domingo, 13 de outubro de 2013
BATE-TE
Descalçou as luvas, afastou a capa e afundou-se no sofá. Sentia-se cansado. Não o cansaço habitual, físico, mas um cansaço de identidade. Era apenas um homem mas o símbolo que criara não deixava que fosse apenas um homem. Ainda os perseguia nas trevas, mas há muito que eles as dominavam. Já não assaltavam bancos ou apontavam armas a vítimas indefesas. Compravam consciências, corrompiam-nas, usavam-nas para eternizarem a sua força. Não sabia se o seu poder negro alguma vez superaria o branco dos colarinhos deles. De repente um morcego raspou na vidraça da sala e mergulhou na noite, interrompendo-lhe o pensamento. Reclinou lentamente a cabeça para trás mas não retirou a máscara. Continuava a precisar dela para destruir a deles.
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