sexta-feira, 30 de março de 2012

CRUZES



A mulher prende-me, a sogra fustiga-me, o estado crucifica-me e o cristo és tu? Perguntou o romano enquanto lhe servia mais um shot de vinagre

Quando viram a multiplicação dos pães e dos peixes, avisaram-no. Quando viram o paralítico a andar, ameaçaram-no. Quando viram um porco a andar de bicicleta, os romanos prenderam-no

Cresceu na cruz quebrada junto a um cruzeiro do tempo das cruzadas. Num cruzamento cruzou-se com o cruz que lhe falou nas cruzes do euromilhões. Fez cruzes e mais cruzes mas só ganhou dores nas cruzes. Um calvário

Quando chegou ao cimo do monte deparou-se com milhões de crucificados às mãos de meia dúzia de fariseus. Pousou a cruz, deixou-se cair e ficou a pensar sobre se valeria a pena morrer pelos homens

Daquela vez não se limitou a caminhar sobre as águas tendo corrido a boa velocidade. Há quem diga que a tal facto não terá sido alheio o aparecimento de um crocodilo nas imediações

Antes de espetar a esponja na ponta da lança o romano colocou a voz, compôs o sorriso estudado e disse: vinagre light, porque a saúde está primeiro...

Ao longe parecia derreado e no limite das forças mas há medida que se aproximou o povo começou a vaiar. Afinal não passava de um coelho com uma cruz de plástico às costas. A verdadeira já tinha dono

Quando ao terceiro dia ressuscitou ninguém deu a mínima importância. Ouve até quem lhe perguntasse se regressaria ao governo ou passaria para a administração de uma qualquer empresa pública

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