domingo, 12 de julho de 2020

ELECTRO CAUÇÃO


Exmo. sr. dr. antónio,

Estou em choque. Não porque tenha enfiado os dedos numa tomada ou porque tenha recebido hoje a factura da luz. O meu estado é consequência de v. exa. ter sido abusivamente suspenso das suas funções e impedido de aceder às instalações da empresa que tanto ajudou a prestigiar. Não achando bastante tiveram ainda o desplante de lhe exigir uma caução de um milhão de euros como se v. exa. fosse rico. Isto sobra sempre para quem vive do seu trabalho é o que é. Fosse v. exa. um desses privilegiados que o sistema anquilosado ajudou a criar e só teria de sussurrar aos amigos que logo o livrariam do engulho. Como v. exa. pertence à classe assalariada não tem quem lhe valha. É certo que foi v. exa. ministro de um governo socialista mas se equacionou pedir ajuda à mão rosa desista. Atente no que sucedeu ao pobre do sr engenheiro sócrates que acabou por se desfiliar do partido e com toda a legitimidade. Então ao sr dr pedroso levaram-no em ombros à Assembleia da República para festejarem a sua inocência e a ele só lhe dispensaram umas visitas ao cativeiro e ainda por cima sem dossiers nem nada?
Lembro v. exa que poderá, eventualmente socorrer-se do sr dr manuel pinho para lhe financiar o pagamento da caução mas, lá está, ficará a dever-lhe cmecs, perdão, favores sem necessidade.
Neste momento difícil desejo-lhe muita força para transpor as adversidades vindouras e tenha presente que o povo está com v. exa. exactamente da mesma forma que v. exa. sempre esteve com o povo.

Atentamente
josé capacho sabujo sevandija

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