terça-feira, 8 de dezembro de 2020

ESTIMÁVEL PÚBLICO

 


Portugueses, cidadãos e o que é mais importante neste momento, eleitores,

Aceito que poderá haver por aí meia dúzia que se incline mais para o teatro de robertos mas sei que a larga maioria de vós aprecia e muito o meu teatro de rebelos. Por isso, porque vos quero entreter como até aqui e porque quero as vossas palmas, adianto-vos que vou continuar a fazer teatro. Como bem sabeis os tempos não estão fáceis para a representação o que me impede de vos apresentar todos os bonecos do meu reportório. Compreendereis que terei de manter guardado o rebelo dos afectos de que tanto gostais mas não desanimeis que a mim não me faltam recursos artísticos. Podereis desfrutar do rebelo dos acidentes, sempre em directo do local da ocorrência, do rebelo cantor da casinha e de outros xutos na música, do rebelo arranca eucaliptos de fato e de gravata, do rebelo das provas de vinhos, de queijos e de outros chouriços e lá mais para a frente do rebelo pesaroso com os incêndios e do rebelo nadador salvador. Podereis também contar com o rebelo das contradições, com o rebelo do dito por não dito e acima de tudo, com o rebelo televisivo. Em todos os telejornais, entre o anúncio do detergente que lava mais branco e o do crédito para comprar carro, antes e depois dos comentadores da bola e até no intervalo do big brother, estarei sempre, mas sempre à boca de cena.

Agora se me dão licença e porque se está a aproximar o natal, vou vestir o colete da cruz vermelha e preparar um boneco que muito me apraz e a vós também; o rebelo amigo dos pobrezinhos.

Saudações aqui do je.

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