quarta-feira, 4 de abril de 2012

AI, AS CRUZES!


Quando desceu o monte calvário vinha furioso. Um ganancioso tinha enchido o cume de ventoinhas eólicas e não restava espaço sequer para levantar uma cruz

Quando caiu pela primeira vez os adeptos assobiaram. Quando caiu pela segunda vez os adeptos mostraram-lhe lenços brancos. Quando caiu pela terceira vez não perdoaram. Deram-lhe uma chicotada psicológica

Enquanto carregava a pesada cruz por entre vergastadas austeras pensava que nada tinha feito para merecer tais sacrifícios. Foi então que uma mulher de origem germânica se aproximou e lhe sussurrou: - não acreditasses em milagres

Quando o músico começou a falar sobre o compasso todos se ajoelharam e prepararam-se para beijar a cruz. Eram muito religiosos

Cristo passou com um olhar vazio arrastando as vestes gastas e desbotadas. A seguir voltou a passar com uma tunica degradé e com lindos rasgões em forma de cruz. Finalmente passou com um elegante casacão de trespasse e com uma coroa de espinhos cravejada de brilhantes. O primeiro cristo era de fátima lopes, o segundo de luís buchinho e o último de miguel vieira. Os cabelos ficaram a cargo inês pereira cabeleireiros. Foi o maximus!

- Gostava que cristo voltasse à terra
- Para quê?
- Para o milagre do paralítico
- Porquê?
- Estou mortinho por te pôr a andar


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