Não meus irmãos, não interpreteis mal a luz com que a santa madre igreja vos ilumina o caminho. Ao contrário do que dizem os descrentes da fé, não estais impedidos do contacto, digamos, procriativo, até porque nem tendes o anjo anunciador que possa fazer das vossas esposas mães virgens. O pecado insidioso e vil não reside na perpetuação da espécie, mas na fraqueza de cair nas tentações pérfidas com que o demo investe contra as nossas partes, digamos, mais salientes. Atentai pois, se virdes na noite festiva que se avizinha alguma mulher de lábios rechonchudos, macios e sedosos, desesperada por um ósculo húmido, quente e demorado; se essa mulher vos lançar um olhar lascivo e penetrante como que a implorar-vos ser possuída nem que seja na cúpula de uma torre sineira; se se oferecer em curvas longilíneas e insinuantes, em suculências peitorais entumescidas ou em movimentos traseiros cadenciadamente provocadores, estancai irmãos os vossos ímpetos. Essa mulher não é mais do que a encarnação do demo que outro propósito não tem que vos afundar nas trevas inclementes do pecado carnal. Aplicai sem hesitação repetidos beliscões nas virilhas até sentirdes a dor libertadora e encaminhai-me de imediato essa mulher para a sacristia. Depois podereis seguir em paz para comerdes as uvas passas e assistirdes ao fogo de artifício que eu me encarregarei de a exorcizar. Nem que seja na cúpula de uma torre sineira.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
HO, HO, HO
Sou um rico pai natal
Sem barbas e sem trenó
Dou presentes sem igual
A um indivíduo só
Levo bonitos papéis
Nesta pasta tão jeitosa
E conto até antes dos reis
Embrulhar o dr rosa
HO, HO, HO
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
A SALDOS
- Ò dispensável assalariado, você é uma lesma!
- Peço desculpa, venerável entidade patronal, mas tenho um problema
- Um problema? Eu fiz-lhe o favor de lhe dar um trabalho facílimo, um trabalho que não exige experiência nem esforço mental e você não sai do sítio! Ponha os olhos nos seus colegas que trabalham com tanto afinco
- Tem toda a razão, venerável entidade patronal, mas subsiste-me um problema
- Hirra, dispensável assalariado, você só tem de pegar na etiqueta do preço do produto e escrever a palavra ANTES e a seguir escrever o dobro do preço que lá estiver, compreendeu?
- Compreendi, venerável entidade patronal, mas ainda assim continuo a ter um problema
- Afinal qual é esse problema que aqui mais ninguém tem, dispensável assalariado?
- É um problema de consciência, venerável entidade patronal
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
NA TAL HIPOCRISIA
- Como deseja o cabaz de Natal?
- Quero 100 gr de paz e 100 gr de fraternidade
- Muito bem. E que mais?
- Quero 100 gr de peninha dos sem abrigo
- Isso já não temos que foi tudo num instante, mas ainda nos restou alguma solidariedade
- É fresca?
- Fresquíssima. Foi feita de propósito para esta quadra
- Ponha-me então 100 gr de solidariedade e mais 100 de compaixão que combinam bem
- E para trocar mensagens no telemóvel?
- Ponha-me meio kg de um santo Natal
- Já agora, não deseja um pouco de esperança num mundo melhor?
- Claro. Ponha-me 100 gr
- E para os refugiados, não leva nada?
- Sim, já me esquecia, ponha 100 gr de abraços
- E para as vítimas das guerras, dos terramotos e demais cataclismos?
- Está bem, ponha mais 100 gr de sentidas condolências
- E para os ...
- Ò homem, já chega! Agora vamos mas é ao meu cabaz de Natal. 10 kg de bacalhau, 4 perus, 3 cabritos, 2 lagostas e 3 bolos rei. Para começar.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
CONTAS DE NATAL
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
- Desculpe, não estou a desejar-lhe um feliz Natal, pergunto-lhe se está a ter um Natal feliz
- Claro que estou
- Encontrou, portanto, o sentido do Natal
- Não, fiz um empréstimo e comprei a felicidade natalícia
- Acha que foi a melhor escolha?
- Sem dúvida, saquei uma taxa em promoção de Natal e o banco ainda me ofereceu uma anuidade do cartão de crédito de prenda
- Não pensou antes em celebrar o verdadeiro espírito do Natal?
- Isso não interessa nem ao menino Jesus
- E tem, ao menos, por onde pagar?
- Não, mas o banco acredita no pai Natal
- E quando deixar de acreditar?
- Peço um aumento de prazo até ao próximo Natal e faço outro empréstimo para pagar este
- E terá novamente?
- O quê?
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
- Obrigado, igualmente
- Desculpe, não estou a desejar-lhe um feliz Natal, pergunto-lhe se está a ter um Natal feliz
- Claro que estou
- Encontrou, portanto, o sentido do Natal
- Não, fiz um empréstimo e comprei a felicidade natalícia
- Acha que foi a melhor escolha?
- Sem dúvida, saquei uma taxa em promoção de Natal e o banco ainda me ofereceu uma anuidade do cartão de crédito de prenda
- Não pensou antes em celebrar o verdadeiro espírito do Natal?
- Isso não interessa nem ao menino Jesus
- E tem, ao menos, por onde pagar?
- Não, mas o banco acredita no pai Natal
- E quando deixar de acreditar?
- Peço um aumento de prazo até ao próximo Natal e faço outro empréstimo para pagar este
- E terá novamente?
- O quê?
- Feliz Natal?
- Obrigado, igualmente
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