quarta-feira, 4 de novembro de 2020

AS NOTAS DO SOUSA

 


Bom, antes de mais quero destacar a notável prestação do excelentíssimo sr professor dr presidente na recente entrevista que concedeu. Exímio conhecedor das técnicas de comunicação conclui certas frases proferindo a última palavra de forma tonitruante, efeito que concretiza através das partes mais cavernosas do seu ser, quiçá até da zona testicular. Muitíssimo treino, muitíssimo eficaz, concludente. Sobre o conteúdo da entrevista percebe-se que ele não gosta deles mas como sabe que eles votaram neles e precisa deles para votarem nele, lançou mão da sua especialidade mais enfática que é a da preocupação. Melhor do que Errol Flynn no papel de Robin dos bosques mostra sincera apreensão com a saúde do povo mas igualmente com a sua bolsa. Por isso aprova um estado de emergência suave que apoie de forma consistente a economia, nomeadamente, alguns dos seus conhecidos empreendedores. Nota máxima sem favor para um presidente sempre presente. Em qualquer canal.

Já o primeiro ministro, bom, não andou nada bem. No seu estilo titubeante pretendeu um estado de emergência que basicamente só obriga a ficar em casa quem dela não quiser sair. Ainda se lembrou de proibir as feiras mas logo voltou atrás atirando com a responsabilidade de as autorizar para cima de ombros autárquicos, livrando-se, sem glória, das suas indecisões. Também na arte comunicacional/mediática o primeiro ministro deixa a desejar lançando a confusão entre os portugueses. Há quem já não saiba se está em emergência, se está em calamidade ou se está de todo. Felizmente sua excelência o senhor professor dr presidente, com a sua generosidade e sentido de cooperação, tem-lhe filtrado a informação de modo a que a população fique a saber que, tudo o que o primeiro ministro queira fazer parecer, não é bem assim. Nota negativa para um primeiro ministro a precisar de reabilitação de fundo faltando apenas saber qual é o respectivo orçamento.

Nota final de apreço para a justiça portuguesa que, em menos de nada, levou à barra do tribunal o principal culpado, perdão, o principal arguido do processo de Tancos. Esta demanda desmente categoricamente aqueles que maldosamente apontavam à lassidão da justiça. Porventura haverá um processo de um certo e determinado ex primeiro ministro que poderá estar mais demorado mas tal deve-se, tão sómente, aos expedientes dilatórios usados pelos que nele intervêm. Todos os outros processos correm os seus trâmites normais e, não me restam dúvidas, que mais década menos década estarão resolvidos.

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