sábado, 9 de julho de 2011
PORTO PRIVADO
Depois de tanto comer
Até mais nada sobrar
É hora, está bem de ver
De tudo privatizar
Não é fúria esfomeada
Para ficar com o que é bom
É solução equilibrada
Diz o patrão ao patrão
Vá o porto de Leixões
Para cruzeiros de milhões
E o palácio de Cristal
Junto com a Sé Catedral
Que dão bons hotéis low cost
Goste-se ou não se goste
Com o Vimara Peres a porteiro
Compondo o toque tripeiro
Vá a estação de S. Bento
Para festas pela noite dentro
E só se entra com cartão
Na Cadeia da Relação
Troque-se a Casa do Infante
Por um volumoso implante
Ou o Paço episcopal
Por um tratamento dental
Praças, ruas e avenidas
Podem ser reconvertidas
Em lindas pistas de corridas
E outras ideias torcidas
Parece obra do demónio
Mas é regalo para o bucho
Transforme-se o Santo António
Num condomínio de luxo
O Douro vai ser marina
De gente importante e fina
E até a água do mar
É boa para privatizar
E já agora a própria História
Para se enganar a memória
Fazendo do capital
O grande rei de Portugal
Privatizem sem demora
Que é só o povo que perde
E não se esqueçam da tora
Do popular caldo verde
Se ainda assim não bastar
E vos sobrar o dinheiro
Ponham o S. João a andar
E privatizem-lhe o carneiro
Resta-me olhar o céu
Que não pertence a ninguém
E sentir que ainda é meu
E pensar que é teu também
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