sábado, 6 de agosto de 2011

GUERRA E PAZ


Beijou-o. Pôs naquele beijo todo o seu amor e desespero. A suástica alastrava pela Europa e estava prestes a separá-los. Olhava-o e sentia a carícia das suas palavras enquanto recebia o pequeno vaso: - São miosotis. Cuida-os, como símbolo do nosso amor. Partiu por entre promessas de cartas e de regresso. Lutou valente mas a guerra foi-lhe tomando o ânimo, as forças, os companheiros. Caiu prisioneiro. Foi dado como morto. Pararam as cartas. Parou o tempo na passagem dos meses e dos anos. A queda do monstro deu-lhe o regresso prometido. Correu para casa. Dela. Encontrou-a vazia. Uma vizinha mal refeita por vê-lo vivo disse-lhe que partira com o marido para um lugar distante. Tentou escorar as mãos mas não encontrou os bolsos. Recuou uns passos. Tropeçou desajeitado num grande vaso do jardim. Eram miosotis. Bem cuidados.

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