Está lá, mãezinha, olha que não. Podes pensar que fui eu mas, desta vez, estás enganada. Já vinha assim. Ele há coisas do diabo. Olha que, quando o homem pede muito papel e dossiers e aquilo de que gosta muito, não se consegue ouvir nada. Na parte em que ele confessa viver com grandes dificuldades ainda se apanha qualquer coisa, mas quando ele diz que vai mandar dinheiro para o sustento de quatro senhoras amigas, volta a não se perceber nadinha. Com a parte das obras na casa de Paris passa-se quase o mesmo; só se ouve o filho do homem a dizer que quer ir morar para lá e o homem a dizer porra. Claro, pois então, se a casa não era dele como é que o filho queria ir para lá morar? Aquilo está cheio de vírus e eu, mãezinha, estou com um fundado receio de não poder provar cabalmente a inocência do meu cliente. Vamos lá ver. Ou ouvir.
Recebe beijos do teu filho araújo
Que ganha a vida no trabalho sujo
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