sábado, 10 de abril de 2021

DURA LEX CEDE LEX



- Tou litos, sou eu, o fininho. Tás a ver como correu bem. Eu bem te disse que era uma questão de juíz, pá. Queres saber uma boa? Ele achou que tu me corrompeste. O quê? Eu é que te corrompi? Deixa lá que isso já não interessa nada. Como foi há muito tempo tamos safos, pá. E o branqueamento? Ora bem, o branqueamento podes fazer em qualquer dentista. Ai tás a falar do branqueamento de capitais? Não te preocupes que arrasta-se isso até entregarmos a alma ao criador. Olha lá, viste-me na televisão a fazer o papel de vítima? Tive impecável, não tive? Às tantas até sou menino para escrever outro livro. Para quê? Então, para fingir que limpo a honra, pá. O quê? Ainda tens dois armazéns cheios com os outros livros? Não há problema, aluga-se mais um que eu pago com o teu dinheiro da Suíça. Confessa lá que agora até já te cabe um feijão no cu. Cabe ou não cabe, hã? Escuta, preciso que me tragas mais dinheiro. Como? Tenho que disfarçar? Não, pá, já podemos dizer dinheiro à vontade que os gajos sabem que "documentos" e "fotocópias" era a gente a falar de guito. Traz-me muito que quero comemorar à grande, ok? Onde é que tou? Tou na Ericeira, pá. O quê? Não, não tou em minha casa, quero dizer, na casa do meu primo, tou na fila para a esplanada. Mas olha, vem depressa que hoje é sábado e a esplanada prescreve às 13, pá.

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