento de impostos

Mesmo insolvente candidatou-se a uma autarquia e chegou a vereador. Foi um bom lançamento do teso

Remou para atingir todas as metas. Foi de vela

O elefante apoiou as patas nos blocos, fixou a meta mas não partiu. Deixou correr o marfim

Foi manietado, amordaçado e levado para fora do estádio pela brigada anti terrorista. Nem tempo teve para dizer que só queria dar o tiro de partida

Nos oitavos de final eliminou os subsídios. Nos quartos eliminou os benefícios fiscais. Nas meias eliminou os feriados. Na final correu sózinho e perdeu

Aquela nadadora nunca usara uma gilete nem sabia o que era um creme depilatório. Ganhou facilmente os 100 metros buços

Era um bêbado que adorava jogos olímpicos. Ouviu dizer que tinha muitas provas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PASSOS PERDIDO



Confiante vai pedrito
Para as danças de salão
Exibir com gabarito
Esse seu tão grande dom

Desliza com passo fino
Rodopia no verniz
Foge-lhe o pé, faz o pino
Bate no chão com o nariz

Que lhe incha num repente
E fica descomunal
Já não é nariz de gente
É fardo de Portugal

Mas pedrito não desiste
Faz-se ao tango com destreza
Tropeça, cai e insiste
Tira o pão da nossa mesa

Passa a perna, troca o passo
Dança só com os amigos
Embalados no compasso
Passam ao lado dos perigos

Neste baile de indecência
A dança é cega e tacanha
E o povo arrasta a existência
Ao som que vem da Alemanha

sábado, 4 de agosto de 2012

EI SANSÃO


- Sou um gajo isento.
- Tu? E quando meteste a cunha para arranjar o tacho?
- Estou a dizer-te que sou isento
- E quando meteste os filhos dos teus amigos?
- Continuo a dizer-te que sou isento
- E quando andaste a cortar nos salários dos outros?
- Já te disse que sou isento
- Mas és isento como, pá?
- Sou isento dos cortes na administração pública.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

FDP



Farto De Provocações decidi vir a este espaço para repor a verdade. Fui Desvalorizado Precocemente, Fui Depreciado Públicamente, Fui Denegrido Propositadamente. Acusaram-me de ser Fanático Das Privatizações, Faminto De Poder, Faccioso Do Piorio. Tais atoardas, porém, vieram para mim de carrinho. E assim andei motorizado até à chegada do Grafiti. Nada me faz correr contra os grafitis, bem pelo contrário. A cidade está repleta deles e ninguém me pode acusar de alguma vez os ter desclassificado. Agora um grafiti a dizer Rio és um FDP entupiu-me o carburador. Inicialmente ainda arranquei para Favorito do Porto, derrapei para Fabuloso da Política e cheguei a guinar para Famoso Do Paddock. Quando me disseram que o verdadeiro significado era Fora Do Porto não me contive, explodi na aceleração e gripei o motor. Quero deixar, no entanto, bem claro que não consentirei que travem a brilhante prova que estou a realizar. Não permitirei que conspurquem a minha imagem, não permiti...
Ai a FDP da pomba que me defecou na lapela. Já não bastava ter calcado há pouco a merda dum FDP dum cão e agora isto. E ainda por cima no dia em que o FDP do Bolhão ardeu. Mas que FDP de azar que eu tenho!
Continuando, sou um FDP, sim, porque sou um Filho Do Porto que tudo tem feito por esta cidade que amo. Tal como amo as escolas e tal como amo os livros. E que me torçam já aqui uma orelha se isto não é verdade.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

VIOLÊNCIA CASEIRA



- Coscuvilheira!
- Matreco!
- Andas a cuscar-me o computador
- Porque andas sempre a espumar-te
- Eu a sustentar-te e tu a chagar-me. Vai mas é trabalhar
- Trabalhar? E tu que fazes?
- Aturo-te que já não é pouco
- Se não fosse eu ainda andavas metido com más companhias
- Ó mulher, põe-te ao fresco e deixa-me caminhar
- Se caminhas a mim o deves
- A ti?
- Sim! Fui eu que te dei essa passadeira
- Pois foste. Com o meu dinheiro
- Não. Com o dinheiro que tirei a tempo daquele banco
- Não metas os meus amigos ao barulho
- Amigos? Chulos queres tu dizer
- Ó mulher, não me irrites
- Cala-te que só dás trabalho
No preciso momento em que o homem se preparava para atirar o código laboral à cabeça da mulher, irrompeu na sala o assessor de imprensa. Com uma fatia de bolo rei e uma revista de moda conseguiu acalmar os ânimos. Aos poucos a paz social voltou a reinar no palácio de Belém. Pelo menos aparentemente.