quinta-feira, 1 de agosto de 2013
COM MANHA ELEITORAL
Vai Sapião concorrer
À junta de freguesia
E a todos prometer
Muita obra e alegria
Mas primeiro há que criar
Uma imagem de vitória
De quem, para além de ganhar
Quer também ficar na História
Começa pelo cabelo
Pede a bela risca ao lado
Mas como só tem um pêlo
Deixa o barbeiro entalado
O pobre homem magicou
Fez-lhe uma puxada à nuca
Vendo que não resultou
Enfiou-lhe uma peruca
Sapião todo contente
Rasga um sorriso de artista
Mas um dente podre à frente
Manda-o logo para o dentista
Que ataca de broca em riste
Num fulgor endiabrado
Sai Sapião muito triste
Mas de riso branqueado
Segue-se o alfaiate
Para a prova da jaleca
Enfiam-lhe um terno mate
A condizer com a cueca
Chega o momento esperado
A foto para a campanha
Sapião engravatado
Está pronto para a façanha
Franze o sobrolho a preceito
Compõe um olhar de bravo
Respira fundo, enche o peito
Rebenta as calças no rabo
O fotógrafo, que é famoso
Não vai em poses de estado
Quer Sapião bem charmoso
Mesmo assim, com o cu rasgado
Pede-lhe então que sorria
Em estilo mona lisa
Para lhe dar mais energia
Põe-no em mangas de camisa
Mas eis que, de repente, tem
Uma ideia genial
E assegura que ninguém
Irá ter ideia igual
Sapião segue o guru
Faz tudo como ele diz
Tira a foto em tronco nu
Para condizer com o país
E assim meio despido
Entrou nas bocas da gente
Para uns é doido varrido
Para outros está insolvente.
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