Somos uma casa asseada e prazenteira que sempre ofereceu um serviço de primeira. Começamos com a madame tareja, com porte de fazer inveja e grande amante de espanholada. O filho, mais adepto de lhes dar pancada, depressa expandiu o negócio a golpes valentes de espada. Feitas as pazes com nuestros hermanos, que afinal eram bacanos, passamos a comprar-lhes chocolates e gasosas la pitusa e eles passaram a vir cá para lhes acalmarmos a tusa. Mais tarde aumentamos a actividade para oferecer variedade com colaboradoras de bom fundo, umas em lingerie e outras como vieram ao mundo. Todas com as medidas certas ficaram conhecidas pelas descobertas. O auge chegou sem tibiezas por altura das invasões francesas. O general junot até espichô, o general soult descarregou o colt e o general massena desfaleceu em cima de uma pequena. Desde então o negócio não conheceu muros, grades ou barreiras e foi sempre além fronteiras. O nosso lema "entala-nos o ganso até ficares manso" passou a ser conhecido em França por "atraque nos ton ganse jusq'a que tu reste manse", em Inglaterra por "Entaleyte us the goose until you are loose" e na Holanda por "De portugezen zijn kaloteirren".
A vida corria de feição, tínhamos o futuro na mão até que chegou o bicho e nos atirou para o lixo. Ainda tentamos o mercado interno mas foi pior do que o inferno. Ao sócrates, nosso protector, chamam agora estupor e o salgado, cliente amado, já não é dono de tudo e parece um surdo mudo. Por mais que abramos a perna ninguém nos quer a caverna e até os ingleses deixaram de ser fregueses. O beijoqueiro já não nos quer oscular e o primeiro mandou-nos desconfinar. Pobre sorte esta que nos deixou tristes e sós no meio de tantos nós. Resta-nos a boa esperança de que nos chegue a bonança dos amigos europeus; que mandem bem e depressa os milhões para Portugal para voltarmos a dar um bom uso ao material.
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