Não é alto. Nivela-se pelo metro e sessenta e dois podendo alcandorar-se ao metro e sessenta e cinco quando desgasta a calçada com sapatos de tacão compensados, que a bainha descaída da calça se esforça por esconder. Dono de um coração maior do que a estatura, é um incondicional solidário com o povo ucraniano. Desenganem-se, no entanto, os precipitados, porque não é um desses solidários fabricados à pressa que, esquecidos de tantas guerras que vão pelo mundo, correram a abraçar a causa ucraniana. Não. Pelo contrário, o seu apoio ao povo ucraniano vem de tenra idade o que lhe valeu a incompreensão da mãe quando lhe perguntou o que queria ser quando fosse grande e recebeu como resposta:
- Quero ser solidário com a Ucrânia!
Tendo a pergunta sido colocada ao gaiato num momento em que a Ucrânia ainda não existia como país, a mãe tomou-o por zombeteiro e, não sendo mulher de meias palavras, lançou-lhe uma expressão acabada em "er". A partir do mote da progenitora, o petiz desenvolveu talentosa apetência pela temática e, à da mãe, foi somando muitas outras expressões com terminações diferentes, desde as acabadas em "alho", em "ariu, em "eiro" em "u" até à terminada em "iça", esta antecedida de uma descrição sumária sobre movimentos de sucção oral. Por vezes, vinha-lhe à lembrança o saudoso John Weissmuller e à expressão terminada em "iça" seguia-se a "...e chama-me Tarzan ". Hoje, o incondicional solidário com o povo ucraniano está agradecido à mãe, que o iniciou nas lides e à devota e esforçada aprendizagem que empreendeu ao longo da vida. Assim, tem à sua disposição um leque sortido e variado de expressões para bombardear putin, estando já a assegurar a respectiva tradução para a língua russa, a fim de que o visado não possa refugiar-se nos abrigos do desconhecimento ou da incompreensão. E atirou-se à lida com tal denodo que até já a tem quase concluída. Apenas lhe sobeja um ponto por esclarecer:
- Como é que se diz Tarzan em russo?
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