sábado, 30 de junho de 2012
TRINCA A TROIKA
- O que é que o menino pedrinho quer ser quando for grande?
- Quero ser mentiroso
- Menino pedrinho, não foi isso que lhe ensinei
- Pronto, pronto, quero ser político
- Muito bem. Menino paulinho, o que quer ser quando for grande?
- Quero ser proxeneta
- Menino paulinho!
- Pronto, quero ser político
- Muito bem. Menino aníbal, o que quer ser quando for grande?
- Eu já sou grande
- Pois, quando for adulto?
- Quero ser tacanho, ter uma reforma boa e jogar matraquilhos
- Menino aníbal não é assim que se diz
- Pronto, quero ser presidente da república.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Estimadas bete e suse,
Espero que esta vos vá encontrar de saúdinha que a minha tem andado uma lástima. E tudo por causa do varão, que é escorregadiço. Da última vez estava eu agarrada ao dito a dançar aquela do joe coca "E o cão libio e ouro é tone", caí de seira e fiquei encarquilhada das cruzes. Estou farta de dizer ao zeca avonado pó trocar mas ele só pensa na vola. Por falar em vola, agora tenho um freguês que deve jogar a ponta de lança. Está sempre a gritar golo. Eu não sou de contrariar mas por acaso nunca percevi porquê. Ora se as volas num entram como é que é golo? Tenho outro que gosta de filmes. Põe-se atrás de mim e avre-me os braços como naquela cena do titanic. Só que aqui há atrasado num me avriu só os vraços e eu, filhas, até deixei de ver o ai se verga. Enfim, isto do cliente ter sempre razão às vezes é um vocado custoso, num é? Mas o mais alto da minha carreira foi o senhor professor doutor. Os amigos quiseram pregar-lhe uma partida e contrataram-me para dentro do palanque onde ele ia fazer um discurso. Esmerada que sou, comecei mal ele pegou nas folhas. O coitadito ficou com os olhos esbugalhados mas, para não dar parte de fraco, pôs-se a tossir e a amarfanhar a papelada. Depois lá começou a falar no exercicio das funções dele e eu, calada, no exercício das minhas. Só parei quando começou a botar espuma pelos cantos da voca. No fim a mulher limpou-o com uns toalhetes do lidel, que a reforma não dá para mais. O provlema é que ele agora só quer discursar e vá para onde for leva sempre o mesmo palanque. Diz que é para lhe dar sorte, tadito.
Gostava de poder continuar mas tenho de ir, filhas, porque a minha fama já anda de voca em voca e os amigos do das finanças contrataram-me para um serviçinho igual. Dizem que eu sou a única capaz de lhe arrevitar a palavra.
Tende cuidado com a vicheza que anda no ar e recebende veijos repenicados desta vossa amiga e sócia.
Madelene
Gostava de poder continuar mas tenho de ir, filhas, porque a minha fama já anda de voca em voca e os amigos do das finanças contrataram-me para um serviçinho igual. Dizem que eu sou a única capaz de lhe arrevitar a palavra.
Tende cuidado com a vicheza que anda no ar e recebende veijos repenicados desta vossa amiga e sócia.
Madelene
segunda-feira, 25 de junho de 2012
SIMPLESMENTE MARIA
Cara prima República,
Espero que esta missiva a vá encontrar bem que nós por cá vamos indo. Quer dizer, eu vou indo porque o níbal está de todo. E tem piorado de dia para dia. Ninguém me tira da cabeça que a culpa foi do carro que tivemos há uns anitos. Fomos à Figueira fazer-lhe a rodagem, o níbal meteu-se em más companhias e nunca mais foi o mesmo. Desatou a subir aos coqueiros, a pedir para o deixarem trabalhar e a não dizer coisa com coisa. Umas vezes dizia que era preciso acabar com as pescas e com a agricultura. Agora diz que é preciso voltar às pescas e à agricultura. Umas vezes diz que não se pode pedir mais sacrifícios e a seguir diz que sim ao novo código do trabalho. Eu bem tento puxar por ele mas não está a resultar. Ainda há dias lhe disse: - ó níbal tens de fazer obra. Ele, coitado, ouviu e meteu-se logo a remodelar o tecto da nossa marquise. Por acaso estava a precisar porque entrava uma pinga quando chovia. Só consumições, prima. Agora inventou que tem uma reforma pequena e ninguém o atura. Faz contas e mais contas e não quer saber de mais nada. A não ser de jogar matraquilhos com o neto. Calcule a prima que já sou eu que tenho de fazer os discursos. Por acaso não é difícil porque é só alterar as datas. Outra coisa que me deixa incomodada é que não me liga nenhuma, não sei se me faço entender. Sabe a prima que, para ele me dar uma martelada, tive de o levar ao S. João do Porto? Cheguei a andar desconfiada e até lhe fui aos emails às escondidas mas, desde que ele disse que gostava de ver as vacas a rir, percebi que o problema é só da cabeça de cima.
Agora vou ter que ficar por aqui porque tenho de ir comprar toalhetes para o limpar. Ele continua com aquele problema de se espumar muito pelos cantitos da boca, lembra-se prima?
Receba muitos beijinhos desta maria que se assina
sexta-feira, 8 de junho de 2012
VAMOS PORTUGALP!
Cabra mim foi o baixote do chapéu e da barba sem bigode que me engatou o que puta dor.
ENVIESADO ESPACIAL
Nelo Biqueiras
terça-feira, 5 de junho de 2012
LIVRO DE ACLAMAÇÕES
Aos heróis da construção
Cavaleiros dos favores
Construíram uma nação
Com vídeo porteiro a cores
Fantástico trabalho!
Aos banqueiros de bom tino
Aos senhores do mundo novo
Que jogaram no casino
Com o dinheiro do povo
Fantástico trabalho!
Aos que tão bem conduziram
Os negócios com o estado
Mas que entretanto fugiram
Para conduzir noutro lado
Fantástico trabalho!
Aos bons gestores do sucesso
Que antes de ser já o é
Mas que virados do avesso
São como vendedores da fé
Fantástico trabalho!
Aos do pontapé na bola
Aos patriotas em saldo
Que sonham em ter na tola
Um penteado à ronaldo
Fantástico trabalho!
Ao reformado presidente
Que face a tanto desemprego
Se queixa de que é indigente
E fá-lo com muito apego
Fantástico trabalho!
A todos os que com medo
Obedecem sempre ao gato
E que mais tarde ou mais cedo
Vão acabar no seu prato
Fantástico trabalho!
E a todos os talentosos
Que nas caldas fazem arte
Para dar a estes jeitosos
E mandá-los para outra parte
Fantástico c... trabalho!
sábado, 2 de junho de 2012
CONTRA OS CARRILHÕES...
O piano, afinado com tanto barulho, gritou para o bombo:
- Teclado!
O bombo, fez-se surdo e ignorou:
- Que sanfona!
- Ocarina, se me tocasses era oboé de fixe. Provocou o orgão. Ocarina baixou a cuíca e mostrou-lhe o pandeiro.
A exaltação ia subindo de tom e jazz ninguém disfarçava. Ia dar barroca
- Ou páras a gaita ou te foles!
- Vê se te escalas senão levas no trombone.
- Se eu soubesse a letra era um espectáculo!
A exaltação ia subindo de tom e jazz ninguém disfarçava. Ia dar barroca
- Ou páras a gaita ou te foles!
- Vê se te escalas senão levas no trombone.
- A culpa é toda tuba! Primeiro que acordes...
- Estou colcheia de si! Se fosse baqueta, como lhe bateria sem dó.
- Já não há quem te acompanhe, guitarra.
- Não fá mal. Blue sim blue não, prefiro estar soul.
- Vi o lino a fazer-se ao metal.
- Funk! Mas que polka sorte a minha!
As coisas estavam cada vez mais claves e até o cravo que de lira por um banjo da rabeca, a deixava com fusa. Todos davam a música erudita por não dita. A orquestra não passava de uma charanga. O baixo era contra o baixo, o prato contra o prato, o pop contra o rock, um role de problemas. Com passos sem nexo, adivinhava-se o pior e até o cavaquinho só via chocalhos. Estava cá com um pífaro. O motivo da confusão era simples; não havia notas e em casa onde não há flauta de pão todos chocalham e não há percussão.
Era quase melodia quando finalmente se abriu a concertina e lá começaram a tocar aquele hino. Ribeiro, perdão, ronaldo ouviu e disse:- Se eu soubesse a letra era um espectáculo!
Pausa.
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