segunda-feira, 1 de abril de 2013

EM ABRIL, MILAGRES MIL




Nem queria acreditar. Estava ali, em cima de uma árvore, vestido de noiva. O baile de máscaras explicava o vestido. Uma estúpida necessidade fisiológica mais o arrepiante olhar de um animal que lhe surgiu de repente, fizeram o resto. Agora, estava ali, na escuridão da noite, com o rosnar da besta a arrancar-lhe o coração do peito. Rezou durante horas por um milagre que o salvasse ou ao menos o deixasse respirar. O raiar da aurora trouxe finalmente um silêncio que pensava já não existir e mostrou-lhe que o animal se fora. Sentiu um alívio celestial. Relaxado, abriu os braços e espreguiçou-se. Naquele gesto, o vestido de noiva foi trespassado pelos raios de sol e exibiu uma beleza divina. De repente, um ruído. Aterrado, olhou para baixo e viu três crianças que o fixavam incrédulas. Desceu como pôde mas, quando chegou ao chão, já tinham desaparecido. Não perdeu mais tempo. Saiu dali a correr que já chegava de aparições. As crianças, essas falaram e toda a gente ficou a saber. Ainda hoje se conta o episódio embora as datas nem sempre coincidam. Uns dizem que foi em Maio. Outros em Abril. E logo no primeiro dia.

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