sábado, 2 de junho de 2012

CONTRA OS CARRILHÕES...


O piano, afinado com tanto barulho, gritou para o bombo:
- Teclado! 
O bombo, fez-se surdo e ignorou:
- Que sanfona! 
- Ocarina, se me tocasses era oboé de fixe. Provocou o orgão. Ocarina baixou a cuíca e mostrou-lhe o pandeiro.
A exaltação ia subindo de tom e jazz ninguém disfarçava. Ia dar barroca
- Ou páras a gaita ou te foles!
- Vê se te escalas senão levas no trombone.
- A culpa é toda tuba! Primeiro que acordes...
- Estou colcheia de si! Se fosse baqueta, como lhe bateria sem dó.
- Já não há quem te acompanhe, guitarra.
- Não fá mal. Blue sim blue não, prefiro estar soul.
- Vi o lino a fazer-se ao metal.
- Funk! Mas que polka sorte a minha!
As coisas estavam cada vez mais claves e até o cravo que de lira por um banjo da rabeca, a deixava com fusa. Todos davam a música erudita por não dita. A orquestra não passava de uma charanga. O baixo era contra o baixo, o prato contra o prato, o pop contra o rock, um role de problemas. Com passos sem nexo, adivinhava-se o pior e até o cavaquinho só via chocalhos. Estava cá com um pífaro. O motivo da confusão era simples; não havia notas e em casa onde não há flauta de pão todos chocalham e não há percussão. 
Era quase melodia quando finalmente se abriu a concertina e lá começaram a tocar aquele hino. Ribeiro, perdão, ronaldo ouviu e disse:
- Se eu soubesse a letra era um espectáculo!
Pausa.

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