Era a 12ª vez em Tribunal. A vítima fora agora uma balzaquiana endinheirada.
- Outra vez a roubar o coração de uma mulher! Acusou a Juíza.
Enquanto ouvia a descrição dos factos o pensamento fugiu-lhe para a verdadeira vocação, os auto-rádios. A concorrência crescente e alguns encontros inesperados com os proprietários haviam-no obrigado a mudar de segmento.
- Quer dizer alguma coisa em sua defesa? Finalizou a Juíza.
- Sim. O que se seguiu foi um regalo dramático. A juventude profundamente marcada pela ausência da mãe. A necessidade de carinho nunca preenchida. O ar orfão treinado pelo advogado. As pedras da calçada não resisitiriam. A Juíza também não. Foi em paz. Acabava de roubar outro coração.
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