sexta-feira, 6 de abril de 2012

É SECA, NUÉ?


Chamava-se diogénes cansadinho da pinha mas gostava de andar como viera ao mundo e por isso todos o tratavam por nué. Um dia nué construiu uma arca grande, meteu dentro a criação e esperou pelo dilúvio. Esperar esperou mas o dilúvio não chegou. Quanto muito umas pingas molha tolos. Enfrentando o olhar desconfiado da criação, nué profetizou:
- Há-de chover, nem que seja canivetes!
- Só isso? Perguntou o papagaio.
- Soiço não, que são mais caros. Made in china.
Uma noite o ribombar de trovões inundou de esperança o coração de nué. Mas nem uma pinga caiu. Fora o fogo de artificio que o cretino da  ilha teimava em estourar. Daí para a frente viu meter água a cântaros mas nenhuma vinda do céu. Nué, desesperado, apostou tudo em Abril mas a profecia não se cumpriu. A criação impacientou-se com excepção do gato que há muito andava escaldado.
Dias depois um homem de barbas longas e de olhar sereno aproximou-se da arca e pediu a nué para entrar.
- Tenho a solução para o teu problema. Disse.
Nué, afogado pela angústia, acreditou e abriu-lhe a arca. Assim que entrou o homem puxou um fio e as bombas que trazia à cintura explodiram. Foi o BIG BANG. Então choveu; choveram camelos e burros, mulas e outras alimárias, choveram cobras e lagartos, escorpiões e lacraus, choveu com fartura. Só não choveram canivetes. Nem todas as profecias se cumprem, nué?

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