sábado, 20 de julho de 2013

SALIVAÇÃO NACIONAL


- Estimado cliente, em que lhe posso ser útil?
- Eu desejava a salvação
- Nacional ou internacional?
- Há salvação internacional?
- Há. Para os que emigram
- Mas a mim, convém-me ficar
- O estimado cliente pretende, então, a salvação nacional
- E acha que a posso alcançar?
- Com certeza. Que tipo de salvação deseja?
- Dava-me jeito uma com um cursito superior rápido, meia dúzia de pessoas influentes que me ponham num cargo governativo jeitoso, onde possa ajudar essas pessoas influentes mais uns amigos que eu tenho
- Estimado cliente, essa é uma salvação perfeita
- Acha?
- E recupera o investimento que vai fazer num instante
- Como?
- Com os lucros da austeridade que lhes vai impor
- Eles aceitarão ainda mais austeridade?
- Claro. Desde que lhes façamos ver que é para a "sua" salvação
- "Sua" deles ou "sua" minha?
- "Sua" sua, à custa deles
- E se voltar a não resultar?
- Aí, o estimado cliente vai bater à porta dos amigos que ajudou enquanto esteve no governo. Costumam ser muito generosos.
- Ora, é isso mesmo. E quanto me custa essa salvação?
- Tenho de lhe confessar que é cara
- Cara?
- Dada a complexidade da sua implementação
- Qual complexidade?
- Acha que é fácil convencê-los de que os que os enterraram antes são agora os que os vão salvar?

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